Claudio Martins
Gerente de Vendas da ISLA Sementes
O mercado mundial de feijão-vagem gira em torno de 6,5 milhões t/ano (FAO 2010), sendo a China o maior produtor, com consumo anual médio de 3,0 kg/pessoa. O mercado brasileiro de feijão-vagem ocupa a sexta posição em volume produzido, com 56 mil t/ano e consumo médio anual de 0,7 kg/pessoa (SIDRA, 2006; Ceasa, 2010).
A produção brasileira de feijão-vagem concentra-se principalmente nos Estados do Sudeste, destacando-se Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, que respondem por 37% da produção nacional.
O feijão-vagem é uma leguminosa da família das Fabaceae, em que as vagens ainda tenras são consumidas de forma in natura ou processadas. O uso mais comum é o da vagem inteira ou picada, após ligeiro cozimento e em forma de salada.
Clima e época de plantio
Como as demais leguminosas, o feijão-vagem não se adapta bem a regiões de clima frio, não tolerando geadas ou ondas de frio intenso.A faixa de temperatura ideal situa-se entre 18 e 30ºC. Em regiões de inverno ameno pode ser plantada durante o ano todo, ganhando com isso cotações mais altas na entressafra.
 No período entre a diferenciação dos botões florais e o enchimento dos grãos nas vagens, as altas temperaturas reduzem o número de vagens por planta, devido à esterilização do grão de pólen, com consequente queda das flores.
Solo e adubação
O feijão-vagem prefere solos de alta fertilidade, com pH variando de 5,5 a 6,8. Cultura muito exigente em cálcio e fósforo, precisa de uma adubação de base forte. Para suprir a necessidade de cálcio, recomenda-se a calagem do solo antes do plantio. Apesar de ser leguminosa, não dispensa adubação de cobertura com nitrogênio. Por isso recomendam-se aplicações quinzenais de nitrogênio.
A adubação deve seguir a recomendação da análise do solo. De uma maneira geral, no caso de adubação orgânica podemos aplicar de 20 a 40 toneladas por hectare de esterco bovino bem curtido ou composto orgânico, sendo a maior dose para solos arenosos. Pode-se utilizar também ¼ dessas quantidades se for esterco de galinha, incorporando ao solo cerca de 10 a 20 dias antes do plantio.
Em algumas regiões, os produtores aproveitam as estruturas de tutoramento e áreas de plantio de outras olerÃcolas para o plantio de feijão-vagem, como é o caso do tomate. Assim, dispensam a adubação de plantio e mantêm somente a adubação de cobertura.
Cultivares e espaçamento
Um dos fatores que mais afeta o sucesso da cultura do feijão-vagem é a escolha da cultivar. A cultivar adequada é aquela que atende as necessidades tanto do agricultor quanto do consumidor.
De modo geral, devem-se considerar as seguintes características:
- Hábito de crescimento – determinado ou indeterminado;
- Cor da vagem – amarela e diversas tonalidades de verde;
- Tipo de vagem ““ redondo, ovalado e chato;
- Cor e desenvolvimento lento da semente;
- Uniformidade da vagem;
- Fios da vagem – a ausência de fios é fundamental para uma boa qualidade;
- Precocidade;
- Resistência a enfermidades.
Plantio e colheita
O plantio deve ser feito direto ao solo, com espaçamentos de 1,00 m entrelinhas e de 0,20 a 0,30 m entre plantas.
As cultivares de crescimento indeterminado possuem meristema apical vegetativo que permite o crescimento contÃnuo das plantas, com ciclo variando de 100 a 110 dias. O período de colheita inicia entre 50 e 70 dias a partir da semeadura e é numeroso e frequente, necessitando de tutoramento.
Nas cultivares de crescimento determinado a colheita inicia-se com 45 a 55 dias. Algumas cultivares possibilitam colheita única aos 60 a 65 dias pós-plantio. O ciclo menor racionaliza o uso do solo e de mão de obra, contribuindo para facilitar o cultivo e, principalmente, a redução de custos, aumentando a renda do produtor.
A colheita é diária, iniciando aos 45 dias após o plantio e estendendo-se por 50 a 60 dias. O ponto ideal de colheita se dá quando a vagem atinge 18 a 20 cm de comprimento, ainda tenras, partindo as pontas quando são vergadas com os dedos. Atingem esse ponto de 14 a 18 dias após a floração.
Tratos culturais
Os principais tratos culturais são:
1.Tutoramento, que é a condução das plantas nas espaldeiras, que pode ser feita com bambu, fio de rafia e rede agrícola;
2.Amontoa, que consiste em chegar terra ao pé da planta, proporcionando um melhor enraizamento;
3.Desbaste, que é a retirada de plantas em excesso;
4.Capinas para evitar a concorrência de ervas daninhas com a cultura;
5.Controles fitossanitários para combater pragas e doenças que atacam a cultura;
6.Irrigação para suprir as necessidades de água das plantas diariamente;
- Adubação de cobertura com nitrogênio.