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Calor exige variedades de alface tolerantes

 

Jean de Oliveira Souza

Engenheiro agrônomo, pós-doutorando em Agronomia-Melhoramento Vegetal no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (CCA/UFPB)

jsoliveira1@hotmail.com

 

Crédito Shutterstock
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A alface (Lactuca sativa) é uma das hortaliças mais consumidas no Brasil, porém, no verão, época que coincide com temperaturas mais elevadas, a alfacicultura tem sido comprometida por inúmeros problemas de ordem fitossanitária, qualitativa e disponibilidade de colocar o produto no mercado. Produzir alface nesse período virou um dilema para os produtores.

A maioria das cultivares de alface não se desenvolve bem devido ao calor intenso, dias longos e o excesso de chuva do verão brasileiro. Estas condições predispõem ao pendoamento precoce e afetam a formação da cabeça. Além do pendoamento precoce, as altas temperaturas dificultam a absorção de alguns nutrientes, como o cálcio.

A baixa absorção de cálcio em alface caracteriza-se pelo surgimento de necrose nas extremidades das folhas, conhecida como queima de bordas ou tipburn. As temperaturas altas marcantes dessa época favorecem também a produção de látex, que proporciona sabor amargo às folhas, resultando em uma alface de má qualidade, características essas indesejáveis para o mercado, deixando a hortaliça imprópria para o consumo, além da alta pluviosidade que limita seu cultivo no período devido a perdas ocasionadas por doenças fúngicas e bacterianas.

Essa condição climática exige dos produtores de alface lançar mão de alternativas para produzir e competir no mercado, quer seja pelo uso do cultivo protegido ou pela utilização de cultivares tolerantes ao calor e às intempéries do período.

Cultivares tolerantes

A busca por cultivares tolerantes ao calor tem sido uma constante entre os produtores de alface, porém, já existe disponível no mercado cultivares de alface mais adaptadas aos plantios de verão, graças ao melhoramento genético realizado, dentre elas as cultivares Lucy Brown e Raider, tipo americana e as alfaces do tipo lisa (Elisa e Regina) e crespa (Hortência e Isabela)que podem ser adquiridas a um custo relativamente baixo.

Outra opção pra fugir das condições climáticas limitantes é o cultivo protegido. Esse sistema permite o cultivo no período em que as precipitações são elevadas, garantindo um efeito guarda-chuva sobre as plantas e evitando que as mesmas fiquem expostas às chuvas e aos problemas decorrentes dela.

O uso de estufas, além de proteger a alface dos efeitos negativos da temperatura, radiação solar, vento e chuva, possibilita aumentos consideráveis na produtividade, além de maior precocidade, melhor qualidade e economia de insumos.

Nas regiões quentes, as laterais das estufas devem ser fechadas com tela de sombreamento para permitir a saída do ar quente acumulado no seu interior e minimizar a resistência ao vento. Esse sistema tem efeito mais direto sobre as chuvas, que é um evento climático muito intenso no verão.

O cultivo protegido pode ser também sob a forma de telados, que são normalmente construídos de madeira com cobertura com ripas, palha ou tela plástica com o objetivo de reduzir, principalmente, a temperatura e a radiação solar excessiva.

No tocante às temperaturas elevadas, o cultivo protegido ameniza os efeitos da temperatura, porém, não impede que a planta cultivada sob esse sistema floresça precocemente.

No entanto, a alternativa mais eficiente e viável para essa época do ano aindaé a utilização de cultivares tolerantes ao calor, que apresentem bom desempenho vegetativo, com excelente produção, qualidade e garantia de boas colheitas.

Essa matéria você encontra na edição de dezembro 2015  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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