No Brasil, o processamento mÃnimo de frutas e hortaliças é recente, mas já se configura como um nicho de mercado que cresce e se consolida, segundo a opinião de muitos especialistas do setor
O aumento das hortaliças minimamente processadas é um fenômeno de âmbito mundial, associado a fatores decorrentes das mudanças sociais, que impuseram novos hábitos, estilos e ritmos de vida à sociedade.
Frutas e hortaliças minimamente processadas são vegetais que foram manipulados com o propósito de alterar a sua apresentação para consumo.
A principal diferença entre esses produtos e os in natura se dá no aspecto físico. Os minimamente processados são produtos frescos comercializados já lavados, sanitizados, cortados, fatiados, ralados, picados, descascados, torneados, em cubo e prontos para serem consumidos.
Eles são agregados na forma final de saladas prontas e apresentam exigências específicas de acondicionamento e armazenamento, principalmente quanto ao controle da temperatura. Ou seja, devem ser conservados a uma temperatura mais baixa que os produtos in natura.
Segurança para os processados
Os processadores devem estar atentos ao fato de que estão produzindo alimentos cuja filosofia é: “Direto da embalagem para a mesa do consumidor“. Assim, devem se preocupar fortemente com a higiene e demais processos de sanitização.
Dentre os microrganismos mais comuns encontrados estão bactérias, fungos e leveduras. Reduções significativas da população microbiana em frutas e hortaliças minimamente processadas podem ser obtidas com compostos sanitizantes.
A eficiência desses compostos na sanitização depende de fatores que atuam isoladamente ou em conjunto, como pH, temperatura da água, tempo de contato, natureza da superfície dos produtos e carga microbiana inicial. O cloro é o agente sanitizante mais empregado.
Estudos têm demonstrado que concentrações de cloro livre de 50 ppm a 200 ppm podem inativar células vegetativas de bactérias e fungos. Todavia, as concentrações para cada produto devem ser estudadas detalhadamente.
Da fazenda para a mesa
Jucimar Scussel é agricultor em Chapecó (SC) e economista, e resolveu apostar nas hortaliças minimamente processadas. “Esse é um mercado em potencial devido às necessidades diárias das pessoas no que se refere à alimentação, ao pouco tempo e à correria para dar conta das atividades. Além disso, hoje as mulheres passaram a ter um papel fundamental na economia, inseridas em todas as atividades fora de casa e deixando de tero papel de dona-de-casa, como nossas mães ou avós exerciam“, lembra.
Essa necessidade de se alimentar bem abriu, há alguns anos, um nicho de mercado para atender aquelas pessoas que querem se alimentar bem, porém, não têm tempo de preparar os alimentos. AÃ surgem os alimentos minimamente processados, entre hortaliças, legumes e frutas, que mesmo tendo em si a praticidade não perdem as qualidades nutricionais, oferecendo ao consumidor o aproveitamento de 100% do que compra.
Demanda de mercado
JucimarScussel observa que no Brasil este ainda é um mercado acanhado, comparado com os países desenvolvidos, mas está em forte ascendência, principalmente nas grandes cidades, e aos poucos vai conquistando espaço em cidades menores.
“Esse mercado está atingindo não só os consumidores do varejo, mas também os institucionais, pois muitos refeitórios de empresas, lojas de lanches, hotéis e restaurantes estão optando por comprar tudo pronto, isso porque o que compram eles usam 100%, com economia de água, sanitizante e mão de obra“, diz.
Em atividade
JucimarScussel está no ramo de hortaliças há 20 anos e em agosto de 2011 começou a processar hortaliças. A ideia de ingressar nesse mercado surgiu em 2003, quando ele ainda era estudante do curso de Economia e precisou desenvolver um projeto para o curso. “Como já trabalhava no segmento de hortaliças, por ter um olhar voltado para o futuro e influenciado por um palestrante que falava sobre grandes tendências que surgiriam no mundo e impulsionariam alguns setores, passei a observar mais os consumidores e o que surgia e percebi, na época, que em algumas capitais começavam a aparecer nas gôndolas dos mercados verduras prontas. Baseado nisso, tive a ideia de me aprofundar na área e oferecer alimentos que todos os dias são demandados na mesa do brasileiro. Cinco anos depois eu colocava a teoria para funcionar na prática“, detalha o empresário.
Por se tratar de um nicho de mercado, Jucimar Scussel consegue agregar valor ao seu produto final, lucrando bem mais do que se vendesse o produto in natura. “Também me orgulho de oferecer aos consumidores praticidade e a possibilidade de comer em uma mesma refeição uma variedade maior de verduras, legumes e frutas, sem ter que comprar quantidades maiores para deixar estocado na geladeira, muitas vezes gerando desperdÃcio“, diz.