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Pau-rosa – O perfume da floresta amazônica

Óleos essenciais são matérias-primas utilizadas pela indústria de perfumaria, que ocupa 14% do mercado de cosméticos no Brasil, produtos de limpeza e pela indústria de alimentos. O pau-rosa, em destaque nesta matéria, é o ingrediente principal do famoso perfume francês Chanel nº 5, e tem um valor agregado que pode chegar a US$ 96,5/kg

Da árvores se extrai a essência para esse perfume, e por isso pensei em sobrepor a foto.
Da árvores se extrai a essência para esse perfume, e por isso pensei em sobrepor a foto.

Da árvores se extrai a essência para esse perfume, e por isso pensei em sobrepor a foto.
Da árvores se extrai a essência para esse perfume, e por isso pensei em sobrepor a foto.

O óleo essencial do pau-rosa tem alto valor no mercado de perfumaria. Depois de passar um período (de 2000 a 2003) de estabilidade nos preços, em torno de US$ 33,3/kg, os valores subiram até atingir US$ 96,5/kg, em 2008.

Tabela 1 – Quantidades e preços do óleo essencial de pau-rosa (Aniba rosaeodora) exportado no período de 2005-2008

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Exclusividade

As mais importantes empresas internacionais de perfumaria são os clientes preferenciais dessa essência fina e inigualável, que não tem substituto. O óleo sintético (US$ 6/kg) é usado apenas para fragrâncias de segunda linha.

Segundo Lauro Soares Barata, professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), o exclusivo mercado dos óleos essenciais movimenta cerca de US$ 1,8 bilhão anualmente, e o Brasil participa com menos de 0,1% dos óleos oriundos de sua biodiversidade, estando o pau-rosa entre os principais óleos exportados, com US$ 1,5 milhão.

O Brasil se posiciona como o 3º maior exportador de óleos essenciais,com aproximadamente US$ 147 milhões, depois dos EUA e França, tendo ultrapassado o Reino Unido em 2007. No entanto,desse volume, 91% consiste em óleo essencial de cítricos, principalmente laranja (80%), subprodutos da indústria de sucos e de baixo preço (US$ 2,18/kg).

Mudas de pau-rosa - Crédito Lauro Barata
Mudas de pau-rosa – Crédito Lauro Barata

Variedades

Paulo de Tarso, doutor em Ciências Florestais, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)e professor da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), informa que as principais variedades de pau-rosa são:

â–º Pau-rosa mulatinho – casca que cai em escamas, de madeira escura, densidade elevada – que submerge quando as toras recém-cortadas são postas nos rios;

â–º Pau-rosa preciosa – casca lisa, madeira escura e densa, alto rendimento em essência;

â–º Pau-rosa itaúba – de cor amarelada, menos denso;

â–º Pau-rosa imbaúba – muito leve e fácil de rachar, de cor quase branca.

A primeira variedade é a mais rica em essência, e a última, mais pobre.

 Lauro Barata, pesquisador e produtor de pau-rosa - Crédito Arquivo pessoal
Lauro Barata, pesquisador e produtor de pau-rosa – Crédito Arquivo pessoal

O pesquisador conta que existem plantios comerciais no Estado do Amazonas, no município de Maués e Novo Aripuanã. “Em Maués o produtor já exporta óleo de galhos, folhas e madeira das árvores em sistemas de plantios manejados pela poda da copa ou desbastes seletivos“.

Ainda segundo ele, a madeira é pesada, classificada como fácil de ser trabalhada, empregada na marcenaria, carpintaria e pelos índios na confecção de canoas. Sua utilização para serrados é rara, em virtude de sua principal importância econômica ser a produção de essência aromática. O óleo essencial de pau-rosa apresenta ainda substâncias de uso medicinal, como potencial para fins farmacêuticos.

A exploração do pau-rosa

Interior-da-madeira-que-originou-seu-nome-pela-cor-rósea-Crédito-Internet
Interior-da-madeira-que-originou-seu-nome-pela-cor-rósea-Crédito-Internet

Antenor Pereira Barbosa, doutor, professor e pesquisador do INPA estima que existam aproximadamente 30 mil árvores de pau-rosa, em sistemas de plantios, nos municípios de Manaus, Silves, Presidente Figueiredo, Jutaí, Maués e Novo Aripuanã no Amazonas.

O processo de exploração tradicional levou ao quase desaparecimento do pau-rosa em áreas onde ocorria em alta densidade. De acordo com Lauro Barata, cada tonelada da árvore rende 10 quilos do almejado óleo. Estimando a distribuição média de uma árvore para cada cinco hectares, e que no mínimo 825 mil árvores foram abatidas, pode-se concluir que mais de quatro milhões de hectares de matas foram explorados.

“Mas, embora haja muita demanda, quase não há oferta, porque é muito difícil plantar essa árvore. Atualmente, o Brasil deve ter uma quantidade muito resumida de árvores plantadas (sem contar as nativas), estando situadas mais ao Norte“, pontua o especialista, que já plantou 1.000 árvores em sua propriedade e perdeu a maioria, por as plantas não terem recebido as mesmas condições da floresta amazônica, que é seu habitat.

Crédito Robson Disarz
Crédito Robson Disarz

A capacidade de rebrota aliada à maior produtividade de óleo dos galhos e folhas, em relação à madeira das árvores de pau-rosa, revelaram que plantios manejados por meio da poda da copa das árvores podem se consolidar como uma das alternativas para o manejo dessa espécie em plantios ex-situ.

Outro fator a ser considerado é que a poda da copa, como fonte renovável de biomassa, elimina os custos de preparo da área e plantios, disponibilizando recursos para adubação e contribuindo para maior produção de biomassa em menor espaço de tempo.

O professor diz que a formação de novos plantios de pau-rosa em áreas alteradas e/ou degradadas na Amazônia contribui não apenas para a recuperação dessas áreas, mas também para a restauração dos serviços ambientais prestados pelas áreas florestadas.

 Paulo de Tarso, doutor em Ciências Florestais e pesquisador do INPA - Crédito Arquivo pessoal
Paulo de Tarso, doutor em Ciências Florestais e pesquisador do INPA – Crédito Arquivo pessoal

O óleo essencial do pau-rosa tem alto valor no mercado de perfumaria - Crédito Robson Disarz
O óleo essencial do pau-rosa tem alto valor no mercado de perfumaria – Crédito Robson Disarz

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Floresta, edição de maio/junho 2016. Adquira a sua para leitura completa.

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