Asdrúbal de Carvalho Jacobina
Gerência de Custos de Produção da Conab
asdrubal.jacobina@conab.gov.br
O custo de produção agrícola tem a finalidade de conhecer o dispêndio para a produção dos diversos produtos nacionais. Para realização deste, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) dispõe de uma metodologia própria elaborada com auxÃlio de grandes parcerias, como universidades, instituições privadas e outras associações.
Pode-se dividir o método de cálculo em custo variável, que são os gastos com máquinas, mão de obra temporária e permanente, sementes, fertilizantes, defensivos, transporte externo, classificação, armazenagem, transporte e seguro. Nos custos fixos, a metodologia estabelece o registro das despesas com depreciação, manutenção periódica de máquinas, encargos sociais, seguro de capital fixo e remuneração esperada sobre o capital fixo e a terra. Nesse âmbito, realizamos custos de produção de grãos em todo o País.
Para critério de polÃtica agrícola, é sempre utilizado o custo variável, por se tratar dos dispêndios diretos (o capital de giro aplicado na safra) com a lavoura investidos pelo produtor rural. Dessa forma, os custos de produção apresentados nesse texto estão todos relacionados ao custo variável.
Em análise criteriosa, pudemos observar que ocorreu um aumento de 20% no custo variável de produção de grãos (soja, milho, algodão e feijão), quando comparamos os custos atualizados no mês de novembro de 2014 com os de novembro de 2015. Feijão primeira safra e soja tiveram as maiores variações, com 25 e 23%, respectivamente. A cultura do milho primeira safra obteve a menor variação, com 16%.
Favorecimento
Os itens que mais influenciaram o aumento dos custos de produção foram as sementes, fertilizantes e agrotóxicos. Ao observar o custo variável dos produtos analisados (algodão, soja, feijão e milho), notamos que, em média, os dispêndios com fertilizantes tiveram maior variação – 25%, seguido de sementes, com 24% e agrotóxicos, com 22%, se compararmos novembro de 2014 com novembro de 2015.
O feijão primeira safra mostrou a maior variação em fertilizantes, em média 29%, com destaque para Campo Mourão (PR), com 41% de aumento.
Para os agrotóxicos, o grão em destaque foi o milho segunda safra, seguido do algodão, com médias de 28% e 27%, respectivamente. Tratando-se ainda do milho segunda safra, a praça que registrou maior variação foi Campo Verde (MT), com 46%, seguida do algodão, com 36% de aumento para a mesma localidade.
Projeções
Nos custos de produção das culturas da agricultura empresarial acompanhados pela Conab, são utilizados diversos produtos com preços e dosagens diferentes, que influenciam em projeções positivas ou declÃnios para esta variável.
Esse conjunto de preços se altera de acordo com alguns fatores, por exemplo: a época de utilização do insumo, organização e comportamento dos produtores nas suas aquisições em função de quantidades e preços e, principalmente, pela variação cambial.
O feijão segunda safra tem o maior aumento médio com sementes, contabilizando 40%. Destaque para a produção desse grão em Unaà (MG), que obteve aumento de 57% para essa variável. A comercialização desse insumo varia bastante durante o ano e seu preço é influenciado por diversos fatores, como época de plantio, disponibilidade do produto, ou até mesmo as conjunturas de mercado nacional e internacional.
A mão de obra temporária não é representativa na agricultura empresarial, não somente pela escassez de trabalhadores no campo como também pela inclusão de grande acervo de máquinas agrícolas. Em culturas irrigadas, o aumento da energia elétrica e a inserção da bandeira vermelha foram fatores determinantes para elevar de maneira significativa o custo de produção agrícola da safra 2015 em relação a 2014.
Rentabilidade
As commodities agrícolas são negociadas em bolsas de mercadorias, portanto, seus preços são definidos em nível global, pelo mercado internacional. Dessa forma, em algumas ocasiões a oscilação da moeda minimiza os altos custos de produção e o investimento feito durante toda safra.
Isso ocorre quando o dólar está valorizado em relação à moeda brasileira, fazendo com que o grão seja exportado com alto valor agregado, possibilitando menor impacto no bolso do produtor.
Observa-se, em algumas regiões, como em Primavera do Leste (MT), que o produtor de soja, além de repor o investimento na lavoura, consegue uma boa margem de lucro na comercialização do produto. Neste caso, o custo variável da saca de 60 kg foi levantado em R$ 50,80 para novembro de 2015, e o preço recebido pelo produtor ficou em R$ 68,03 por saca de 60 kg.