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Propagação de mudas de abacate

 

José Emilio Bettiol Neto

Pesquisador do Instituto Agronômico (IAC)

bettiolneto@iac.sp.gov.br

Rafael Pio

Professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Em plantios comerciais, recomenda-se a utilização de mudas de abacate obtidas por meio de enxertia, ou seja, formadas por uma base que integra o sistema radicular sobre a qual é enxertada a cultivar copa, responsável pela produção das frutas. Geralmente, utiliza-se o método da garfagem para a obtenção da muda.

As mudas obtidas pela propagação seminífera, ou seja, por meio de sementes, apresentam grande variabilidade tanto nas características da copa quanto da produção.

Assim, pomares formados com esse tipo de muda serão muito heterogêneos quanto à arquitetura e tamanho das copas, formato, qualidade da polpa e época de maturação das frutas, por exemplo. Esses fatores podem influenciar negativamente no manejo do pomar, colheita e preço obtido pela produção.

Outro aspecto é que mudas formadas por meio da enxertia, geralmente entram em produção num período mais curto, além de manter a identidade genética da copa, ou seja, haverá certeza da produção de frutas de determinada cultivar.

Do início ao fim

Para a formação do porta-enxerto, as sementes são retiradas de frutas maduras ou “de vez“,  obtidas de plantas sadias, retirando a película que as envolve. A fim de se beneficiar do maior poder germinativo, deve-se semeá-las o quanto antes. As sementes podem ser submetidas ao tratamento com água quente, por meia hora, à temperatura de 49 a 50°C e, posteriormente, secadas à sombra.

Caso não seja realizado esse tratamento, recomenda-se que as mesmas sejam tratadas com fungicidas específicos para esse fim. Os porta-enxertos podem ser obtidos de raças guatemalenses, mexicanas e antilhanas.

Geralmente, a semeadura é feita em sacolas plásticas com capacidade de 3l, ou 20 cm de diâmetro por 40 cm de altura, em substrato composto por duas partes de terra de boa qualidade e livre de patógenos e pragas, e uma parte de esterco de curral bem curtido, podendo acrescentar outras fontes de nutrientes (superfosfato simples e cloreto de potássio, por exemplo).

Existe, também, a opção de se utilizar substratos comerciais. As sementes dos porta-enxertos são dispostas a 5 cm de profundidade, tomando-se o cuidado de colocar a superfície mais plana da semente para baixo e a mais pontiaguda para cima.

As sacolas são mantidas em ambiente arejado e com sombreamento moderado, com cerca de 50% de luminosidade, utilizando uma fonte confiável de água para irrigá-las. Quando o caule alcançar cerca de um centímetro de espessura à altura de cerca de 10 centímetros do solo, estará apto a receber a enxertia com os ramos de matrizes, ou seja, da cultivar-copa a ser explorada comercialmente. Para tanto, elimina-se o caule do porta-enxerto por meio de um corte em bisel (inclinado) e, no tecido exposto, une-se o ramo da planta matriz também cortado em bisel.

Outra possibilidade é fazer um corte longitudinal de cerca de 3 cm no porta-enxerto e inserir o garfo da cultivar-copa, cuja base é previamente cortada em forma de cunha. Após esses procedimentos, as partes são fixadas por meio de fitilho e, a fim de evitar o ressecamento do garfo, utilizam-se saquinhos plásticos para protegê-los.

Tanto o saquinho plástico quanto o fitilho serão mantidos nas mudas por cerca de 30 a 40 dias, quando começam as brotações. A partir daí, deve-se retirar as brotações do porta-enxerto, executar tratamentos fitossanitários, condução e aclimatação gradativa das mudas, dentre outros.

Cerca de 10 a 12 meses após a semeadura do porta-enxerto, as mudas estarão prontas para serem levadas ao local definitivo do plantio. Lembrando que a formação de mudas a campo apresenta uma série de inconvenientes e, por isso, não é recomendada.

Essa matéria você encontra na edição de abril 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

 

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