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Modificações na barra de pulverização para controle da giberela

Erlei Melo Reis

Engenheiro agrônomo, M.Sc, Ph.D., Fitopatologista

erleireis@upf.br

Crédito Erlei Melo
Crédito Erlei Melo

Devido ao aumento da frequência de ocorrência e da intensidade da giberela, doença causada pelo fungo Gibberellazeae (Fusariumgraminearum), a enfermidade vem sendo apontada como uma das moléstias de maior importância na cultura do trigo no Sul do Brasil. A giberela é uma doença de infecção floral e mesmo os fungicidas penetrantes móveis recomendados apresentam apenas efeito protetor das anteras.

Danos

Antes da adoção generalizada do plantio direto, o dano (redução da produção) quantitativo era de 5%. Porém, com o plantio direto chega a 40%. Isso porque o fungo agente causal sobrevive e se multiplica nos restos culturais deixados sobre o solo.

Como consequência, a presença do inóculo (ascósporos) no ar é muitas vezes maior do que quando a palhada era enterrada no sistema convencional de cultivo (arar e gradear o solo). A giberela, juntamente com a brusone, são as doenças do trigo de controle mais difícil.

Pelo Brasil afora

A giberela ocorre com frequência em regiões onde as chuvas são constantes durante e após a floração do trigo, estendendo-se até o estádio de grão leitoso (espigas ainda verdes).

A infecção das espigas, via anteras, requer uma duração do molhamento contínuo das espigas por >40 horas com temperatura média durante esse período >20ºC. Desse modo, todas as regiões ao Sul do paralelo 24ºS são predispostas às epidemias da doença. Mesmo nessa região, não havendo chuva no período de suscetibilidade do trigo que resulte na duração do molhamento requerido, não ocorre a doença.

Financeiramente falando

Os prejuízos financeirosem função da redução da produção causada pela doença são os seguintes: uma lavoura com potencial de rendimento de 3.000 kg/ha, tendo enfrentado um dano devido à doença de 30%, colherá 900 kg/ha a menos. O preço do trigo é de R$ 35,00/ha.

Sintomas

O reconhecimento da giberelaé feito pela manifestação da doença devido a alterações na cor do órgão atacado. Desse modo, espigas atacadas apresentam aristas brancas e arrepiadas, glumas e espiguetas brancas.

Sob condições de alta umidade ocorre a esporulação do fungo (sinais), que confere às bordas das glumas uma coloração rosada. Considerando os sintomas, a doença deveria ser chamada de branqueamento das espiguetas. O nome dado de giberela refere-se ao nome do gênero do fungo em seu estádio sexual Gibberella.

As espigas de trigo tem formato cilíndrico e necessitam de coberturana sua superfície - Crédito Shutterstock
As espigas de trigo tem formato cilíndrico e necessitam de coberturana sua superfície – Crédito Shutterstock

Controle

Embora ainda não estejam disponíveis cultivares com alta resistência, há um grande esforço dos pesquisadores mundiais e brasileiros por melhorar a reação das cultivares. Desse modo, resta apenas o controle químico pela aplicação de fungicidas que protejam as anteras (sítios de infecção) localizadas nas laterais das espigas.

As espigas apresentam a forma cilíndrica na posição vertical, enquanto que grande parte da área foliar está na horizontal. Assim, as folhas são facilmente cobertas pelos equipamentos atuais de pulverização. Tanto a pesquisa brasileira como a mundial têm apontado os fungicidas metconazol e protioconazol como os mais potentes para o controle da giberela.

Mudança na barra de pulverização

 

Como descrito anteriormente, os equipamentos de pulverização, que na maioria são jatos lançados na vertical, destinam-se a cobrir alvos na posição horizontal, como a superfície do solo (plantas daninhas) e as folhas.

Tendo as espigas forma cilíndrica, elas necessitam de cobertura, a mais completa possível, de sua superfície. É lógico que um jato leque dirigido na vertical não cobrirá eficientemente esse órgão. Assim, o uso generalizado de pontas jato plano, leque na vertical, não cobre 50% desse cilindro, resultando em controle < 50%.

Pesquisas realizadas no Canadá, Estados Unidos e na Inglaterra (países desenvolvidos) comprovaram que a melhor cobertura da superfície das espigas (cilindro na posição vertical) é obtida pelo uso de pontas de duplo jato leque plano.

Um jato é lançado a 35º para frente (direção do deslocamento do equipamento) e a outra a 70º para trás. Assim, uma cobre 50% da superfície e a outra cobre a parte de trás (oposto do deslocamento da máquina). Os pesquisadores citam, ainda, que a velocidade no equipamento sendo superior a 10 km/ha reduz a deposição na parte de trás da espiga.

Essa matéria completa você encontra na edição de maio 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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