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A bacteriose da goiabeira

Júlio Rodrigues Neto

Pesquisador científico do Laboratório de Bacteriologia Vegetal do Instituto Biológico

julio@biologico.sp.gov.br

Crédito Pixabay
Crédito Pixabay

No território Nacional, as principais regiões produtoras de goiaba concentram-se no nordeste e sudeste, principalmente nos estados de Pernambuco e São Paulo, seguidos pelo Centro-Oeste e região Sul. Em nível mundial, o Brasil ocupa o terceiro lugar na produção de goiabas, atrás da China e Índia, sendo o primeiro na produção de variedades de polpa vermelha.

Por outro lado, pragas e doenças sempre representam um fator limitante às culturas, uma vez que acarretam prejuízos econômicos que inviabilizam o cultivo. A cultura da goiabeira, em particular, é alvo de vários agentes fitopatogênicos, e dentre estes se destaca a bactéria Erwinia psidii, agente causal da bacteriose da goiabeira.

Esta doença possui várias denominações regionais, sendo também conhecida como “seca dos ponteiros“, “mela“, “negrão“, “morte das pontas“ etc., e representa grande importância na cultura devido aos danos que provoca nas plantas, os quais afetam diretamente a produção.

Pragas e doenças sempre representam um fator limitante à goibeira
Pragas e doenças sempre representam um fator limitante à goibeira

A bactéria Erwinia psidii

A bactéria E. psidii é membro da família Enterobacteriaceae, pertencente ao chamado grupo das Erwinias verdadeiras, no qual estão incluídas E. amylovora, E. rubrifaciens, E. quercina, E. salicis, E. nigrifluens, entre outras. É uma bactéria de metabolismo fermentativo da glucose, com temperatura ótima de crescimento ao redor de 28-30ºC.

Por meio de inoculações artificiais, a bactéria foi capaz de infectar o araçá, jambo-vermelho e melaleuca. Em condições naturais não foi detectada infecção pela bactéria naquelas espécies.

Escurecimento e desintegração da medula em ramo - Crédito Pixabay
Escurecimento e desintegração da medula em ramo – Crédito Pixabay

Sintomas da doença

A bactéria pode infectar ramos, brotações, folhas, botões florais e frutos. Nos ramos novos ou produtores, a infecção pode ocorrer do ápice (extremidade) para baixo ou da base do ramo, dependendo do modo de contaminação.

A infecção pelo ápice é a mais comum, na qual a bactéria penetra pelas flores ou pelas aberturas deixadas pela queda das peças florais após o “pegamento“ das flores, bem como pelos frutinhos e, uma vez a bactéria atingindo o interior dos ramos, alcança a medula, onde provoca a desagregação da mesma (mela), e os ramos tornam-se escurecidos, de coloração pardo-avermelhada, seguida de murcha e seca.

As folhas dos ramos infectados ficam com os tecidos escurecidos ao longo da nervura central, expandindo-se posteriormente por todo o limbo foliar, ocasionando a seca total das folhas. Esta seca progride para a base do ramo até encontrar o tecido já lignificado. Estes sintomas afetam diretamente a produção, haja vista inutilizar o ramo produtor (ou do ano).

Quando a infecção do ramo ocorrer pela base, geralmente devido à poda com ferramenta contaminada ou ferimentos na base, o ramo poderá conter frutos doentes e sadios. A bactéria atingindo a medula provoca seca do ramo, e os frutos não chegam a se desenvolver, tornando-se mumificados.

O diagnóstico presuntivo da doença pode ser realizado pela comparação da sintomatologia apresentada, ou ainda pelo “teste do copo“, originalmente descrito para o diagnóstico de Ralstonia solanacearum. O teste consiste em se cortar pequena porção de tecido do ramo suspeito e colocar na parede interna de um copo com água, de modo que uma das extremidades do tecido toque a água. No caso da bacteriose, em pouco tempo um filete esbranquiçado se desprenderá do tecido em direção ao fundo do copo.

Frutos mumificados devido ao ataque da bactéria - Crédito Pixabay
Frutos mumificados devido ao ataque da bactéria – Crédito Pixabay

Disseminação

Para longas distâncias, o homem é o principal agente disseminador da bactéria, por meio de mudas contaminadas, partes vegetais, frutos e sementes. No pomar, a dispersão da bactéria presente nos exsudatos de plantas infectadas pode ser transmitida para plantas sadias através de insetos visitadores das inflorescências, pela água de chuva ou de irrigação, pela ação dos ventos que formam os aerossóis e pelos tratos culturais de poda ou colheita, principalmente quando realizados em condições de alta umidade.

Sintomas de seca em brotações novas - Crédito Pixabay
Sintomas de seca em brotações novas – Crédito Pixabay

Controle

Devido à inexistência de variedades resistentes à doença e à falta de defensivos agrícolas efetivamente eficazes contra bactérias fitopatogênicas, o controle da bacteriose, de modo geral, é realizado preventivamente, com o plantio de mudas sadias e adoção de medidas que visem minimizar as perdas, por meio do manejo integrado da doença.

Neste estão incluídos, entre outros, o sistema de cultivo, podas de condução e sanitização, irrigação do pomar e escolha do local para o plantio. A seguir são descritas práticas que auxiliam em conjunto na diminuição da incidência da doença:

„ Origem das mudas ““ na formação da cultura, antes do plantio deve ser observada atentamente a procedência das mudas, que deverão estar isentas de quaisquer patógenos, produzidas em áreas onde não fora observada a ocorrência da bacteriose;

„ Escolha do local de plantio ““ evitar locais com alta incidência pluviométrica e expostos a ventos fortes, bem como solos mal drenados e com acidez elevada;

„ Planejar o sistema de irrigação e espaçamento ““ evitar o plantio adensado, bem como a irrigação por aspersão convencional, uma vez que esta propicia aumento na incidência de doenças, bem como causa problemas na polinização das flores, sendo recomendada irrigação por sistemas de gotejamento;

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Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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