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Felipe Augusto Moretti Ferreira Pinto
Doutorando em Agronomia/Fitopatologia na Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Henrique Novaes Medeiros
Graduando em Agronomia na Universidade Federal de Lavras (UFLA)
A ferrugem asiática da soja, cujo agente etiológico é o fungo Phakopsora pachyrhizi, destaca-se por seu alto poder destrutivo e pela dificuldade de controle. Plantas severamente infectadas apresentam desfolha precoce, comprometendo a formação, o enchimento e o peso final dos grãos.
Nos últimos anos houve aumento da pressão de inóculo, resultando em aumento do número de aplicações de produtos contra a doença nas lavouras, o que leva à perda de eficácia dos fungicidas a cada safra.
Outro fator que faz aumentar a busca por novas alternativas de manejo é a resistência da ferrugem asiática aos produtos de controle utilizados atualmente – os fungicidas sistêmicos, provocando o retorno ao uso de fungicidas protetores, moléculas químicas que atuam na germinação com sua camada protetora. Deste modo, os agentes fitopatogênicos não penetram no interior das plantas.
Esses fungicidas protetores saÃram das lavouras de soja, em parte por causa do marketing da indústria quÃmica que, ao buscar cada vez mais as moléculas sistêmicas e específicas e também a redução da dose no campo ou lavoura, foram aos poucos comercializando em menor escala os fungicidas protetores, como os cúpricos.
Além disso, é necessário restabelecer o equilíbrio perdido com a utilização repetitiva do mesmo grupo de fungicidas.
Contra a ferrugem
Novas medidas têm se mostrado eficazes no controle da ferrugem asiática da soja, como a associação de cobre a fungicidas, com o intuito de proteger as plantas. O cobre é um nutriente absorvido pelas plantas como Ãon Cu2+. Devido à pouca mobilidade do cobre no floema, na sua deficiência as folhas mais novas apresentam os primeiros sintomas, indicando que a quantidade do nutriente translocado no floema não é suficiente para sustentar o desenvolvimento de novos tecidos.
Atuação do cobre
As principais funções do cobre são atuar como ativador ou componente de enzimas como as oxidases, atuar como ativador de enzimas que participam do transporte eletrônico terminal da respiração e da fotossíntese, influenciar na fixação do nitrogênio pelas leguminosas, ser essencial no balanço de nutrientes que regulam a transpiração da planta e auxiliar na resistência a doenças.
A deficiência de cobre em soja causa redução no crescimento da planta, e as folhas mais novas assumem a cor verde-acinzentada ou verde-azulada. Há, também, a redução no crescimento das plantas pelo encurtamento dos internódios e sua toxicidade causa aparecimento de pontos necróticos na borda dos folÃolos das folhas mais velhas, que progridem para as mais novas.
Para produzir uma tonelada de grãos, a soja absorve, em média, aproximadamente 70 g de cobre, sendo que 65% encontram-se na raiz e 15% na parte aérea e 20% nos grãos. O cobre deve ser aplicado até o florescimento das plantas e a dosagem é de 50 a 100 g/ha.
Do total de micronutrientes extraÃdos pela cultura da soja, grande parte retorna ao solo pela decomposição das folhas, hastes, vagens e raízes. Entretanto, uma parcela variável, segundo cada nutriente, é retirada juntamente com os grãos. Essa parcela exportada foi estimada em função do total absorvido pela planta, como sendo 53,1% para o cobre, de acordo com estudos realizados.
Ainda que sejam consideradas como muito pequenas essas quantidades exportadas pela colheita dos grãos, deve-se ter em mente que a necessidade da soja em micronutrientes é pequena. Entretanto, as reservas dos solos também são limitadas, de modo que a contÃnua retirada, sem a devida reposição, pode determinar o aparecimento de carências que reduzem a produtividade.
Silva Junior, em 2009, trabalhando com diferentes fungicidas para controle da ferrugem, verificou que o oxicloreto de cobre apresentou efeito significativo no controle da doença.
Resultados
Um produto que tem apresentado bons resultados no controle é o Coppercrop®, da empresa Alltech Crop Science, um biofertilizante composto para fornecimento de Cobre (Cu) que promove melhor desempenho dos benefícios deste elemento.
Os resultados do Coppercrop® se baseiam no mecanismo de ação do Ãon cobre, que por sua vez atua na planta promovendo processos metabólicos ligados à fotossíntese e respiração, além de atuar diretamente sobre os complexos reprodutivos da planta.
Além disso, o cobre confere efeito de proteção e, após ser aplicado em condições que permitam a evolução de fitopatógenos, os efeitos danosos devem ser suprimidos pela ação direta do Ãon no interior celular dos microrganismos nocivos às plantas, auxiliando no manejo integrado de doenças.