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Falta de cálcio prejudica o desenvolvimento de tomates

 

Leandro Hahn

Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas na Estação Experimental de Caçador (SC) e professor da UNIARP e FAI Faculdade

leandrohahn@epagri.sc.gov.br

Anderson Fernando Wamser

Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador em Fitotecnia na Estação Experimental de Caçador (SC)

afwamser@epagri.sc.gov.br

 

 Crédito Juscimar da Silva
Crédito Juscimar da Silva

Tomates que apresentam aspecto de fruto com deficiência de cálcio podem ter o problema corrigido utilizando-se a calagem e o suprimento de água adequados. Antes, contudo, é importante remover da planta os tomates atingidos.

Além disso, como o tomateiro já está comprometido com os danos da falta de cálcio, a recomendação para reduzir os efeitos do problema é aplicar jatos dirigidos aos frutos ainda jovens com cloreto de cálcio (0,6 a 0,8%).

Importânciado cálcio

Do ponto de vista da nutrição mineral do tomateiro, o nutriente cálcio (Ca) tem merecido uma atenção especial pela sua participação na estrutura celular e ativação de reações vitais nas plantas, interferindo diretamente na produção e qualidade de frutos.

Como mais importante íon sinalizador nas plantas, o Ca exerce múltiplas funções em diversos locais e redes de sinalização em “cascata“. A parede celular representa o maior estoque de Ca2+ em tecidos vegetais, contendo de 60 a 75% do total do elemento dos tecidos.

O Ca, por sua característica de íon divalente (Ca2+), estabelece uma rede de ligações cruzadas dos polissacarídeos pécticos, aumentando a firmeza dos frutos. Nas membranas protoplasmáticas, interfere em sua permeabilidade. Por fim, o Ca é indispensável para o desenvolvimento do sistema radicular.

Após ser absorvido pelas raízes, o Ca é transportado via xilema, e quando cessa a divisão celular e inicia a subsequente expansão celular, pouco Ca adicional entra nos tecidos dos frutos.

 Pulverizações, via foliar, podem ser uma medida complementar eficiente de suprimento de cálcio - Crédito Luize Hess
Pulverizações, via foliar, podem ser uma medida complementar eficiente de suprimento de cálcio – Crédito Luize Hess

Sintomasda ausência do cálcio

A partir da característica de distribuição do Ca dentro da planta, frutos podem apresentar um importante distúrbio fisiológico associado ao Ca, que é a podridão apical, podridão estilar ou “fundo-preto”.

Este distúrbio inviabiliza a comercialização destes frutos, acarretando um prejuízo considerável ao tomaticultor.A podridão apical é caracterizada por uma deficiência local de Ca na parte distal do fruto, oque resulta no aumento da permeabilidade e deterioração de membranas celulares, com subsequente perda de turgor e vazamento de conteúdo celular líquido.

Frutos com sintomas apresentam uma mancha preta, deprimida, coriácea, seca e firme no ápice do fruto. O balanceamento da disponibilidade de nutrientes no solo e a disponibilidade adequada de água são indispensáveis para evitar esse problema.

Nas plantas, os sintomas são muito difíceis de serem visualizados, principalmente em cultivo a campo, onde as plantas conseguem certo suprimento de Ca via absorção radicular. Na região de Caçador (SC), os cultivos de tomate ocorrem predominantementeem Nitossolos, com altos teores de argila(acima de 50%) e matéria orgânica (acima de 3%).

Estes solos, após correção, apresentam alta capacidade de troca de cátions (CTC), geralmente acima de 15cmolc/dm3, bem como altos teores de Ca disponível (geralmente acima de 7cmolc/dm3) e alta concentração de Ca na saturação de bases (geralmente acima de 40%). Nestas condições, há uma adequada disponibilidade de Ca para as plantas.

Quando ocorrem sintomas de deficiência nas plantas, provavelmente elas estarão sob estresse por insuficiência hídrica ou temperaturas do ar muito altas. Em deficiências severas nas plantas verificam-se deformações das folhas novas, as quais ficam encarquilhadas, e ocorre morte dos pontos de crescimento.

Podridão apical, causada por deficiência de cálcio - Crédito Claudinei Kappes
Podridão apical, causada por deficiência de cálcio – Crédito Claudinei Kappes

Manejo

Considerando que a cultura do tomate é muito exigente em Ca, na escolha do corretivo recomenda-se optar por produtos que, após a reação no solo, resultem numa relação Ca/Mg igual ou superior a três. Isso pode ser obtido pela aplicação de mais de uma fonte de corretivo. Uma opção razoável é aplicar 50% da dose na forma de calcário dolomítico e 50% na forma de calcário calcítico.

Por outro lado, altos teores de potássio e de magnésio, oriundos de adubações desequilibradas com esses nutrientes, também podem propiciar o aparecimento de podridão apical, tanto direta como indiretamente, uma vez que podem induzir a baixos teores de cálcio na planta.

Baixas concentrações de cálcionos frutos são, principalmente, resultantes da ação de fatores ambientais e culturais, principalmente associado ao déficit hídrico, embora os teores de cálcio no solo possam influenciar.

Esse distúrbio fisiológico está associado também às características da cultivar ser mais suscetível ou não. Tomates dos grupos Saladete e Santa Cruz geralmente são mais suscetíveis à ocorrência de podridão apical, se comparados a tomates do grupo Salada; portanto, deve-se utilizar preferencialmente cultivares pouco suscetíveis à deficiência de Ca. Geralmente, como já dito, a deficiência de cálcio não é caracterizada por sintomas visíveis nas folhas.

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2015  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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