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Controle biológico das lagartas da soja

Anderson Gonçalves da Silva

Doutor, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Paragominas (PA) e coordenador do Grupo de Estudos em Manejo Integrado de Pragas ““ GEMIP

agroanderson.silva@yahoo.com.br

CréditoAdeney Bueno
Crédito: Adeney Bueno

A cultura da soja ocupa extensas áreas plantadas no Brasil, somando atualmente cerca de 58,5 milhões de hectares em todas as regiões e biomas da Federação (CONAB 2016). Esse monocultivo extensivo constitui um prato cheio para as pragas que causam problemas à cultura, em especial as lagartas que atacam a soja em todas as suas fases de estabelecimento.

Dentre as principais lagartas-praga da soja destacam-se os noctuídeos: lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens), lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), o complexo de lagartas de gênero Spodoptera (S. frugiperda, S. eridania, S. albula e S. cosmioides) e lagartas do grupo Heliothinae (Heliothis virescens e Helicoverpa armigera), cujos principais danos estão relacionados, principalmente, à desfolha da cultura, além de prejuízos às vagens e grãos, refletindo na redução da produção.

O monitoramento é extremamente importante para o controle adequado - Crédito Lúcia Vivian
O monitoramento é extremamente importante para o controle adequado – Crédito Lúcia Vivian

Prejuízos econômicos

O principal método adotado para o controle de lagartas na soja é o químico.Só na safra 2013/14 foram gastos cerca de US$ 2,5 bilhões apenas para o controle de pragas na cultura, dando ao Brasil o título de maior consumidor de agrotóxicos do mundo.

Além disso, o Brasil é o segundo no uso de plantas transgênicas, incluindo a tecnologia de resistência a lagartas (soja Intacta ou Bt) que, juntas, agrotóxico e soja Bt, exercem forte pressão de seleção nas populações de lepidópteros, com inúmeros relatos científicos de indivíduos resistentes a ambas as tecnologias.

Danos causados por lagarta-falsa-medideira - Crédito: Adeney Bueno
Danos causados por lagarta-falsa-medideira – Crédito: Adeney Bueno

Manejo integrado

Como alternativa ao modelo convencional de agricultura, baseado exclusivamente no uso do controle químico de pragas, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) apresenta como base o uso harmônico de estratégias de controle. Leva em consideração aspectos ambientais, sociais e econômicos, com seu uso reduzindo o número de aplicações na lavoura, sendo o controle biológico (controle de pragas feito por meio de inimigos naturais) uma importante ferramenta no manejo de lagartas na soja.

Dentre as principais vantagens do controle biológico destaca-se que esse método protege a biodiversidade, é especifico, não causa desequilíbrios no ambiente; não deixa resíduo (alimentos, água, solo) e nem afeta os polinizadores.

O controle biológico, antes restrito a pequenas áreas, hoje já é uma realidade em grandes monocultivos (a exemplo da cana-de-açúcar), principalmente devido ao avanço das pesquisas no que se refere à redução dos custos de produção, refletindo numa maior adoção pelo produtor.

Nesse sentido, o Brasil figura como líder no controle biológico, concentrando os dez maiores programas com micro e macrorganismos sendo utilizados num contexto de MIP.

Para o agroecossistema da soja, diversos são os relatos de inimigos naturais (predadores, parasitoides e entomopatógenos) atuando naturalmente sobre o complexo de lagartas que atacam a cultura, além do controle de forma aplicada, visando o manejo eficiente e imediato (com resultados semelhantes ao uso de um agrotóxico).

O Baculovírus é um vírus que contamina e mata a lagarta da soja - Crédito Adeney Bueno
O Baculovírus é um vírus que contamina e mata a lagarta da soja – Crédito Adeney Bueno

Os inimigos naturais

Definição dos inimigos naturais: predadores, parasitoides e entomopatógenos. Os predadores são insetos de vida livre que podem predar (consumir) todos os estágios de desenvolvimento da presa, destruindo-a parcial ou totalmente.

Caracterizam-se por serem, geralmente, maiores que suas presas e por necessitarem de várias delas para completar seu ciclo de vida. Geralmente na sua fase jovem (larva ou ninfa) é que se dá a maior eficiência de controle, quando adultos completam sua alimentação com néctar, pólen e honeydew. Exemplos: joaninhas, percevejos, bicho-lixeiro, tesourinhas, etc.

Os parasitoides são aqueles que na sua fase larval se desenvolvem dentro ou sobre o corpo de outro inseto, alimentando-se do mesmo e quase sempre causando a sua morte. Geralmente são menores que sua presa, que é denominada de hospedeiro, e precisam de um único hospedeiro para completar seu ciclo de desenvolvimento.

Na fase adulta são de vida livre e sua dieta pode incluir néctar, pólen e honeydew, além de fluidos e tecidos de seus hospedeiros. Exemplo: principalmente himenópteros (vespinhas) e alguns dípteros.

Os entomopatógenos são microrganismos que atuam causando doenças à praga-alvo, que também são denominados de hospedeiros, interferindo no seu desenvolvimento e levando-os à morte. Exemplo: fungos, vírus, bactérias, dentre outros.

Tipos de controle biológico

Dentre os principais tipos de controle biológico para lagartas na cultura da soja destacam-se o natural e o aplicado.O controle biológico natural é aquele que ocorre naturalmente na lavoura e que deve ser mantido/favorecido por boas práticas agrícolas, como o uso de inseticidas seletivos, preservação de habitat e fontes de alimentação.

Essa matéria completa você encontra na edição de junho 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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