Maickon Ribeiro Balator
Coordenador Técnico da Bio Soja
Renato Passos Brandão
Gestor Agronômico da Bio Soja
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Com o intuito de garantir a segurança alimentar da população mundial nas próximas décadas, a utilização e aperfeiçoamento de novas tecnologias na agricultura atual são de suma importância.
Nas aplicações dos fertilizantes foliares e defensivos agrícolas, é necessário o emprego de todos os conhecimentos cientÃficos que proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo em quantidade necessária, de forma econômica e com o mÃnimo de contaminação de outras áreas (MATUO, 2001).
Qualidade da água para pulverização
Neste artigo serão abordados os principais gargalos na utilização dos adjuvantes na agricultura. Porém, antes de comentar sobre este assunto, é de suma importância abordar a qualidade da água nas pulverizações dos fertilizantes foliares e defensivos agrícolas.
A qualidade da água pode ser classificada em dois grupos: físico e químico.
Qualidade física da água
Uma água de baixa qualidade física é aquela contaminada por argila e/ou matéria orgânica em suspensão, podendo influenciar negativamente nas pulverizações e comprometer a eficiência agronômica dos defensivos agrícolas.
Além disso, ocorre redução no rendimento operacional pelas paradas frequentes para a limpeza do sistema filtrante dos pulverizadores e redução da vida útil dos componentes dos equipamentos de pulverização.
A melhor solução ainda é a escolha de uma fonte de água isenta destes materiais em suspensão. Uma segunda alternativa é a filtragem da água antes da sua utilização nas pulverizações. Entretanto, pode ocorrer redução no rendimento operacional quando do abastecimento do tanque do pulverizador.
Qualidade quÃmica da água
Um dos principais parâmetros para a avaliação da qualidade quÃmica da água é a análise da dureza.
Este parâmetro é definido como a concentração de cátions alcalino-terrosos [cálcio (Ca+2), magnésio (Mg+2), estrôncio (Sr+2) e bário (Ba+2)] na água, expressa na forma de ppm (partes por milhões) de CaCO3. Normalmente, a dureza das águas é representada pelos íons Ca+2 e Mg+2 originados dos carbonatos, bicarbonatos, cloretos e sulfatos.
A dureza da água possui grande interferência sobre a eficiência dos defensivos agrícolas, em especial o glifosato. Para amenizar os efeitos negativos destes cátions na eficiência agronômica dos glifosatos, é necessária a utilização de adjuvantes com capacidade sequestrante destes elementos químicos.
Além do Ca+2 e Mg+2, há outros cátions que também interferem negativamente na eficiência do glifosato, dentre os quais o alumÃnio (Al+3), ferro (Fe+3 e Fe+2), manganês (Mn2+) e zinco (Zn+2). Realizar uma análise quÃmica das águas a serem utilizadas nas pulverizações foliares é importante. Caso seja necessário, deve-se utilizar também adjuvantes sequestrantes destes cátions.
Adjuvantes
Define-se adjuvante como qualquer substância ou composto sem propriedades fitossanitárias, exceto a água, adicionado à calda de pulverização para facilitar a aplicação, aumentar a eficiência ou diminuir riscos das pulverizações (KISSMANN, 1998).
O pesquisador Hamilton Ramos, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), propõe uma classificação funcional dos adjuvantes, dividindo-os em dois grupos: adjuvantes utilitários e potencializadores.
Os adjuvantes utilitários são empregados na melhoria do processo de pulverização, enquanto os potencializadoresotimizam o desempenho da gota quando esta atinge o alvo.
As funções dos adjuvantes potencializadores e utilitários estão especificadas a seguir:
Adjuvantes potencializadores:
- Espalhante
- Adesivo
- Umectante
- Penetrante
Adjuvantes utilitários:
- Tamponante/acidificante
- Redutor de espuma
- Redutor de deriva
- Quelatizantes
- Compatibilizantes