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Novo modelo de produção de arroz com técnica de gotejamento

Carlos Sanches

Engenheiro agrônomo e gerente agronômico da Netafim

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O ano de 2016 começou com algumas perspectivas positivas no setor do agronegócio nacional, enquanto que o mercado, de forma geral, anda meio desanimado com a economia do Brasil.

No entanto, o agronegócio continua em movimentos crescentes: o setor ainda representa quase um quarto do PIB (Produto Interno Bruto), podendo crescer 2,8% neste ano, a safra de grãos estimada deve ser a maior, com 204,3 milhões de toneladas, e um crescimento pífio em áreas produtivas ““ o que significa que estamos produzindo mais e no mesmo lugar.

Mesmo assim, ainda há receios. O ano de 2014 foi marcado pela escassez de chuva e esse cenário se alastrou em 2015 e, desde então, a agricultura tem sido questionada por ser responsável pelo alto consumo de água. Quase sempre colocamos a culpa na agricultura: mau uso, contaminação na água etc. Mas será que quem mais desperdiça e contamina não está na cidade?

Hoje cerca de 90% das pessoas vivem nas cidades, pouco mais de 10% está nos campos e essa pequena quantidade é responsável por preservar o nosso maior bem, pois sem a água não conseguimos plantar, colher e viver.

Heroína ou vilã?

A agricultura utiliza 70% da água disponível para consumo, mas parte evapora e retorna em forma de chuva e parte é absorvida pelos lençóis freáticos. Por outro lado, a agricultura é responsável por alimentar o mundo. É, hoje, uma plataforma de governo, responsável por parte significativa do pouco crescimento econômico que ainda temos.

É inviável restringir seu desenvolvimento: a planta não vive sem água e o homem do campo já trabalha uma melhor gestão da água e tecnologias eficazes, por exemplo, com a irrigação por gotejamento.

Um dos grandes desafios é fazer com que a humanidade compreenda o tamanho da importância dessa tecnologia. Dados da ABIMAQ (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) mostram que o Brasil tem quase 30 milhões de hectares para irrigar. Menos de cinco milhões são irrigados, sendo que nem em um milhão deles é usada a técnica de gotejamento.

Outros países que enfrentam o problema de falta de água, como Israel, Índia e costa oeste dos Estados Unidos, já usam essa tecnologia, que é mais eficiente e não desperdiça a água.

O gotejamento leva água onde a cultura realmente precisa - Crédito Netafim
O gotejamento leva água onde a cultura realmente precisa – Crédito Netafim

Inovação

Apesar de ser uma tecnologia avançada, a concepção do sistema é bem simples: gota a gota. Considerado um dos mais eficientes sistemas de irrigação da atualidade, o gotejamento foi desenvolvido há 50 anos em Israel e trazido para o Brasil na década de 1990.

De lá para cá foi aperfeiçoado, pode ser na superfície ou enterrado, e já está sendo aplicado em culturas como café, cana-de-açúcar, citros, hortifrútis, e de forma pioneira no cultivo do arroz, que geralmente usa a irrigação por inundação. O resultado é a economia de até um terço de água nessas lavouras.

Essa tecnologia foi testada nas últimas duas safras na região de Uruguaiana (RS), e como resultado quase duplicou a produtividade, saindo de 7,5 toneladas por hectare (por meio do modelo tradicional: irrigação por inundação) para 12 toneladas por hectare (usando a técnica de irrigação por gotejamento).

A explicação se dá pela quantidade de água exata, nem mais nem menos, e na hora correta, de acordo com a fase de desenvolvimento do arroz. O sistema também permite a aplicação dos nutrientes juntos com a água de irrigação, chamada de fertirrigação, que tem papel fundamental em maximizar o potencial produtivo do arroz.

Gota a gota

Este sistema utiliza os gotejadores subterrâneos (enterrados), que foram desenvolvidos justamente para esta finalidade, levando a água e nutrientes de forma precisa às plantas de arroz, e evitando assim desperdícios como alta taxa de evaporação, escoamento superficial, entre outros decorrentes do atual método de irrigação – a inundação.

Outro ponto importante é que não existe mais a necessidade de inundar a área, portanto, todas as práticas agrícolas ficam mais simples e muito mais eficientes.

O sistema ainda permite a técnica da fertirrigação, que é a aplicação dos nutrientes na lavoura por meio da água irrigada, sendo possível controlar quando a planta será irrigada, quanto de água será utilizado, que zona da lavoura se deseja irrigar, quanto de produto será colocado, tudo feito de forma automatizada, controlada e precisa.

É possível, também, usar produtos químicos para controle de pragas e doenças, sem risco de contaminação da área e do produtor.

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Grãos, edição de abril 2016. Adquira a sua para leitura completa.

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