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Guanandi é alternativa múltipla de renda

Primeira madeira de lei do Brasil, o guanandi possui características específicas que o tornam um ótimo empreendimento comercial nas áreas de reflorestamento e de madeireiras, além de outros derivados da árvore. O longo tempo de espera para o corte final da árvore pode ser compensado por uma receita bruta de R$ 3 milhões em cinco hectares

 

Crédito IBF
Crédito IBF

O guanandi é uma das espécies mais características da planície litorânea, colonizando as várzeas úmidas e dominando as florestas maduras. Pode ser encontrado de forma natural na América Central e América do Sul.

No Brasil, a espécie ocorre nos seguintes Estados: Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal.

De cor avermelhada (entre o róseo-acastanhado ao bege-rosado, tendendo para o castanho), a madeira do guanandi é moderadamente pesada (densidade 0,62 g/cm3) e durável, fácil de trabalhar, não apodrece em contato com a água, pelo que é muito utilizada para fabricação de postes, moirões, pontes e outras obras externas. Serrada, essa madeira tem ampla utilização na construção civil e naval.

Produz, ainda, lâminas decorativas. Seu carvão é de qualidade regular e suas fibras são ótimas para papel e celulose. Sua casca, folhas e látex têm aplicação na medicina popular e na veterinária.

 Mudas de guanandi, prontas para plantio - Crédito Tropical Guanandi
Mudas de guanandi, prontas para plantio – Crédito Tropical Guanandi

Condições para o plantio

Segundo o consultor florestal da Invest Agro, Arthur Netto, o guanandi ocorre naturalmente em solos aluviais com drenagem deficiente, em locais úmidos periodicamente inundáveis e brejosos, com textura arenosa a franca, e ácidos (pH de 4,5 a 6,0).

Nos plantios experimentais desenvolvidos pela Embrapa Florestas, no Paraná, em solos com propriedades físicas adequadas, como de fertilidade química alta a média, bem drenados, de textura que varia de franca a argilosa ““ a espécie tem apresentado crescimento satisfatório, não mostrando limitação quanto à drenagem.

Quanto ao clima, Arthur Netto diz que a precipitação pluvial média anual ideal deve ser entre 1.100 mm a 3.000 mm. O déficit hídrico suportado é de até três meses e a temperatura média anual entre 18 a 27°C.

 Adriano Marques, produtor de guanandi em Cascalho Rico - Crédito Arquivo pessoal
Adriano Marques, produtor de guanandi em Cascalho Rico – Crédito Arquivo pessoal

Vantagens da produção de guanandi

Como qualquer outra espécie florestal de uso nobre, o plantio de guanandi oferece lucro e valorização da propriedade. Segundo o consultor, a espécie proporciona pouca manutenção e resistência às pragas e doenças. “Para se ter uma boa vantagem com a espécie é importante avaliar as condições de solo e clima“, adverte Arthur.

Produtos finais

A árvore do guanandi é bastante ornamental, podendo ser empregada no paisagismo em geral. É uma madeira amplamente usada, depois do mogno e cedro, para movelaria em geral, especialmente no revestimento (lâmina) de móveis decorativos e móveis finos, tampos de mesa e balcões. Para embarcações e construções de luxo, tem sido usada como chapa na Guatemala, de acordo com Arthur Netto.

Também é usada como madeira estrutural, construção interna e externa, carpintaria em general, portas, janelas, pisos, forros, adornos, postes e estacas, torneados, instrumentos musicais ou parte destes, pisos para plataforma de caminhões, carrocerias, degraus de escadas e corrimões, artesanatos e dormentes de ferrovias.

Outros usos são folhas faqueadas decorativas, barris de vinho, ofurôs, embalagens, construção naval, pontes, pisos de taco e tabuado, decks.

A título de curiosidade, o governo imperial reservou para o Estado o monopólio de exploração dessa madeira em 1810 para uso exclusivo na confecção de mastros e vergas de navios, sendo, portanto, a primeira madeira de lei do País (lei de 07 de janeiro de 1835).

Sementes de guanandi Calophyllum brasiliense - Crédito IBF
Sementes de guanandi Calophyllum brasiliense – Crédito IBF

Produção de biodiesel e benefícios das sementes

 

Com um óleo essencial de 44% de pureza, as sementes de guanandi são bastante procuradas pela indústria de cosméticos e possuem grande potencial para a produção de biodiesel, o combustível do futuro, além, é claro, da possibilidade de venda para a produção de novas mudas ou para a expansão da área de cultivo.

 

Utilização dos ramos e folhas e benefícios medicinais

 

Os ramos e folhas que sobram da desbrota e dos desbastes podem ser comercializados junto a indústrias de farmacoterápicos, pois possuem diversas propriedades medicinais.

Estudos da Universidade Federal do Mato Grosso apontam que o guanandi pode ser empregado no tratamento de doenças como diabetes, além de possuir ação anti-inflamatória, cicatrizante e antimicrobiana. As flores de guanandi podem, também, ser utilizadas na produção de mel de alta qualidade.

 

Custo de produção

 

Considerando um projeto de plantio florestal com corte raso no vigésimo ano, o custo total do guanandi, ao longo do tempo, será em média de R$ 23.500/ha, calculado com os custos atuais de insumos e serviços, sendo necessário realizar ao longo do tempo ajustes anuais diante das mudanças inflacionárias.

Para plantios florestais, o investimento inicial que corresponde ao preparo do solo, plantio e manutenção no primeiro ano, chega a ser mais de 27% do custo total por hectare.

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Floresta, edição de dezembro 2015/janeiro 2016. Adquira a sua para leitura completa.

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