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Ferrugem da goiabeira pode acabar com a produção

Ivan Herman Fischer

Pesquisador da APTA Bauru

ihfische@gmail.com

 

Crédito Ivan Herman
Crédito Ivan Herman

A ferrugem, causada pelo fungo Puccinia psidii, é uma das principais doenças da goiabeira. A doença ocorre em diferentes espécies da família Myrtaceae e é também considerada de grande importância nos plantios de eucalipto. O patógeno infecta tecidos jovens da goiabeira, principalmente os botões e os frutos novos, causando abortamento de flores, necrose em brotações novas e queda acentuada de botões e frutos.

As perdas decorrentes da redução da produtividade e da qualidade dos frutos podem ser severas, havendo relatos de 80 a 100% de perdas na ausência de controle químico.

Sintomas da ferrugem

O fungo pode infectar tecidos da parte aérea em formação, como folhas, ramos, botões florais e, principalmente, os frutos. Inicialmente, há o aparecimento de pequenas pontuações amareladas e pulverulentas, correspondentes aos esporos do patógeno.

Com o desenvolvimento da doença as lesões evoluem até coalescerem, ocupando grandes porções do tecido vegetal, podendo ocorrer o encarquilhamento de ramos e a presença de lesões corticosas, onde antes era encontrada a massa pulverulenta de coloração amarelada.

Nas folhas, as lesões são circulares e adquirem uma coloração marrom ou palha. Nos botões florais e frutos, onde os danos costumam ser mais severos, as lesões circulares tornam-se necróticas, de coloração negra.

A infecção em flores resulta em abortamento e os frutos atacados caem ou tornam-se deformados e sem nenhum valor comercial. Nos pontos anteriormente cobertos pelos esporos, pode-se observar a presença de fissuras que permitem a infecção de microrganismos secundários, responsáveis por podridões nos frutos, como por exemplo a antracnose. Em viveiro, o fungo pode provocar uma necrose na extremidade dos caulículos e nas folhas novas, levando à perda da muda infectada.

Botão floral atacado pela ferrugem - Crédito Martins, M.V.V.
Botão floral atacado pela ferrugem – Crédito Martins, M.V.V.

Condições para seu surgimento

A doença torna-se severa sob condições de alta umidade relativa e temperatura média em torno de 22ºC na fase da emissão dos botões florais até frutos de aproximadamente 4 cm de diâmetro, uma vez que o avanço da doença é limitado com o amadurecimento dos tecidos.

Quando brotações e frutos jovens são infectados ocorre a esporulação do patógeno entre 7 e 15 dias, e os esporos disseminados por ventos, chuvas e insetos somente resultarão em novas infecções quando da disponibilidade de novas brotações e frutos jovens.

Para que ocorra a infecção por parte do fungo, os esporos necessitam de umidade relativa maior ou igual a 90%, e pelo menos oito horas de temperaturas entre 18 e 25ºC.

Prevenção

Preconiza-se um manejo preventivo por meio de medidas culturais que permitam um bom arejamento das plantas, como poda e espaçamento de plantio adequado, realizar adubações equilibradas, de acordo com a análise do solo e a necessidade das plantas, evitando o excesso de nitrogênio.

Existem algumas cultivares tolerantes, as quais são destinadas à industrialização, e em menor escala ao consumo in natura, enquanto que outras são moderadamente resistentes.

Plantas da família das Mirtáceas (eucalipto, jabuticabeira, jambeiro, araçazeiro), que funcionam como fonte de inóculo, devem ser eliminadas das proximidades do pomar comercial. Reduzir a fonte de inóculo do patógeno por meio da poda em períodos que permitam a vegetação e frutificação fora dos meses de inverno é importante. O plantio da goiabeira em regiões que apresentem baixa umidade relativa e/ou inverno pouco pronunciado pode dificultar o surgimento da doença.

A aplicação de fungicidas cúpricos deve ser realizada preventivamente logo após o início das brotações, repetindo-se com intervalos de 14 dias até os frutos apresentarem 3 cm de diâmetro (após esse tamanho, os frutos tornam-se sensíveis ao cobre).

Manejo curativo

Após o aparecimento dos primeiros sintomas da doença deve-se realizar uma aplicação de fungicida sistêmico do grupo triazol, estrobilurina ou triazol + estrobilurina.

Caso as condições climáticas sejam favoráveis à doença, reaplicar em intervalos de 14 dias, fazendo alternância com fungicida de outro grupo químico até os frutos atingirem 4 cm de diâmetro, quando os mesmos tornam-se resistentes à infecção. Realizar, no máximo, três a seis aplicações do mesmo produto, a depender das recomendações do fabricante, durante a safra da cultura, para evitar a formação de raças resistentes do patógeno.

Prevenção x cura

Prevenção refere-se ao manejo adotado pelo agricultor antes da ferrugem se estabelecer na cultura, devendo-se adotar um manejo integrado, a exemplo da escolha de variedades mais resistentes, da adubação equilibrada e das pulverizações com cúpricos, visando evitar os danos da doença.

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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