17.5 C
Nova Iorque
sábado, setembro 21, 2024
Início Revistas Grãos Manejo correto de percevejos e lagartas evita custos desnecessários

Manejo correto de percevejos e lagartas evita custos desnecessários

Adeney de Freitas Bueno

Pesquisador em Manejo Integrado de Pragas da Embrapa Soja

Crédito Adeney Bueno
Crédito Adeney Bueno

Entre os percevejos que podem atacar a soja, aqueles que sugam as vagens estão entre as principais pragas da cultura. Esses insetos podem ser de várias espécies que ocorrem juntas ou isoladamente. Entre elas o percevejo-marrom é a espécie mais importante devido a sua abundância e distribuição em todo o país.

Ao atacar as vagens, ocasionam a perda de peso do grão, além de abrir porta para microrganismos que comprometem a qualidade do produto colhido. Ataques em vagens em início de formação podem também levar ao abortamento das mesmas.

É importante salientar que essa praga só causa dano econômico à soja quando seu ataque ocorre no período reprodutivo da cultura, ou seja, quando a mesma apresenta vagens. A presença de percevejos em estádios precoces da cultura isto é, quando a planta ainda não iniciou a formação das vagens,pode ocorrer, entretanto, sem qualquer prejuízo à produtividade da lavoura.

Danos

Existe um grupo grande de lagartas que pode atacar a cultura da soja. Entre elas a lagarta-da-soja e a lagarta falsa-medideirasão as espécies mais comuns e importantes. Elas se alimentam das folhas dasoja, causando o desfolhamento, que reduz a capacidade fotossintética da planta.

Quando essa desfolha for superior a 30% durante o período vegetativo do desenvolvimento da lavoura (antes do surgimento das flores) ou superior a 15% durante o período reprodutivo do desenvolvimento da lavoura (após o surgimento das flores), a capacidade fotossintética é reduzida ao ponto de faltar “alimento“ para a planta, o que compromete seu desenvolvimento e, consequentemente, sua produtividade.

Existem também outras lagartas, como aquelas do grupo das lagartas-das-vagens, e dasHeliothinae, que além de desfolharem a planta de soja, podem também atacar as vagens, reduzindo diretamente a produtividade, além de abrir caminho para fungos e outros patógenos que reduzem a qualidade dos grãos produzidos.

 Adeney de Freitas Bueno, pesquisador da Embrapa Soja - Crédito Embrapa
Adeney de Freitas Bueno, pesquisador da Embrapa Soja – Crédito Embrapa

Controle efetivo

O manejo integrado de pragas da soja (MIP-Soja) preconiza que a soja, mesmo as cultivares modernas, têm uma tolerância ao ataque de pragas antes de ter sua produtividade ameaçada.

Assim, infestações de insetos-pragas são toleráveis até um determinado nível (nível de dano econômico), sem que haja qualquer redução econômica da produtividade. Portanto, a aplicação de inseticidas é apenas justificável quando a população de pragas for igual ou superior aos níveis de ação (NA), que representa o momento certopara o controle ser realizado.

Qualquer aplicação de inseticida antes do nível de ação ser atingido é um desperdício de dinheiro, além de propiciar a seleção de populações de insetos resistentes aos inseticidas, o que pode comprometer a eficácia e a longevidade do produto.

Assim, o combate a esses males deve ser sempre realizado com o MIP, que pode ser resumido em:

  1. a) Dividir a área cultivada em talhões homogêneos quanto a:

– Época de semeadura

– Cultivar

– Características de fertilidade de solo, etc.

Embora o tamanho de cada talhão dependa de cada caso, 100 hadeve ser considerado como tamanho máximo. Em caso de áreas maiores, a recomendação é a divisão em talhões menores, para que a precisão do monitoramento não seja comprometida.

  1. b) Fazer o monitoramento de pragas em cada talhão seguindo os passos detalhados na figura abaixo:

Figura 04 - Colocar no local indicado. A foto está pequena, mas pode usar desta forma - Crédito Embrapa Soja

Passos 1 e 2: Posição do pano entre as linhas de soja;

Passo 3: Agitação de apenas uma linha da cultura por amostragem; e

Passo 4: Posição para contagem dos insetos que ficaram sobre o pano-de-batida.

Quanto mais pontos de amostragem forem realizados por talhão, maior será a precisão dos resultados obtidos, entretanto, é preciso realizar, no mínimo, 10 pontos de amostragem para talhões entre 31 a 100 ha.

  1. c) Anotar a infestação de cada espécie de praga separadamente em um formulário adaptado para a realidade de cada região.

  1. d) Calcular a média da infestação de cada praga por amostragem (1 pano-de-batida = 1 metro), dividindo o total de cada praga observada pelo número de pontos amostrados.

O percevejo-marrom é a espécie mais importante da soja- Crédito Jovenil Silva
O percevejo-marrom é a espécie mais importante da soja- Crédito Jovenil Silva

  1. e) Tomar a decisão correta de manejo:

– Compare a infestação média de cada praga no talhão com o nível de ação recomendado pela pesquisa. Somente quando a população média das pragas for igual ou maior que o “nível de ação“, justifica-se a aplicação de medidas de controle.

– Não utilize preventivamente os inseticidas (em populações baixas de insetos ou na ausência das pragas). Prejuízos econômicos ocorrem apenas quando a população de pragas ultrapassa o nível de dano econômico, que é superior ao nível de ação, determinado a partir de resultados obtidos pela pesquisa.

– A opção por inseticidas eficientes e mais seletivos aos insetos benéficos (inimigos naturais) auxilia na manutenção do equilíbrio no agro-ecossistema e é parte fundamental das estratégias de MIP.

Essa matéria completa você encontra na edição de abril 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

- Advertisment -

Artigos Populares

Chegam ao mercado sementes da alface Litorânea

Já estão disponíveis no mercado as sementes da alface SCS374 Litorânea, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em...

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José...

Maçãs: O que você ainda não sabe sobre a atividade

AutoresAike Anneliese Kretzschmar aike.kretzschmar@udesc.br Leo Rufato Engenheiros agrônomos, doutores e professores de Fruticultura - CAV/UDESC

Produção de pellets de última geração

AutorDiretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil Crédito Luize Hess

Comentários recentes