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Produção florestal e controle de formigas cortadeiras

 

 

Marco Antonio Galli

Engenheiro agrônomo fitopatologista, doutor e professor/pesquisador da UniPinhal

marcogalli@unipinhal.edu.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

As saúvas cortadeiras foram relatadas nas Américas desde que os portugueses aqui chegaram, e estima-se que elas estejam na terra a mais de 100 milhões de anos. Os danos causados por estes insetos às florestas plantadas têm sido crescentes, com prejuízos à produção e acarretando aumento dos custos de implantação e manutenção de reflorestamentos.

Pesquisas têm mostrado que a retirada da vegetação nativa e a substituição por monoculturas têm provocado desequilíbrios, reduzindo os inimigos naturais das saúvas e provocando a degradação do ambiente, com reflexos na migração de pragas, que antes se “refugiavam“ nas matas, para lavouras agrícolas e florestais.

Torna-se necessário e urgente, portanto, compreender melhor as relações entre estes insetos e as plantas cultivadas, integrando práticas de manejo cultural, controle químico e biológico; como ferramentas eficientes e ecologicamente corretas para controlar essas pragas e minimizar seus danos.

As cortadeiras

As formigas cortadeiras de folhas mais importantes são insetos pertencentes à Ordem Hymenoptera, Família Formicidae, sendo dois os principais gêneros: Atta (saúvas) e Acromyrmex (quenquéns), bastante comuns em muitas espécies de plantas cultivadas, incluindo as florestas plantadas.

Um único formigueiro pode conter até seismilhões de formigas.Caracterizam-se por uma organização social em castas e a divisão de trabalhos, uma engenharia subterrânea em compartimentos (panelas) e uma rede de canais que se comunicam, podem a tingir até oito metros de profundidade por 20 metros de circunferência, causando danos em uma diversidade de plantas, incluindo pastagens, culturas anuais, frutíferas e espécies florestais.

Danos causados por formigas em plantio de pinus - Crédito Nilton Sousa
Danos causados por formigas em plantio de pinus – Crédito Nilton Sousa

Incidência

Saúvas e quenquéns são as principais pragas dos reflorestamentos com espécies de eucalipto, e atacam a maioria das espécies florestais em monocultivos, sendo sua incidência menor quando trabalhamos com alta diversidade de espécies de plantas.

Na floresta nativa, formigas ocorrem naturalmente e causam poucos danos devido à diversidade de espécies florestais e também pelo controle biológico natural (predadores e competidores). Porém, com menos florestas nativas e mais monocultivos a tendência é o desequilíbrio e o aumento do dano causado pela praga.

Estes insetos podem causar enormes prejuízos às florestas plantadas, sendo mais frequente em áreas que antes eram de pastagens. As formigas atacam logo após o plantio, cortando folhas e ramos e levando-os para o interior do formigueiro.

Os primeiros 12 meses após o plantio são a fase mais crítica, quando seu ataque pode “matar“ a muda plantada, ou atrasar seu crescimento e prejudicar a forma do fuste.Diferentemente do que muitas pessoas pensam, as formigas não se alimentam das folhas, mas utilizam as folhas para cultivar um fungo, e se alimentam dele.

Perdas de produtividade

O desfolhamento causado pelas formigas reduz significativamente a produção de madeira, provocando a redução do crescimento das árvores e também deixando as árvores mais vulneráveis ao ataque de outras pragas.

Resultados de experimentos têm demonstrado perdas acima de 40% na produção de madeira (volume) para Eucalyptussaligna, e perdas acima de 30% para pinus e outras espécies reflorestadas em monocultivos.

Saúvas e quenquéns são as principais pragas dos reflorestamentos
Saúvas e quenquéns são as principais pragas dos reflorestamentos

Sintomas do ataque de formigas

Os sintomas em mudas recém-plantadas são o corte dos brotos (ponteiros) e o secamento da muda. Com um único ataque, as mudas podem rebrotar, mas com dois ou mais ataques sucessivos a muda vai perdendo vigor e acaba morrendo, ou tem sua forma e crescimento comprometidos.

Em árvores em crescimento, o corte de folhas é generalizado, sendo que muitas vezes elas cortam mais do que conseguem carregar, e podemos observar no dia seguinte várias folhas caídas sob a projeção da copa. De hábitos noturnos, elas começam a cortar as folhas ao pôr do sol e são capazes de desfolhar uma árvore inteira em uma única noite. Raramente trabalham sob a luz do dia.

 

O controle

 

Os ataques ocorrem geralmente nos primeiros meses de idade, por isso se recomenda o controle antes mesmo de realizar o preparo do solo, e depois de plantado fazer inspeções frequentes para que não ocorra um novo ataque.

O controle de formigas cortadeiras é fundamental em reflorestamentos, uma vez que as mesmas constituem fator limitante ao seu desenvolvimento, causando tanto perdas diretas, como a morte de mudas e a redução do crescimento de árvores; quanto indiretas, como a diminuição da resistência das árvores a outros insetos e agentes patogênicos.

Segundo os pesquisadores a seguir, o combate às formigas cortadeiras representa 75% dos custos de produção e do tempo gasto no controle de outras pragas (VILELA, 1986). O controle de formigas representa 30% dos gastos com a floresta até o terceiro ciclo, o que segundo, REZENDE et al. (1983), correspondem a aproximadamente 8% do preço da madeira em pé.

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro/novembro  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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