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Nematoides causam prejuízos de R$ 35 bilhões/ano ao agronegócio

Andressa C. Z. Machado

Pesquisadora/Nematologista do IAPAR

andressa_machado@iapar.br

 

 Créditos Santino Aleandro da Silva
Créditos Santino Aleandro da Silva

Nos últimos anos, os fitonematoides tornaram-se motivo de grande preocupação para a agricultura brasileira, seja pela sua ampla distribuição geográfica, pois ocorrem em praticamente todas as regiões de importância agrícola no País, mas, principalmente, pela grande capacidade de causar perdas de produtividade em culturas como soja, algodão, feijão, café, entre outras.

Em algumas regiões do Brasil, como no Centro-Oeste, já foram relatadas perdas de até 80% da produtividade de soja em função do ataque de uma única espécie de nematoide, P. brachyurus, um dos principais problemas da cultura na atualidade.

Atualmente, as principais espécies que ocorrem no país, causando expressivas perdas econômicas, são os nematoides das galhas, Meloidogynejavanica (soja e milho) e M. incognita (soja e milho), o nematoide das lesões, Pratylenchusbrachyurus (soja, algodão e milho), o nematoide de cisto da soja, Heteroderaglycines (soja) e o nematoide reniforme, Rotylenchulusreniformis (soja e algodão).

Todos eles causam expressiva queda de produção nas culturas principais em que ocorrem.Segundo pesquisas recentes da Embrapa e da Aprosoja, os danos provocados por nematoides podem chegar a alarmantes R$ 35 bilhões por ano.

Olho aberto

Esse parasita ainda é desconhecido por muitos produtores e não tem recebido a importância devida. Isso se deve, principalmente, à dificuldade no reconhecimento dessas espécies a campo, que é feita pela observação do sistema radicular, que pode ou não apresentar sintomas típicos da presença desses organismos.

Os nematoides de galhas, como o próprio nome diz, são aqueles formadores de galhas no sistema radicular, sintoma bastante típico das meloidoginoses nas culturas em que ocorre. Por outro lado, P. brachyurus causa extensivas lesões necróticas nas raízes; entretanto, este tipo de sintoma não é característico do nematoide, podendo ser ocasionado por vários outros patógenos da cultura, dificultando o diagnóstico da espécie.

Assim como para P. brachyurus, raízes de plantas atacadas pelo nematoide reniforme e pelo nematoide de cisto não exibem, habitualmente, um sintoma típico que possa caracterizá-lo sob observação ainda no campo. Em todos os casos, entretanto, a melhor forma de identificar o problema seria a amostragem da área suspeita e envio das amostras a laboratório especializado para identificação e quantificação da(s) espécie(s) presente(s) na área.

Cistos do nematoide de cisto da soja, Heteroderaglycines, aderidos em raiz de soja - Créditos SantinoAleandro da Silva
Cistos do nematoide de cisto da soja, Heteroderaglycines, aderidos em raiz de soja – Créditos SantinoAleandro da Silva

Influências externas

As condições que favorecem tais espécies de nematoides são temperaturas mais elevadas, acima de 25 ºC, umidade adequada e presença de plantas hospedeiras na área. Devido a essas características, uma das regiões brasileiras que mais apresentam problemas com nematoides é o Cerrado, uma vez que as temperaturas são sempre elevadas, a maioria das grandes áreas produtoras são irrigadas e existe alimento para o patógeno o ano todo, já que o monocultivo de culturas suscetíveis é o sistema mais adotado na região.

O controle dos nematoides em culturas de grande extensão geralmente é bastante difícil, por ser oneroso e de eficiência variável. O mais importante é prevenir o estabelecimento desses patógenos em locais onde ainda não ocorram, pois sua erradicação é praticamente impossível.

As principais formas de evitar a disseminação de nematoides são:

ðUso de mudas de viveiristas certificados, produzidas em substrato isento de nematoides, no caso de lavouras perenes;

ð Cuidados com maquinário agrícola, pois a terra aderida a implementos e rodados pode disseminar grandes quantidades de nematoides;

ðEvitar erosão, mantendo o solo sempre coberto, pois solo infestado pode ser levado de uma área com nematoide para outra ainda isenta;

ð Evitar enxurradas dentro da lavoura;

ð Utilizar sementes certificadas, limpas, de preferência peletizadas (no caso de braquiárias), para evitar que torrões e partes de plantas que são transportados junto com as sementes possam introduzir o nematoide; entre outras.

Infelizmente, grandes extensões no Brasil já estão infestadas por nematoides, sendo necessária a adoção de medidas para diminuir sua população e permitir o cultivo com menores perdas para o produtor.

Opções de manejo

Como principais opções para o manejo de nematoides tem-se o uso de cultivares resistentes, a rotação de culturas com plantas não hospedeiras do nematoide e a utilização de nematicidas, seja no sulco de plantio, seja via tratamento de sementes.

O uso de cultivares resistentes seria o método ideal de manejo.Entretanto, poucas opções estão disponíveis no mercado, com níveis elevados de resistência e alta produtividade.

A utilização de nematicidas é uma prática de eficiência variável, uma vez que o adequado controle exercido pelo produto químico é dependente de uma série de fatores, como a granulometria do solo, nível de umidade na lavoura, época de aplicação, entre outros.

O tratamento de sementes, pela facilidade de aplicação, surge como opção de manejo desses patógenos em culturas como soja, milho e algodoeiro.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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