A qualidade da água é fator fundamental na eficácia de produtos fitossanitários. Muitos agricultores evitam usar a água de rios por causa dos teores elevados de argila, de material orgânico ou de sais. Optam pela água de poços artesianos que, em geral, são lÃmpidas.
Se a água apresentar quantidade elevada de partículas de terra em suspensão, pode reduzir a meia-vida (tempo para inativar 50% do produto) de herbicidas, como o paraquate e o glifosato, que são adsorvidos na argila.
Nas regiões com águas minerais e alcalinas, o pH pode atingir níveis superiores a 9. Muitos produtos fitossanitários reduzem sua meia-vida hidrolÃtica quando misturados em água alcalina.
pH da água usada
Com relação à acidez, trabalhos recentes mostram que alguns herbicidas e os inseticidas piretroides têm sua eficiência melhorada quando aplicados com água de pH próximo a 4,0.
O herbicida glifosato apresenta melhor eficiência em pH 3,0.Cada produto apresenta características específicas de melhor eficácia, dentre elas o pH. Estas informações podem ser encontradas no rótulo da embalagem comercial ou obtidas junto ao fabricante.
O indicativo que define o pH em que o produto apresenta maior adsorsão (inativação) é denominado de pka, que é a constante de ionização em meio ácido onde adquire característica de cátion neutro, monoânion, diânion e triânion, ou seja, o valor do pH em que o composto apresenta sua máxima ionização ou capacidade de reagir com outras substâncias. Entretanto, quando o pH do meio está distante do pka do composto, ele ainda continua sendo adsorvido, embora com menor intensidade.
O pka da ametrina é 4,0 e da atrazina 1,6. A atrazina, por exemplo, em pH 1,6 apresenta sua máxima adsorção. Portanto, o pH, quanto mais distante de 1,6, maior a disponibilidade do produto.
O paraquate também apresenta comportamento semelhante, mas pelo fato de pertencer a um grupo de compostos básicos fortes, é atraÃdo pelas cargas negativas existentes nos colóides orgânicos e minerais presentes na solução.
Controle do pH é fundamental
Vários adjuvantes do mercado podem reduzir o pH das águas de pulverização, além de serem anti-espumas, anti-deriva, espalhantes e aderentes. Alguns produtores arriscam colocar substâncias ácidas caseiras (ácido muriático, cÃtrico, acético-vinagre, sulfatos etc.)usadas para reduzir o pH de águas de pulverização antes de colocar os produtos fitossanitários no tanque.
Existem outros ácidos fortes, de baixo pH ou alto poder tampão, que podem ser usados em doses menores aos citados. Em geral, o limite inferior do pH está em 3,5. Abaixo deste valor poderá ocorrer dissociação iônica e precipitação do produto, reduzindo sua solubilidade e, em conseqüência, causando má homogeneização na calda, aumentando os riscos de fitotoxicidade nas plantas.
Recomenda-se medir o pH da água da fonte de abastecimento para, quando necessário, determinar a necessidade de adoção de ácido para a correção de acidez.
Em geral, o pH da água se mantém constante na mesma localidade no inverno e no verão, mas para garantir a faixa adequada de pH para cada pulverização com as misturas de cada pulverização é mais garantido medir cada vez que fizer a aplicação de produtos fitossanitários, por meio do uso de indicadores de pH da calda.
O profissional que orienta o uso de agrotóxicos deve ter um medidor de pH calibrado permanentemente como ferramenta normal de trabalho, ou fazer uso dos indicadores de pH.
Inimigos ocultos na água
É importante saber que a água tem inimigos ocultos que fazem alterar o funcionamento normal dos agroquímicos, sendo por alcalinidade (pH acima de 7,0), ou pela quantidade dos sais dissolvidos (minerais).
Estes inimigos começam a agir silenciosamente desde o momento em que os agroquímicos são acrescidos à água, resultando em prejuízo ao agricultor. Confira a seguir como reagem alguns agroquímicos em pH alcalino.
Fonte/referências:
Massachussets – Ag. Experimental Station
Universit of Massachussets
Norte Carolina – Ag. Experimental Station
Brithch Crop Protection Council – Ag.Extension
Nomenclatura de ingredientes ativos e produtos de acordo com compêndio de Defensivos Agrícolas da Editora Andrei.
