Thiago HideyoNihei
Mestre em Genética e Biologia Molecular e doutorando em Melhoramento de Plantas ““ Universidade Estadual de Maringá
A produção brasileira de milho esteve em constante ascensão na última década, quando a quantidade de milho produzida na primeira e segunda safras no período compreendido entre 2004 e 2014 aumentou 96%. A consolidação da segunda safra de milho, originalmente chamada de safrinha, foi o principal fator responsável por esse crescimento. Na safra 2014/15 a safrinha respondeu por 64% da produção brasileira de milho.
Em 30 anos, a produção de milho segunda safra aumentou mais de 110 vezes. Podemos apontar alguns fatores como os principais responsáveis por esse avanço: o desenvolvimento de híbridos com genética superior; o advento da biotecnologia; o progresso relativo a serviços, pesquisa e informações disponibilizadas; a tecnificação e o profissionalismo dos agricultores na adoção das práticas de manejo.
Paralelamente a esta evolução, a área plantada aumentou aproximadamente 25 vezes, saindo de 373 mil hectares, em 1984/85, para quase 9,6 milhões de hectares em 2014/15.
Como os números mostram, a produção cresceu muito mais do que a área cultivada, comprovando os ganhos expressivos de produtividade obtidos pela cultura. Na safra de 1984/85, a produtividade média era de 1.297 quilos por hectare. Já em 2014/15 a produtividade chegou aos 5.625 quilos por hectare, um aumento na casa dos 333%.
Mais tecnologia
Nestas últimas safras, a cultura do milho no Brasil atingiu números expressivos de produtividade, equiparando-se com países de alto nível tecnológico e produtivo. Para a safrinha 2016, a expectativa se dá por conta do atraso do plantio da soja na região centro-oeste e as chuvas abundantes que atingiram o Estado do Paraná. O Mato Grosso, maior produtor nacional de milho, pode sofrer uma redução da área plantada e/ou ter maiores riscos em suas lavouras por conta do atraso na época do plantio.
Já no Paraná, chuvas abundantes favoreceram o início da safra 2015/16, e, em função disso, os produtores esperam ganhar até 15 dias na janela de plantio do milho. Essa expectativa faz com que as perspectivas de produtividade sejam boas, pensando numa época de plantio de milho safrinha dentro da janela considerada ideal.
O híbrido ideal
Atualmente, o zoneamento agroclimático indica as cultivares recomendadas para cada Estado, tanto no plantio da safra como da safrinha. A escolha de cada cultivar deve atender a necessidades específicas, pois não existe uma cultivar superior que consiga atender a todas as situações.
O agricultor deve levar em consideração todas as informações que conseguir junto às empresas produtoras de semente, assistência técnica e pesquisa, de forma a ajustar a semente escolhida ao seu sistema de produção. Assim, podemos concluir que o perfil do produtor é o fator determinante para definir qual o híbrido mais indicado a ser utilizado.
Um produtor com bom nível de tecnificação, que lhe permita agilidade nas operações de implementação e manejo, e que tenha um ambiente equilibrado no que diz respeito à nutrição e histórico climático, certamente pode assumir maiores riscos e deve optar por híbridos de alto potencial produtivo.
Caso contrário, existem opções no mercado de híbridos que priorizam a estabilidade de produção em condições adversas em detrimento de alto potencial produtivo.A seguir, destacaremos algumas características fundamentais para levar em consideração na escolha da melhor cultivar para a safra de inverno.
Ciclo
O ciclo da cultivar sempre foi característica fundamental a ser considerada para a safrinha. Até a década de 1980, milho safrinha era sinônimo de ciclo superprecocidade visando escapar das condições adversas de clima, especificamente as geadas no Sul e o regime escasso de chuvas na região centro.
Porém, com o aprimoramento do sistema de produção e sucessão de culturas como um todo, tem sido possível antecipar a colheita da soja e a semeadura do milho safrinha, maximizando o aproveitamento do seu potencial produtivo.
Geralmente, cultivares de ciclos mais tardios são mais adaptadas para os primeiros plantios do período da safrinha, isto porque os meses de janeiro, fevereiro e até março são caracterizados por apresentarem ainda elevadas temperaturas, o que acelera o acúmulo das unidades de calor pelas plantas durante o desenvolvimento vegetativo.
Assim, cultivares de ciclos caracterizados como superprecoces atingem o período de florescimento muito rapidamente, o que reduz a expressão de seu potencial produtivo.
Reconhecidamente, as cultivares de ciclo precoce e normal apresentam superioridade em termos de potencial produtivo quando comparadas com as cultivares superprecoces. Apesar disso, em algumas regiões é justificada a indicação de cultivares de ciclo superprecoce como alternativa mais segura para evitar o risco de perdas.