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Ácaro-rajado e tripes – Ameaças ao morangueiro no período seco

 

Alexandre Pinho de Moura

Engenheiro agrônomo, D.Sc. em Entomologia e pesquisador da Embrapa Hortaliças

alexandre.moura@embrapa.br

Crédito Alexandre Pinho de Moura
Crédito Alexandre Pinho de Moura

A ocorrência de pragas e doenças na cultura do morangueiro é bastante influenciada pelas condições climáticas locais. Dessa forma, muitos agricultores de diversas regiões produtoras do Brasil concentram seus cultivos durante o período seco, visando, principalmente, minimizar a ocorrência de doenças que proliferam com maior facilidade durante o período chuvoso.

Entretanto, durante o período seco, o morangueiro sofre mais frequentemente com o ataque do ácaro-rajado Tetranychus urticae (Acari: Tetranychidae) e de tripes (Thysanoptera), pragas responsáveis por causarem reduções na produção que podem chegar a 80%.

É durante esse período, também, que a ação dos principais inimigos naturais dessas pragas fica prejudicada, principalmente por influência da baixa umidade relativa do ar, afetando sua eficiência de controle, sobrevivência e permanência no cultivo.

Em face disso, muitas vezes os produtores intensificam as aplicações de agrotóxicos, objetivando o combate a essas pragas. Como resultado, acabam prejudicando ainda mais o equilíbrio biológico existente entre as populações das pragas e de seus agentes biológicos de controle nos cultivos.

Nesse sentido, é importante lembrar que as ações efetivadas pelos produtores, visando ao controle dessas pragas, devem ser realizadas de modo que causem o menor distúrbio possível ao ambiente de cultivo, sem anular os efeitos oriundos da aplicação de outras medidas de controle sobre as populações dessas pragas.

Ou seja, devem-se adotar medidas que sejam compatíveis entre si, optando-se sempre pela adoção de planos de manejo integrado das pragas que envolvam dois ou mais métodos de controle, alguns dos quais serão descritos a seguir.

 Ataques severos de ácaros podem causar a morte das plantas - Crédito Ricardo Borges Pereira
Ataques severos de ácaros podem causar a morte das plantas – Crédito Ricardo Borges Pereira

Ácaro-rajado – Tetranychus urticae

As fêmeas do ácaro-rajado colocam seus ovos, de formato esférico e coloração amarelada, entre os fios de teia por elas produzidos, que pode envolver uma ou várias folhas. Apresentam, geralmente, duas manchas verde-escuras no dorso, sendo uma de cada lado.

Sintomas do ácaro rajado no morangueiro - Crédito Alexandre Pinho de Moura
Sintomas do ácaro rajado no morangueiro – Crédito Alexandre Pinho de Moura

Injúrias e sintomas

Esse ácaro ataca a face inferior das folhas do morangueiro. As folhas atacadas apresentam manchas difusas de coloração avermelhada, que progridem para necrose, com posterior queda acentuada e prematura de folhas.

Em ataques severos pode causar a morte das plantas. O fruto, quando atacado, fica endurecido, seco e com coloração marrom. O ácaro-rajado é beneficiado pela presença de poeira, principalmente em plantios localizados próximos a estradas.

Quando da realização de plantio escalonado do morangueiro, sua disseminação é realizada facilmente pelo vento, de uma lavoura mais velha para uma mais nova. Temperaturas elevadas e condições de baixa umidade relativa do ar favorecem o crescimento populacional dessa espécie.

Temperaturas por volta de 30°C são consideradas ótimas para o seu desenvolvimento, enquanto que em baixas temperaturas apresenta pouca atividade.

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Monitoramento e controle

O monitoramento do ácaro-rajado deve ser realizado uma a duas vezes por semana, de forma direta, por meio da contagem do número de adultos e ninfas presentes por folíolo, com o auxílio de uma lupa de aumento de 10x.

Deve-se coletar um folíolo por planta de morangueiro, avaliando-se cinco plantas por ponto amostral, em um total de 20 pontos de amostragem por talhão, totalizando 100 plantas avaliadas. Em períodos de maior incidência da praga, deve-se aumentar a frequência das amostragens, dando-se maior atenção aos sinais de clorose, à presença de folhas secas e de teias.

Prevenção

Quando a praga ocorrer em reboleiras, como medidas preventivas recomenda-se realizar seu controle localmente, ao invés de controlá-la em área total. Culturalmente, seu controle pode ser realizado:

– Por meio do uso de mudas sadias, isentas de ácaros;

– Evitando-se o escalonamento dos cultivos;

– Por meio do plantio de lavouras novas sempre no sentido contrário ao vento predominante, de modo a desfavorecer o deslocamento da praga dos plantios mais velhos para os mais novos;

– Por meio da implantação de quebra-ventos (barreiras vivas);

– Evitando-se o plantio de lavouras de morangueiro próximas a plantas hospedeiras do ácaro-rajado, tais como berinjela, jiló, maxixe, pepino, vagem, etc.;

– Realizando a sucessão e rotação de culturas com plantas não hospedeiras do ácaro-rajado;

– Destruindo e incorporando os restos culturais e evitando a manutenção de cultivos abandonados.

De forma complementar às táticas de controle descritas anteriormente, pode-se efetuar o controle do ácaro-rajado por meio da pulverização de calda sulfocálcica ou de óleo mineral, de óleo vegetal emulsionável ou de inseticida à base de extrato de sementes de nim, na concentração de 0,5%. No entanto, deve-se evitar o uso de calda sulfocálcica no período de floração, que pode causar o abortamento de flores.

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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