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Consumo de produtos fitossanitários no Brasil

José Otavio Menten

Diretor financeiro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Agronomia, pós-doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia e professor associado da ESALQ/USP

Crédito Shutterstock
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A agricultura, no Brasil, é praticada, em sua maioria, em ambientes tropicais, onde a ocorrência e severidade das pragas são maiores que em regiões temperadas, devido ao inverno rigoroso, que reduz, naturalmente, as pragas e seus danos.

O Brasil é o único país do mundo que adotou um termo novo para designar as substâncias utilizadas na proteção de plantas: agrotóxico. O termo, em si, já cria na sociedade uma certa aversão, além do razoável, a estes produtos. Nos outros países são chamados de agroquímicos, protetores de plantas, pesticidas, praguicidas, etc.

No Mercosul tenta-se padronizar o termo produto fitossanitário. Finalmente, foi aprovado recentemente no Congresso Nacional a eliminação do termo agrotóxico da legislação brasileira.

Os produtos fitossanitários

No mundo todo se utiliza produtos fitossanitários. De acordo com dados do SINDIVEG, do Brasil, e da Consultoria Internacional Phillips McDougall, em 2015 as vendas destes produtos no Brasil corresponderam a 18,5% em relação ao total mundial. A América Latina consumiu 28% dos defensivos.

O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, com quase 300 milhões de hectares ocupados com culturas anuais, semi-perenes e perenes, florestas plantadas e pastagens. Todas, desde um canteiro de salsinha até amplas áreas com soja, milho e cana, estão sujeitas a diversas pragas que exigem manejo e, frequentemente, a aplicação de defensivos.

Os produtos fitossanitários são adquiridos pelos agricultores como produtos comerciais ou formulados. Os recipientes contêm os produtos técnicos (ingredientes ativos, biologicamente efetivos, e eventuais impurezas) e aditivos, como solventes, espalhantes, adesivos, etc. normalmente chamados de “inertes”.

Em média, 44,5% do produto comercial é ingrediente ativo. Assim, se a quantidade de produtos comerciais de defensivos utilizados no Brasil em 2015 foi de 887,6 mil toneladas, a quantidade de ingredientes ativos (i.a.) foi de 395,6 mil toneladas.

O consumo

Há várias maneiras de se expressar o consumo dos produtos fitossanitários. Simplesmente o total consumido, ou mesmo o total por hectare cultivado não é a mais correta. Basta lembrar que enquanto o crescimento do uso de defensivos no Brasil foi de 14% nos últimos cinco anos, a produção de grãos aumentou 40% no mesmo período. Ou seja, menor quantidade utilizada por tonelada de grãos. Ou, ainda, estamos fazendo melhor a cada ano.

Considerando apenas a área de grãos, café, cana, frutas e hortaliças, que consomem 96,8% dos defensivos, o consumo foi de 4,99 kg i.a./ha. Entretanto, considerando as áreas com florestas plantadas e pastagens cultivadas, o consumo foi de 2,3 kg de i.a./ha.

Os dados disponíveis de consumo de produtos fitossanitários no mundo mostram valores bastante variáveis, em kg de i.a./ha: Holanda, 20,8; Japão, 17,5; Bélgica, 12,0; Franca, 6,0; Inglaterra, 5,8.

Considerando apenas a produção de grãos no Brasil, com produtividade média de 3.500 kg/ha, o consumo foi de 1,4 g de i.a./kg de grão. Como os produtos fitossanitários sofrem degradação após serem aplicados e devem obedecer ao período de carência (tempo entre última aplicação e colheita), a quantidade de resíduos nos alimentos é, em média, muito baixa. Isto tem sido confirmado nas análises de resíduos (LMR: Limite Máximo de Resíduo) de programas públicos e privados de monitoramento da qualidade dos alimentos realizados no Brasil.

Essa matéria você encontra na edição de junho 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

 

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