PH ideal para cada tipo de aplicação de defensivos | |||||||||
HERBICIDAS | INSETICIDAS | FUNGICIDAS | ACARICIDAS | REGULADOR DE CRESCIMENTO | |||||
PrincÃpio Ativo | pH Ideal | PrincÃpio Ativo | pH Ideal | PrincÃpio Ativo | pH Ideal | PrincÃpio
Ativo |
pH Ideal | PrincÃpio Ativo | pH
Ideal |
AcifluorfenSódium | 5.0 | Acephate | 5.0 | Benomil | 5.0 | Abamectin | 5 | Ethphon | 3 |
Acierfluorfen + Bentazone | 5.0 | AzimphosEthvi | 5.0 | Bitertanol | 5.0 | Amitraz | 5 | Cloreto de Mepiquat | 5 |
Alachlor | 5.0 | BacillusThurigiensis | 5.0 | Captan | 5.0 | Azocyclotin | 5 a6,5 | ||
Ametryne | 5.0 | Carbaryl | 5.0 | Carbendazim | 5.0 | Bromopropylade | 5 | ||
Atrazine | 5.0 | Carbofuran | 5.0 | Carboxin | 5.0 | Cyhexatin | 5 | ||
Bentazone | 7.0 | Carbosulfan | 5,5 a 7.0 | Clorothalonil | 5.0 – 6.0
|
Dicofol | 5 | ||
Chlorimuron-Etyl | 5.0 | Cartap | 5.0 | Cyproconazole | 5.0 | Dicofol + Tetradifon | 5 | ||
Clomazone | 5.0 | Cloropyrifos | 4.0 – 5.0 | Difenoconazole | 5.0 | Dimetoate | 4 | ||
Cyanazine | 5.0 | Ciflutrin | 4.0 | Dodine | 6.0 – 7.0
|
Fenbutatin-oxide | 7 | ||
Dicamba | 5.0 | Cypermethrin | 4.0 | Fernarimol | 5.0 – 6.0
|
Óxido deFenibutatina | 7 | ||
Diclorofenoxiacético | 5.0 | Deltametrine | 4.0 | Iprodione | 5.0 | Hexythiazox | 5 | ||
Diquat | 5.0 | Diazinon | 7.0 | Mancozeb | 5.0 | Propargite | 5 | ||
Diuron | 6.0 – 7.0 | Diflubenzuron | 5.0 | Oxicloreto de Cobre | 5 – 6,5 | ||||
Diuron-Hexazinone | 6.0 | Dimetoate | 4.0 | Propiconazole | 5.0 | ||||
Fenoxaprop – P ““Etil | 5.0 | Ethion | 5.0-6.0 | Tebuconazole | 5.0 | ||||
Fluazipop – P-Butil | 5.0 | Endossulfan | 5.0 | Thiofanato MetÃlico | 5.0 | ||||
Gliphosate | 3.0 – 4.0 | Fenitrothion | 4.0 – 6,5 | Thiabendazole | 5.0 | ||||
Glufosinato | 4.0 | Fenthion | 4.0 – 5.0 | Triadimefon | 5.0 | ||||
Imazapyr | 5.0 | Fenvalerate | 4.0 | Triforine | 5.0 | ||||
Imazaquin | 5.0 | FormetanateHidrocloreto | 6.0 | Â | |||||
Imazethapyr | 5.0 | Lambdacyhalothrin | 4.0 | Â | |||||
Flumetsulan | 5.0 | Lufenurom | 5.0 | Â | |||||
Fomesafen | 5.0 | Malathion | 5.0 | Â | |||||
Halosulfuron | 5.0 | Methamidophos | 4.0 – 5.0 | Â | |||||
Holoxifop | 5.0 | Methidathion | 4.0 – 5.0 | Â | |||||
Lactofen | 5.0 | Methomil | 5.0 | Â | |||||
Linuron | 5.0 | Monotocrophos | 4.0 | Â | |||||
Metolaclor | 5.0 | Parathion-Metil | 5.0 | Â | |||||
Metribuzin | 5.0 | Permethrin | 4.0 | Â | |||||
Oryzalina | 5.0 | Phosmet | 5.0 | Â | |||||
Oxyfluorfen | 5.0 | Profenofos | 4.0 | Â | |||||
Paraquat | 4.0 | Teflubenzuron | 5.0 | Â | |||||
Pendimenthalin | 5.0 | Thiodicarb | 5.0 | Â | |||||
Picloran | 5.0 | Thiometon | 5.0 | Â | |||||
Sethoxidim | 5.0 | Triazophos | 4.0 – 6,5 | Â | |||||
Simazine | 5.0 | Trichlorfon | 6.0 | Â | |||||
Sulfentragone | 5.0 | Â | Â | ||||||
Sulfosate | 5.0 | Â | Â | ||||||
Trifuralina | 5.0 | Â | Â |