Leandro Hahn
Anderson Fernando Wamser
Janice Valmorbida
janicevalmorbida@epagri.sc.gov.br
Walter Ferreira Becker
JanaÃna Pereira dos Santos
Engenheiros agrônomos, doutores e pesquisadores na Estação Experimental de Caçador (SC) ““ EPAGRI
O cultivo de tomate exige alta tecnologia para obtenção de elevadas produtividades e frutos com qualidade, além de manejos diferenciados de acordo com a região produtora. Nesse artigo vamos detalhar o manejo da produção de tomate nas regiões frias, principalmente no Estado de Santa Catarina, divulgando as novidades tecnológicas do plantio, nutrição, controle fitossanitário, ou seja, do plantio à colheita.
Condições climáticas
As principais regiões frias produtoras de tomate no Brasil se caracterizam por possuÃrem clima subtropical ou tropical de altitude. Destacam-se as regiões de Itapeva (SP), Caçador (SC), Caxias do Sul (RS), Venda Nova do Imigrante (ES), Reserva (PR), Nova Friburgo (RJ) e Urubici (SC).
Essas regiões se caracterizam por fornecerem tomate na safra de verão, com um período de colheita entre os meses de novembro e maio. Juntas elas representam aproximadamente 7.000 ha de área cultivada na safra de verão. Em Santa Catarina, a produção de tomate concentra-se em duas regiões: no Alto Vale do Rio do Peixe, compreendendo principalmente os municípios de Caçador, Lebon Régis, Calmon, Rio das Antas, Monte Castelo, Macieira e Fraiburgo, e o Planalto Sul, principalmente nos municípios de Urubici e Bom Retiro. Nestas duas regiões, as altitudes variam entre 900 e 1.200 m de altitude.
Obstáculos
Alguns aspectos dificultam a produção de tomate em regiões frias. Cita-se a ocorrência de geadas tardias que podem comprometer as mudas recém-transplantadas no início do período recomendado para o cultivo. Da mesma forma, a ocorrência de geadas muito cedo encurta o período de colheita, reduzindo a produtividade das lavouras.
Outro aspecto a ser considerado é a ocorrência de quedas bruscas na temperatura do ar durante a frutificação e colheita, o que pode provocar vários distúrbios nos frutos de tomate, tais como rachaduras concêntricas, deformações nos frutos conhecidas como “cara de gato“, entre outras.
Esses distúrbios acabam diminuindo a produção de frutos comercializáveis. Deve-se considerar também que a produção de mudas geralmente é realizada em regiões mais quentes, distantes da região de cultivo, aumentando os custos das mudas devido ao transporte.
O desenvolvimento da planta de tomate é favorecido por climas amenos. Temperaturas abaixo de 10ºC paralisam o crescimento vegetativo, reduzem a frutificação e prejudicam a maturação dos frutos. Vale destacar que o tomate não tolera a ocorrência de geadas, o que limita seu cultivo em épocas do ano com menor probabilidade de ocorrência desse fenômeno climático.
Para Santa Catarina, por exemplo, o período favorável de plantio do tomate nas regiões de maior altitude se inicia na última semana de setembro, embora ainda existam riscos da ocorrência de geadas tardias. Já temperaturas do ar elevadas, acima dos 35ºC, reduzem a frutificação e o desenvolvimento da cor dos frutos, devido à baixa produção de licopeno (pigmento que confere a cor avermelhada dos frutos).
Condições favoráveis
A faixa ideal de temperatura do ar durante o dia, para o desenvolvimento normal das plantas, é entre 21°C e 29,5°C, sendo interessante que a temperatura noturna seja mais amena, na faixa de 18,5ºC a 21ºC.
Como exemplo, na região de Caçador as temperaturas médias das máximas e das mÃnimas durante o período de cultivo do tomate (de outubro a abril) se situam entre 15,5 e 25,5ºC, respectivamente. Assim, a vantagem do cultivo do tomate em regiões frias durante o verão é a ocorrência de temperaturas mais amenas, adequadas para o seu desenvolvimento.
Em regiões mais quentes não é possível o cultivo de tomate no verão devido às temperaturas extremamente altas, fazendo com o que o cultivo ocorra durante o outono e inverno. Outra característica interessante do plantio no verão em regiões frias é a ocorrência de uma maior amplitude térmica entre o dia e a noite, o que possibilita a formação de maiores teores de licopeno nos frutos e, consequentemente, de frutos mais avermelhados.
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