Pedro Francio Filho
Engenheiro agrônomo, diretor do departamento de Silvicultura e Agrossivicultura da Unisafe Consultoria, consultor e assessor florestal
pedro@unisafeconsultoria.com.br
A agrossilvicultura, por meio dos sistemas agroflorestais (SAF´s), se encaixa perfeitamente na necessidade de mudança e produção sustentável. O sistema se divide em silvipastoril (florestas com pastagens); silviagrícola (florestas com agricultura); e agrossilvipastoril (florestas com agricultura e pecuária simultânea ou sequencial).
Nesses modelos, a distribuição de mão de obra é mais uniforme durante o ano, e existe uma melhoria das condições de vida promovida pela diversidade de produção, que reduz os riscos e incertezas do mercado.
As árvores no sistema funcionam como quebra-ventos, mantendo a umidade do solo, aumentando a fixação de nutrientes, restaurando as propriedades químicas, físicas e microbiológicas dosolo, e melhorando a qualidade da cultura agrícola ou pasto.
Além da exploração racional dos recursos disponíveis, a agrossilviculturaaumenta a renda do agropecuarista, resulta em maior estabilidade econômica e segurança das futuras gerações para dar sucessão à atividade no campo. Essa integração lavoura-pecuária-floresta já existe no País desde a década de 80, por meio da agrossilvicultura, e não é nenhuma novidade.
A longo prazo
A maioria dos produtores é imediatista, “pensa pra ontem“, e talvez por esse motivo a difusão do sistema no País tenha tido certa dificuldade. O planejamento da área, como uma empresa rural, com a introdução do componente florestal, terá rendimentos a curto prazo com a agricultura e pecuária; a médio prazo com o desbaste da madeira, a colheita de produtos florestais não madeiráveis, além dos resultados da integração, como bem-estar animal, umidade, produtividade, ciclagem de nutrientes, dentre inúmeros outros; e a longo prazo com o corte raso das árvores, utilizando a madeira com alto valor agregado para serraria, móveis, construção civil, tratamento em autoclave, laminação e processo.
Vantagens
O sistema agrossilvipastoril tem otimizado a exploração econômica do setor agropecuário, e não há nada que desabone a utilização da integração. Os resultados vão desde 30% de aumento na produtividade do leite, e podem até duplicar o ganho de peso diário dos animais, dependendo da prática adotada e do manejo utilizado.
Além disso, temos a floresta para ser explorada ou cortada após um período maior, podendo ser considerada como uma poupança florestal, ou até mesmo um investimento de médio e longo prazo.
Porém, é importante ressaltar que para colher resultados promissores, de alta produtividade, precisamos equilibrar os solos no sistema. Deve ser realizada a amostragem planejada para cada talhão, a coleta estratificada dos solos em profundidade, análises completas, laboratório idôneo e recomendação de equilíbrio das cargas do solo para cada região do País.
Profissionalismo é a palavra de ordem
Todos os outros detalhes subsequentes devem ser tratados com profissionalismo, e não com oportunismo. Precisamos respeitar os conceitos básicos que envolvem essa ciência tão nobre e reconhecida mundialmente, que é a agrossilvicultura, para não comprometer os resultados.
Estes são apenas alguns dos infinitos benefícios resultantes da agrossilvicultura, pois uma imensa quantidade de espécies florestais(exóticas e nativas) pode ser utilizada, e em diversos arranjos espaciais, delineados de acordo com cada realidade, tipo de solo, clima, temperatura e localização.
Seja para a pequena, média ou grande propriedade, todos podem aderir ao sistema, sem restrições. Temos esta tecnologia fantástica para ser utilizada a favor do homem do campo, bastando coletar as informações adequadas, planejar bem a área e colher excelentes resultados ambientais, sociais e econômicos.