O período recomendado para o plantio da segunda safra de milho da temporada 2015/16 no Centro-Sul do Brasil começou no dia 15 de janeiro. Agricultores do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, São Paulo e Minas Gerais devem plantar o cereal até março, informa o Ministério da Agricultura
Atualmente, a segunda safra responde pela maior parte da colheita total do grão (1º e 2º ciclos). No período 2014/15, a segunda safra, ou de inverno, representou 64,5% da produção de 84,67 milhões de toneladas.
 Conhecida anos atrás como safrinha, a segunda safra de milho passou a se destacar mais na agricultura brasileira a partir do ciclo 2011/12. Naquela temporada, a colheita do cereal plantado fora do período tradicional do calendário agrícola ultrapassou pela primeira vez o volume da produção do milho primeira safra. Desde então, não parou mais de crescer.
O milho segunda safra também é cultivado no Norte e no Nordeste. Em Tocantins e Rondônia, o plantio se inicia em fevereiro. No Maranhão e no PiauÃ, a semeadura começa em março. Em abril será a vez dos agricultores de Alagoas, do nordeste da Bahia e de Sergipe plantarem o cereal.
Em razão da proporção que tem alcançado, principalmente para o milho, o termo safrinha não seria, hoje, o mais adequado. Assim, tem-se usado o termo segunda safra. O Brasil deverá ter uma produção próxima de 64 milhões de toneladas de grãos na segunda safra (incluindo a terceira safra de feijão), em 2016. Isso significaria algo como 30% da produção de grãos da safra 2015/16.
Àfrente
A principal cultura plantada na segunda safra é o milho, com área estimada próxima de 10 milhões de hectares em 2016, e produção da ordem de 58 milhões de toneladas. Em seguida vem o feijão (segunda e terceira safras), com 3,5 milhões de toneladas, depois o sorgo, com 1,9 milhão. Depois aparecem outras espécies, com produção bem menor, como amendoim (0,24), girassol (0,18), e outras ainda com menor área, como o milho pipoca.
Segundo Ciro Antonio Rosolem, vice-presidente de Estudos do Conselho CientÃfico para Agricultura Sustentável (CCAS) e professor Titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho“ (FCA/Unesp Botucatu), o cultivo de soja em segunda safra tem aumentado, em função da boa rentabilidade, mas, em função do ataque de pragas e doenças, causa alguns problemas. Assim, a safrinha de soja está proibida em alguns estados.
“Na verdade, a segunda safra deve ser definida muito antes de fevereiro, e deve ser planejada juntamente com a safra de verão que a precede, pois a implantação da safrinha vai determinar o tipo de variedade e o ciclo da cultura de verão“, alerta, acrescentando que é preciso planejar o uso de herbicidas levando em conta o período residual, para que não haja prejuízo à segunda safra. Há ainda que se considerar a sensibilidade das espécies e variedades em rotação a nematoides.
Além de tudo isso, é necessário considerar a extensão e época de obediência ao vazio sanitário que existe em alguns Estados.
Rentabilidade
Para Ciro Rosolem, a rentabilidade da segunda safra, em alguns casos, tem se equiparado à primeira. Isso porque normalmente a produtividade de milho e do sorgo são menores, mas a produtividade do feijão, do amendoim e do girassol podem ser maiores, em função do clima e da incidência de doenças.
Primeira safra gera boa safrinha
De acordo com Ronaldo Teixeira, economista, contador e profissional da área agrícola, é importante escolher o ciclo da soja em função de sua precocidade e época ideal de plantio, tendo em vista que as variedades de soja mais precoces têm zoneamento de plantio mais cedo, podendo ser plantadas no início do mês de outubro e colhidas no fim de janeiro.
“Portanto, para plantio de milho na segunda safra este deve acontecer até, no máximo, dia 20/02. Após esta data a cultura mais indicada para a região do Triângulo Mineiro é o girassol e o sorgo, pois essas culturas têm um custo de implantação menor e demandam menos água para seu desenvolvimento“, aconselha.
Planejamento é fundamental
Fertilidade do solo é uma grande preocupação de agricultores que fazem duas safras por ano, pois a demanda por nutrientes pelas plantas praticamente dobra nesta situação, podendo o agricultor usar culturas que se beneficiem dos restos culturais da safra passada, como o milho, que utiliza uma parte do nitrogênio deixado pela soja no solo após ser colhida, a soja, que utiliza o potássio deixado pela cultura do girassol, etc.
Outro detalhe importante é a utilização de herbicida, que pode deixar resíduos no solo prejudicando a cultura seguinte, pois a maioria dos herbicidas sistêmicos podem demorar até seis meses para se decompor.
A presença de nematoides deve ser bem monitorada, pois com cultivos intensivos estes podem se multiplicar com uma velocidade muito grande e causar sérios prejuízos ao produtor.