Ricardo Nascimento Lutfala Paulino
Giovani Belutti Voltolini
Graduandos em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), membros associados ao Núcleo de Estudos em Cafeicultura (NECAF) e Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD)
Dalyse Toledo Castanheira
Doutoranda em Fitotecnia/Cafeicultura pela UFLA, membro do NECAF e do GHPD
Atualmente, o manejo preventivo da ferrugem, na maioria das vezes, tem se mostrado com muita eficiência, assegurando a baixa incidência do fungo nas folhas cafeeiras. Geralmente, a disseminação da doença é favorecida por épocas com elevada precipitação, ou seja, muita umidade, aliada a temperaturas elevadas, além de maior incidência em cafeeiros com carga pendente elevada e em condições de grande adensamento.
Entretanto, nestes últimos anos ocorreram algumas mudanças no clima, favorecendo a ocorrência de uma nova forma de ataque do fungo, que é a ferrugem tardia.
Danos
Os danos provocados pela incidência da ferrugem no cafeeiro são evidenciados pela intensa desfolha da planta, principalmente quando a mesma se encontra com alta carga pendente. Também é observado como consequência da doença a seca de ramos e a redução da vida útil da planta.
Em se tratando do caso de incidência precoce, a ferrugem pode provocar redução drástica no pegamento da florada. E no caso da ferrugem tardia, a queda das folhas pode prejudicar o desenvolvimento inicial dos ramos para a safra seguinte. Portanto, as diversas formas de ataque, aliado aos danos causados ao cafeeiro, fazem com que a ferrugem provoque redução elevada na produtividade da lavoura, chegando, em alguns casos, a perdas de 50%.
Formas de controle
São muitas as formas de controlar a incidência de ferrugem no cafeeiro, abrangendo desde técnicas culturais, preventivas, curativas e também erradicantes.
O controle cultural consiste na realização de adubações equilibradas, na realização de podas periódicas, desbrotas e também na não utilização de super adensamento nas entrelinhas do cultivo. Porém, o controle preventivo é indispensável, pois o ataque da ferrugem sempre se mostrou um grande problema aos cafeicultores.
A prevenção é um dos passos mais importantes no controle, pois sob baixa incidência da doença o controle se torna mais fácil. A utilização de cobre tem apresentado bons resultados na prevenção da ferrugem, principalmente no início do ciclo da doença, que se inicia em novembro.
Já o controle por meio da utilização de fungicidas, principalmente à base de estrobilurina + triazol, é o mais recomendado, pois a eficiência é elevada, desde que aplicados no momento certo.
O mais recomendado seria a adoção de um sistema de manejo integrado, realizando as diversas práticas culturais, aliado ao controle preventivo e, por fim, o químico, por meio da utilização dos fungicidas em momentos que antecedem a maior propensão ao desenvolvimento da doença, ou seja, de novembro a março.
Quando agir
Como mencionado anteriormente, há condições climáticas propÃcias para que ocorra a incidência da ferrugem na lavoura cafeeira. Dessa forma, a ferrugem tardia ocorre quando chove pouco em janeiro e fevereiro, atrasando então a inoculação da doença, e acarretando, consequentemente, na desnutrição do cafeeiro, pois com o atraso das chuvas as adubações são adiadas ou se mostram ineficazes, promovendo, dessa maneira, a maior suscetibilidade da planta, pois a mesma estará em déficit hídrico e mais vulnerável ao ataque do fungo.
Após este período de escassez hÃdrica, ocorrente principalmente nos últimos anos, a chuva é restabelecida, entre março e maio, em menor intensidade, tendo, ainda, temperatura mais alta do que a normal, o que proporciona grande incidência da ferrugem, “escapando“, na maioria das vezes, do controle químico que foi realizado entre dezembro e março.
Assim, o controle químico normalmente é realizado entre dezembro e março, com três aplicações. Porém, quando falamos da ferrugem tardia, aconselha-se estender a época de aplicação, podendo ser feita por meio da aplicação inicial preventiva (cobre ou estrobilurina) em novembro, seguindo-se duas aplicações de triazol mais estrobilurinas, que são preventivas/curativas, estas duas iniciando e terminando mais tarde, entre fevereiro e abril.
Observa-se, também, que em infecções tardias, especialmente em lavouras novas e naquelas que terão boa produção no ano seguinte, é importante aplicar um triazol curativo ou sua combinação com estrobilurina, nesse caso atuando, ainda, contra a cercosporiose tardia e algo sobre Phoma.
Atualmente, há muitas opções de produtos no mercado, sendo que o uso de fungicidas na lavoura cafeeira se destaca com um dos tratos culturais mais importantes para a obtenção de altas produtividades.