Giovani BeluttiVoltolini
Pedro Menicucci Netto
pedromenicucci2010@hotmail.com
Graduandos em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras ““ UFLA e membros do Grupo de estudos em Herbicidas, Plantas daninhas e Alelopatia ““ GHPD
Rubens José Guimarães
Professor titular do Departamento de Agronomia da UFLA e professor colaborador do GHPD
A cafeicultura atual dispõe de grandes investimentos no que diz respeito à mecanização de suas atividades, visto que, devido à dispendiosidade do serviço manual, associada ao custo e à falta de mão de obra, se faz necessário o uso de tecnologias que otimizem a realização dos manejos na lavoura.
Entre estes manejos, podemos citar, principalmente, o de plantas daninhas, que é de grande importância no café, pois as mesmas podem competir com o cafeeiro por elementos essenciais ao seu desenvolvimento, como água, luz, espaço e nutrientes.
Controle
O manejo das plantas daninhas pode ser realizado de diversas formas, sendo mais comuns os tipos de controle manual, mecânico e também por meio de herbicidas. Este último surgiu para revolucionar e viabilizar o controle do mato no cafeeiro, pois sua eficiência no controle do mesmo é elevada, assim como sua praticidade.
Neste sentido, a utilização do herbicida Glyphosate no cafeeiro, principalmente em lavouras novas, passou a ser muito recorrente, visto que seu espectro de controle é elevado, sendo muito eficiente contra plantas daninhas, com baixo custo de aplicação.
Ocorrência da “deriva“
O Glyphosate é um herbicida de ação sistêmica, não seletivo e utilizado em pós-emergência de plantas daninhas. Sobretudo, se fazem necessárias corretas tecnologias de aplicação visando que as gotas aspergidas na aplicação atinjam somente a superfície foliar das plantas-alvo, ou seja, as plantas daninhas.
Dentre essas tecnologias podemos citar o uso correto dos equipamentos de pulverização, associados a condições climáticas adequadas. Também é de grande importância a correta calibragem do pulverizador, assim como o tipo de aplicação, que está diretamente relacionado com o bico e as pontas de indução utilizadas.
Quanto às condições climáticas, recomenda-se a realização da aplicação de herbicidas com temperaturas amenas, não excedendo 30ºC, podendo haver volatilização do herbicida pelo calor demasiado. A ocorrência do vento também deve ser observada, não podendo exceder 10 kmh-1. Por fim, a técnica do operador é determinante para que a aplicação seja realizada da melhor forma possível, garantindo ainda maior eficiência no controle das plantas daninhas.
Entretanto, nem sempre é possível realizar a aplicação deste herbicida nas condições citadas, visto que a necessidade deste manejo pode fazer com que o cafeicultor faça a aplicação fora das condições adequadas. Também pode ocorrer por falta de orientação aos operadores, fazendo com que a aplicação não seja eficiente.
A não utilização das corretas tecnologias de aplicação, além de reduzir a eficiência no controle das plantas daninhas, pode também ocasionar um fenômeno que traz grandes prejuízos às plantas de café recém-implantadas, que é denominado “deriva“.
A deriva consiste no arraste (deslocamento) das gotas aspergidas na pulverização, fazendo com que parte do produto atinja plantas não alvo, ou seja, aquelas que não deveriam receber o produto, que neste caso são as plantas de café.
Sintomas
Os sintomas evidenciados pela ocorrência da deriva do herbicida Glyphosate nas plantas de café são muito caracterÃsticos, exibindo ramos plagiotrópicos com super brotamento na região apical do ramo, sendo que as folhas apresentam formato diferente do normal, mais finas. Em alguns casos, a folha também pode apresentar clorose e aspecto coriáceo. Em casos de severa intoxicação, a planta apresenta folhas necróticas que podem evoluir para a morte dela.
Os sintomas de fitotoxidez deste herbicida podem se assemelhar aos da deficiência de zinco no cafeeiro, sendo necessária a utilização de técnicas para diferenciar e identificar qual problema está ocorrendo. A anamnese, prática realizada visando o levantamento de informações, pode ser realizada visando solucionar este problema, em que o levantamento de informações a cerca dos manejos realizados na área poderão levar à possível solução do questionamento.
Como exemplo, pode-se questionar acerca dos sintomas, se são generalizados, se ocorrem em todas as folhas da planta, se foram realizadas aplicações com defensivos agrícolas, ou seja, uma caracterização do problema e a contextualização dos manejos realizados na área de cultivo.