Roberto Santinato
rsantinatocafeicultura@hotmail.com
Felipe Santinato
Santinato & Santinato Cafés Ltda
Em anos de alta incidência, a ferrugem desfolha o cafeeiro, derruba os frutos no chão e reduz o crescimento vegetativo. No ano seguinte, a queda de produtividade pode ser de 30 a 50%, fazendo desta a doença extensivamente de maior prejuízo para a cafeicultura brasileira.
Os danos são mais graves em fase de viveiro e em plantas jovens, promovendo desfolhamento e raquitismo. Em plantas adultas, além da desfolha, quando ocorre nos frutos chega a causar perdas de até 20% no peso deles, que caem (boa parte) e não permitem a prática do descascamento (CD) em decorrência da junção da parede dos frutos com a semente.
Condições para a doença
A ferrugem encontra as melhores condições para seu desenvolvimento em temperaturas de 24°C, Ãndice de molhamento elevado (UR acima de 80%) e chuvas intermitentes. Além disso, essa doença prefere ambientes fechados, adensados e altos.
Já a cercosporiose é mais constatada sob temperaturas de 22 a 28°C, sendo a cercóspora amarela (clara) mais intensa em temperaturas ao redor de 26-28°C, enquanto a escura (que não possui halo amarelo) ocorre mais no período de inverno (22°C). A cercóspora prefere lavouras mais largas, e ocorre frequentemente em faces do sol da tarde.
A ferrugem ocorre em maior proporção em lavouras altamente produtivas e/ou mal nutridas (desequilíbrio nutricional). Por outro lado, a cercóspora prefere lavouras com deficiência de N e/ou desequilíbrio entre N/K.
Prevenção
Para prevenir as doenças do cafeeiro, o produtor deve investir na boa nutrição (químicos + orgânicos), não deixar ocorrer déficit hídrico, e executar planos de controle de ambas as doenças com triazois associados às estrobirulinas (Epoxyconazole ou Cyproconazole e Pyraclostrobina, Picoxystrobina e Azoxytrobina).
Além disso, deve-se proceder duas a três aplicações de cobre intercaladas, preferencialmente hidróxidos. Recentemente alguns fosfitos de cobre têm entrado nas pulverizações no lugar dos hidróxidos, desequilibrando menos as pragas. Entre eles está o acetato de cobre.
Tem se destacado, também, o glucona de cobre, que além de cobre apresenta o ácido glucônico, precursor dos aminoácidos. O glucona de cobre substitui os hidróxidos convencionais. Além, disso, verificou-se, com sua aplicação, um menor desequilíbrio de pragas e a obtenção de maior renda do café, provavelmente devido aos aminoácidos ativados.
O glucona de cobre pode ser aplicado conjuntamente com qualquer triazol + estrobirulinas, ou intercalado, com bons resultados no cafeeiro.
Aplicações de glucona de cobre (cu 6,8% + ácido glucônico 5%) na substituição de outras fontes de cobre em programas fitossanitários para controle da ferrugem e cercosporiose
Nos programas fitossanitários para controle da ferrugem e cercosporiose do cafeeiro inclui-se uma fonte de cobre com ação dupla, fúngica auxiliar no controle de doenças e fonte de cobre nutricional.
Com o lançamento do glucona de cobre no mercado, com propriedades nutricionais e auxiliares no controle de doenças do cafeeiro, instalou-se o presente estudo objetivando avaliá-lo em relação a fontes de cobre tradicionais, como Produto F, Produto B e Produto E, em associação com os fungicidas Produto A, Produto C e Produto D.
O experimento foi instalado em lavoura de café da cultivar Catuaà Amarelo 82, espaçada em 3,7 c 0,7 m, 12/13 anos de idade, solo LVA, 820 m de altitude e declividade de 3%. Os tratamentos estudados foram expressos na Tabela 1. Os mesmos foram delineados em blocos ao acaso, com quatro repetições, em parcelas de 30 plantas, sendo úteis as seis centrais.
Avaliou-se a incidência de ferrugem e cercosporiose de fevereiro a julho. As aplicações dos fungicidas foram realizadas em dezembro, fevereiro e abril de 2015. Os dados obtidos foram submetidos à ANOVA e quando procedente ao teste de Tukey, ambos a 5% de probabilidade.
Resultados e conclusões
A ferrugem elevou-se de forma significativa ao longo dos meses, chegando à incidência prejudicial ao cafeeiro no último mês avaliado. No ano de 2015 a ferrugem, que comumente começa a ocorrer em dezembro, atrasou o seu início, de forma que as incidências nas avaliações iniciais foram baixas.
Não houve diferença entre os tratamentos fitossanitários estudados. Dessa forma, o glucona de cobre, em sua menor dose, pode substituir os padrões cúpricos existentes no mercado.