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Alerta para os nematoides

Jaime Maia dos Santos

Bruno Flavio Figueiredo Barbosa

Professores assistentes doutores, Nematologista. UNESP/FCAV, Departamento de Fitossanidade

Em diversidade (número de espécies) o Filo Nematoda é superado apenas pelos insetos. Entretanto, constitui o grupo de animais invertebrados mais numeroso do planeta, ocupando praticamente todos os nichos ecológicos. Parasitam os mamíferos, inclusive o homem, aves, peixes, répteis, anfíbios e artrópodes.

Outros se alimentam de fungos, de bactérias e outros ainda são canibais. São considerados organismos aquáticos encontrados em água marinha, água doce e na película de água que envolve as partículas do solo. Em que pese tamanha abundância no planeta, constituem o grupo de animais menos conhecido, conforme demonstra o Quadro 1.

Quadro 1. Número global de espécies animais baseado em dados estimados de diferentes fontes

Nova ImagemFontes: Stork (1988); Wilson (1988); Hawksworth (1991); Bull et all. (1992); World ConservationMonitoring Center (1992).

O cafeeiro

Desde antes do primeiro relato sobre a ação dos nematoides de galha em cafeeiro (Jobert, 1878 citado por Goeldi, 1892), nenhuma outra praga ou doença foi tão devastadora para a cultura de café, no Brasil, como esses nematoides.

Para o caso das culturas perenes, não se buscaria baixos níveis de população inicial dos nematoides no solo de uma área onde seria implantado um cafezal, por exemplo, mas ausência total dessas pragas.

Conquanto a erradicação de nematoides não seja uma tarefa fácil e as restrições ao uso de nematicidas nos últimos anos tenham sido cada vez maiores, hoje há meios que permitiriam a convivência com os nematoides de modo que a cafeicultura poderia voltar a ser uma atividade econômica importante para o Estado de São Paulo, por exemplo, mormente para o pequeno produtor de laranja, cuja combinação dos problemas fitossanitários dos citros com a nefasta estrutura do mercado vem inviabilizando essa atividade.

Fatores predisponentes à ação dos nematoides

Na cafeicultura foram cometidos os maiores danos aos solos do Brasil. O plantio de uma cultura perene e exótica no limpo constitui um desastre para a biota do solo pelas seguintes razões.

Sendo o cafeeiro uma cultura exótica, não houve co-evolução dessa cultura com a biota dos nossos solos, de modo a prover a sustentabilidade da cadeia de formas de vida do solo. Com o passar dos anos, a biota do solo se exauriu; enquanto isso, o cafeeiro, na condição de hospedeiro dos nematoides, favorecia o predomínio dessas pragas.

O empobrecimento do solo se acentuava com o passar do tempo, porque o solo no limpo favorecia a erosão e a exportação de nutrientes nos grãos de café e, progressivamente, exauria as reservas minerais do solo.

Como a cultura do cafeeiro usualmente era estabelecida nos solos mais inclinados, a erosão contribuía acentuadamente para aumentar o empobrecimento do solo. A degradação do solo criou um ambiente cada vez mais estressante para a cultura.

As plantas sob estresse se tornam mais suscetíveis aosdanos causados pelos nematoides. Quando surgia uma reboleira causada por determinado nematoide, a praga não tinha competidores no solo e logo se tornava dominante, causando sérios prejuízos ao cafeicultor e o contínuo depauperamento da cultura.

Os solos da Alta Paulista, assim como os das margens da Marechal Rondon, na região geoeconômica de Lins e no Vale do Paraíba, exibem as consequências desse processo de degradação iniciado com o ciclo do café.

Ao chegar a essas regiões, a cultura trouxe prosperidade e riqueza. Contudo, as práticas de condução das lavouras no limpo durante décadas favoreceram os nematoides e a degradação dos solos. Restaram solos degradados e pouco produtivos cuja aptidão não favorecia nem mesmo o desenvolvimento de pastagens.

Manejo

A quarentena oficial como tática de manejo decorre da promulgação de leis federais, estaduais ou municipais visa impedir o transporte de materiais infestados de uma região onde ocorre certa espécie de nematoide para outra ainda isenta.

A eficácia dessa tática tem como base o fato de que os nematoides não se disseminam pelos seus próprios recursos. Em vez disso, são transportados por vários meios de uma região para outra. Para culturas perenes, tais como o cafeeiro, as mudas geralmente são o principal meio de dispersão dos nematoides.

Por conseguinte, apenas o emprego de mudas isentas e de alta qualidade não será suficiente para evitar que os problemas causados pelos nematoides ressurjam no futuro.

 Essa matéria completa você encontra na edição de junho 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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