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Algas e aminoácidos recuperam o café do estresse pós-colheita

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas, professora do Unipinhal e diretora da TES Consultoria Ambiental

nilvatteixeira@yahoo.com.br

 

Crédito Cristiano de Oliveira
Crédito Cristiano de Oliveira

Grande parte dos nutrientes extraídos pelo cafeeiro em produção é exportada, sendo removida pelas colheitas. A ordem de exportação,para os macronutrientes, é a seguinte: potássio (K) >nitrogênio (N) >cálcio (Ca) >fósforo (P) >magnésio (Mg) > enxofre (S).

Quanto aos micronutrientes, pode-se considerar a seguinte sequência: ferro (Fe) >zinco (Zn) >manganês (Mn) = boro (B) >cobre (Cu) >molibdênio (Mo). Por outro lado, o gasto energético para a formação da produção é alto, sendo que tais aspectos tornam a planta depauperada; então, os cuidados dispensados à cultura após a colheita são importantes.

Hoje existem no mercado produtos formulados com nutrientes associados a aminoácidos e algas marinhas que podem auxiliar na recuperação da cultura pós-colheita, proporcionando maior enfolhamento das plantas, o que está intimamente ligado à formação da colheita seguinte.

Mas qual a razão da ação benéfica das algas marinhas no cafeeiro após a colheita?A resposta está na composição delas, que são organismos vegetais, unicelulares ou pluricelulares, que fazem fotossíntese. Elas se nutrem dos elementos ativos do mar e contêm altíssimos níveis de sais minerais.

Composição

O extrato de algas marinhas apresenta mais de 60 nutrientes em sua composição natural, dentre eles alguns macro e micronutrientes. As algas são fonte das vitaminas A, B1, B3, B6, B12, C, D e E, e de outras substâncias como glicoproteínas, alginato e aminoácidos, que podem funcionar como bioestimulantes vegetais.

Além disso, as algas marinhas são ricas em estimulantes naturais, como auxinas (hormônio do crescimento que governa a divisão celular), giberelinas (indutora de floração e alongamento celular) e citocininas (hormônio da juventude).

 As algas tornam as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas - Crédito Shutterstock
As algas tornam as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas – Crédito Shutterstock

Composição

O uso de formulados contendo extrato de algas marinhas apresenta mais de 60 nutrientes em sua composição natural, dentre eles alguns macronutrientes, como Ca, K, Mg e S e micronutrientes, como B, Mn, Fe, Cu e Zn.

A alta concentração de alginato, um polissacarídeo que compõe a estrutura da parede celular das algas, faz com que elas armazenem água nas células e permaneçam hidratadas.

Nesses termos, a presença de hormônios naturais, glicoproteínas e aminoácidos, que podem funcionar como bioestimulantes, faz com que se estimule a divisão celular e, assim, o enfolhamento da planta.

Outro aspecto importante é que o emprego das algas marinhas no sistema produtivo pode propiciar a produção de fitoalexinas (indutoras de resistência das plantas às doenças e pragas), fortalecendo os mecanismos de resistência dos vegetais.

As fitoalexinas são fontes de antioxidantes, substâncias produzidas a partir do metabolismo secundário das algas que estimulam a proteção natural dos vegetais contra pragas e doenças.

Mais vantagens

As algas favorecem a vida microbiológica do solo etornam as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas, como temperatura, raios ultravioletas, salinidade, seca etc. Ao analisar a influência das algas marinhas na resistência de plantas aos agentes fitopatogênicos, pode-se inferir que estudos realizados por diversos autores permitiram concluir que extratos de algas reduzem o desenvolvimento de fungos fitopatogênicos, diminuindo os ataques de importantes doenças causadas por tais organismos.

Sendo assim, a explicação para tal fato é: algas marinhas representam uma abundante e natural fonte de potenciais elicitores; apresentam atividade direta contra fungos e bactérias, inibindo o desenvolvimento de micélios e da multiplicação de bactérias; aumentam a produção de antagonistas no solo; e estimulam o crescimento das plantas.

Mas, o que são elicitores? Nada mais do que substâncias presentes em um organismo, ou mesmo produzidas pela própria planta, que têm como função gerar respostas de defesa. Os elicitores bióticos têm a capacidade de desencadear uma série de alterações no metabolismo celular vegetal, as quais, em seu conjunto, concorrem para a formação de uma rede de defesa da planta ao ataque do patógeno.

Organismos vegetais encontram-se continuamente expostos à ação de fungos, bactérias, vírus ou nematoides patogênicos, havendo espécies suscetíveis e resistentes ao ataque de patógenos.

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Os elicitores

Entre os elicitores presentes nas algas é possível citar, por exemplo, a λ-carragenana, um polissacarídeo sulfatado encontrado na parede celular de algas marinhas vermelhas que induz o acúmulo de ácido salicílico e de outros compostos, aumentando a expressão de genes relacionados às defesas contra patógenos.

O ácido salicílico representa papel central como um sinalizador envolvido na defesa das plantas contra o ataque de microrganismos. Ele pode ser considerado um mensageiro que ativa a resistência contra patógenos, incluindo a síntese de proteínas relacionadas à destruição dos agentes estranhos.

Essa matéria completa você encontra na edição de julho 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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