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O Tratado Transpacífico e os riscos às exportações de produtos florestais do Brasil

Marcio Funchal

Administrador de empresas, mestre em administração estratégica e especialista em planejamento e gerenciamento estratégico

 mfunchal@consufor.com

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O Tratado Transpacífico (TPP, do inglês trans-pacific partnership agreement) representa um acordo comercial com 12 países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Singapura, Estados Unidos e Vietnã. Juntos, esses países representam 39% do PIB mundial (só os Estados Unidos e Japão, respectivamente 1ª e 3ª nações mais ricas do mundo, equivalem a 31%).

Em termos mundiais, esse acordo comercial tem a finalidade de desenvolver o comércio de mercadorias entre seus integrantes, mediante a redução drástica de barreiras alfandegárias, padronização de processos de propriedade intelectual, obrigações trabalhistas e gestão ambiental, entre vários outros aspectos de uniformização de condições de competição. Alguns chamam este tipo de acordo de “desvio de comércio“, pois a intenção é tornar mais barata a troca de mercadorias e serviços entre os países do Tratado.

Os acordos

Com o Brasil preso ao “paquidérmico“ Mercosul, as grandes nações têm costurado acordos comerciais cada vez mais estruturados para abertura e manutenção de seus mercados de comércio internacional. Cabe então analisar: quais os riscos que o TPP traz às exportações de produtos florestais brasileiros?

A Figura 1 mostra que apenas 5% da produção mundial de produtos florestais são destinados ao comércio internacional. Já a Figura 2 mostra que o Brasil é um player relativamente influente em termos de produção mundial: é responsável por cerca de 5% de toda a produção mundial de produtos florestais. O restante da produção mundial pode ser dividido em outras duas partes: 33% por países integrantes do TPP e os outros 62% por países não participantes do Tratado.

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Olhando agora pelo aspecto do fluxo de mercadorias, a Figura 3 mostra que os países integrantes do TPP possuem elevada relevância no cenário global: os 12 países do Tratado respondem por mais de 70% do montante de importações mundiais.

Na Figura 4 é possível ver quais são os produtos florestais mais comercializados mundialmente. Em comparação, a Figura 5 demonstra que a pauta de exportações brasileiras é bastante distinta da pauta mundial, uma vez que o Brasil é fortemente dependente do envio de celulose ao exterior.

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Esse cenário de comércio mostra, de modo simplista, que o maior mercado consumidor internacional de produtos florestais é representado por países que pertencem ao TPP. E isso é um fator de risco ao Brasil, uma vez que, no médio prazo, poderá ser afetado por um avanço no comércio de produtos florestais entre os países do TPP (esse aspecto poderia reduzir o market share brasileiro, nestes mercados em específico).

Para ampliar essa análise, a Tabela 1 mostra os principais destinos das exportações brasileiras de produtos florestais. Foram montadas duas listas: o quadro da esquerda mostra a lista completa de parceiros comerciais do Brasil; o quadro à direita relaciona as nossas exportações apenas para os países membros do TPP.

Os números mostram que dos 10 maiores importadores de produtos florestais do Brasil, apenas dois pertencem ao TPP (Estados Unidos e Japão). Juntos, estes dois países representam aproximadamente 27% das exportações nacionais de produtos florestais. Já o maior importador de produtos do Brasil (China) representa, sozinho, mais de 20% do volume total exportado.

Considerando o montante de exportações de produtos florestais do Brasil, as direcionadas aos países do TPP somam algo como 30% do volume remetido ao exterior (Figura 6).

Nova Imagem (2)Sendo assim, é factível afirmar que o Brasil corre alguns riscos potenciais no médio prazo de perda de mercados consumidores internacionais, considerando a sua atual pauta de exportação de produtos florestais. Isso é resultado dos seguintes fatores:

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro/março 2016  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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