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domingo, novembro 24, 2024
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Micronutrientes em cana-de-açúcar – Benefícios da aplicação

Thiago Cardoso de Oliveira

thiagocardoso@agronomo.eng.br

Marco Antônio Pereira Ávila

Engenheiros agrônomos, mestrandos em Energia Nuclear na Agricultura e Ambiente pelo CENA/USP – Lab. de Fertilidade do Solo

Eduarda de Oliveira

Gustavo Diniz

Antonio Malvestitti Neto

Graduandos em Engenharia Agronômica – IFSULDEMINAS ““ Campus Muzambinho e bolsistas de Iniciação Científica

Raul Henrique Sartori

Doutor em Ciências e professor do IFSULDEMINAS ““ Campus Muzambinho

 

Crédito José Alencar Magro
Crédito José Alencar Magro

Quando se fala em micronutrientes na cultura da cana-de-açúcar, ouve-se logo a seguinte pergunta: a cana responde à aplicação de micronutrientes? Essa pergunta vem sendo mais bem trabalhada pelos técnicos da área de fertilidade do solo e nutrição de plantas.

Sabendo que a produtividade da cana-de-açúcar está ligada a muitos fatores, entre eles o ambiente de produção. Logo, essa produtividade será um reflexo do ambiente e do manejo aplicados à cultura. Com a expansão da cana em muitas áreas de baixa fertilidade, observou-se uma limitação ao aumento das produtividades decorrente do manejo de fertilidade do solo.

Uma frase do engenheiro agrônomo, consultor e pesquisador Dirceu Gassen nos leva a uma reflexão: a produtividade e a rentabilidade são proporcionais ao conhecimento aplicado por hectare. Com isso, vemos que devemos conhecer bem nossas práticas de manejo visando alcançar melhores produtividades e um canavial economicamente viável, com o cultivo de vários ciclos.

 

A cana exporta muitos nutrientes na forma de colmos - CréditoShutterstock
A cana exporta muitos nutrientes na forma de colmos – CréditoShutterstock

Exportação de nutrientes

A cana exporta na forma de colmos muitos nutrientes, sendo necessário repô-los, independentemente das quantidades extraídas, via prática da adubação. Ressalta-se que, independente de serem macro ou micronutrientes, cada um possui seu papel na fisiologia da planta, sendo que o excesso de um não suprirá a carência de outro, fato esse estabelecido por Sprengel e Liebig, via Lei do Mínimo.

Para o Brasil continuar com o título de maior produtor mundial da cultura, é necessário avançarmos no programa nutricional. A calagem, a adubação NPK, a rotação de culturas, a adubação verde e a adubação com micronutrientes são fatores-chave de manejo para o aumento da produtividade.

A fertirrigação é uma das formas de aplicar os nutrientes na cana - CréditoShutterstock
A fertirrigação é uma das formas de aplicar os nutrientes na cana – CréditoShutterstock

Sintomas de deficiência nutricional

Os micronutrientes desempenham várias funções fisiológicas, anatômicas e estruturais, influenciando no crescimento, perfilhamento, resistência a doenças, qualidade e produtividade.

Os micronutrientes que o produtor deve ter maior atenção na cultura da cana são o boro (B), cobre (Cu), zinco (Zn), manganês (Mn) e molibdênio (Mo), sendo que a disponibilidade deles no solo é influenciada pelo pH (diminui à medida que o pH aumenta).

A exportação de micronutrientes pela planta segue a seguinte ordem: Fe > Mn > Zn > Cu > B > Mo. O boro atua na rota de produção dos carboidratos, na sua complexação e transporte das folhas para os colmos; na divisão e diferenciação celular; na lignificação da parede celular; no crescimento e formação das raízes.

O boro tem mobilidade baixa dentro do floema, portanto, sua deficiência é visível nas folhas novas, tornando-as quebradiças, necrosadas e podendo haver morte no meristema apical.

O cobre atua como ativador de diversas enzimas de grande importância nas rotas fisiológicas (fenolase, lacase, polifenoxilidase), na fotossíntese e na resistência a doenças. Sua mobilidade no floema é considerada parcialmente móvel, fazendo com que a deficiência seja visualizada nas folhas novas. As folhas ficam cloróticas, murchas e com envergamento excessivo. Pode ser observada a perda de turgidez do colmo e do meristema, provocando quebra do ponteiro.

O zinco tem se apresentado como o micronutriente mais importante, visto a grande carência em nossos solos, de modo que sua deficiência é frequentemente observada na cana-de-açúcar. Ele influencia diretamente no perfilhamento e crescimento da planta, fatores estes de extrema importância na produtividade da cana e, por fim, na longevidade das soqueiras.

No metabolismo das plantas o zinco é fundamental para a síntese do triptofano, precursor do ácido indolacético que formará as enzimas responsáveis pelo alongamento e crescimento celular. É parcialmente móvel no floema, e sua deficiência ocorrerá primeiramente nas folhas mais novas.

Os sintomas de carência são estrias cloróticas na lâmina foliar, e quando acontecem casos mais severos ocorre necrose a partir da ponta, encurtamento dos internódios dos colmos, redução no perfilhamento e colmos mais finos.

 Para avaliar a nutrição da cana-de-açúcar em micronutrientes é necessária a análise foliar - CréditoShutterstock
Para avaliar a nutrição da cana-de-açúcar em micronutrientes é necessária a análise foliar – CréditoShutterstock

Recomendação de adubação

Para avaliar a nutrição da cana-de-açúcar em micronutrientes é necessária a análise foliar. Para realizar a análise é necessária a coleta de 30 folhas + 1 (diagnóstica) por talhão.

Essas folhas devem ser coletadas no período de máximo desenvolvimento vegetativo da cultura, por volta de 270 dias após o plantio ou corte. Deve-se coletar somente 20 cm da parte central da folha, desconsiderando a nervura central. Após a coleta, armazenar em saco de papel identificado e encaminhar ao laboratório de análise de solos e tecidos foliares.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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