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Biorremediadores e suplementação com biomoléculas auxiliam na recuperação de solo

Lucas Anjos de Souza

Biólogo, pós-doutor e professor/pesquisador do Instituto Federal Goiano, campus Rio Verde

lucasanjos22@yahoo.com.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O solo é um sistema heterogêneo, base para o desenvolvimento e produção dos vegetais. Esse sistema é constituído, basicamente, por três fases: a sólida, que contém os minerais e matéria orgânica; a líquida, que constitui a solução do solo e, por fim, a gasosa, composta por gases como o nitrogênio, oxigênio, dióxido de carbono e outros.

Há, ainda no solo, o componente biológico,como bactérias, fungos, protozoários, algas e pequenos animais invertebrados. Desse modo, é bastante evidente a necessidade de preservação desse sistema para que haja equilíbrio entre a produtividade e a sustentabilidade.

No entanto, algumas atividades antrópicas, devido ao grande crescimento populacional e demanda por produtos manufaturados e também por alimentos, tem levado a um cenário de crescente contaminação do solo.

Contaminantes

Os poluentes que têm ocasionado a poluição do solo são de diferentes classes, e de modo geral pode-se categorizar esses contaminantes como orgânicos ou inorgânicos. Como exemplo de poluentes orgânicos tem-se as bifenilaspolicloradas, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nitroaromáticos e hidrocarbonetos lineares halogenados.

Além desses, os defensivos agrícolas, como inseticidas, fungicidas e herbicidas também são orgânicos e podem poluir o ambiente. Esses compostos, quando utilizados em demasia, ou por meio de acidentes industriais, são acumulados no solo e podem trazer sérias consequências para a fauna e flora associadas ao sistema produtivo.

Já os contaminantes inorgânicos, em solos, são representados em sua maioria por elementos metálicos ou não metálicos que apresentam ou não funções nos organismos vivos. Os que não apresentam funções são representados pelo cádmio (Cd), chumbo (Pb), mercúrio (Hg) e arsênio (As).

Porém, o cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe), níquel (Ni), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e selênio (Se) são demandados em pequenas quantidades pelos organismos vivos e sua toxicidade é dependente da concentração disponível no sistema.

 Lucas Anjos de Souza, biólogo, pós-doutor e professor do Instituto Federal Goiano - Crédito Arquivo pessoal
Lucas Anjos de Souza, biólogo, pós-doutor e professor do Instituto Federal Goiano – Crédito Arquivo pessoal

Causas e consequências

A utilização demasiada de fertilizantes pode levar ao aumento da concentração de alguns elementos tóxicos no solo, uma vez que esses elementos constituem o material de origem utilizado para produção desses produtos. Outra diferença muito significativa entre essas duas classes de poluentes é a possibilidade de degradação/biodegradação, que é possível com poluentes orgânicos, mas não para inorgânicos.

Nesse contexto, é muito importante a realização do monitoramento dos teores dos diversos tipos de contaminantes presentes nos solos. Assim, é possível determinar se a área está contaminada e se há necessidade de remediação ou recuperação. Nesse contexto, uma das tecnologias que vem sendo utilizada para remediação/recuperação dessas áreas é a biorremediação.

Essa técnica pode ser realizada no próprio local da contaminação (biorremediaçãoin situ) ou em galpões específicos de armazenamento do solo removido (biorremediaçãoex situ), e envolve a utilização de organismos vivos para degradar/transformar ou remover substâncias tóxicas de diversos sistemas ambientais.

Em um senso mais restrito, o termo biorremediação é utilizado para o processo que envolve apenas a utilização de microrganismos como bactérias e fungos no processo transformativo/degradativo de contaminantes, e pode ser dividido da seguinte forma: bioatenuação (monitoramento da biodegradação natural), bioaumentação (adição de microrganismos específicos ao sítio de contaminação) e bioestimulação (fornecimento de nutrientes e moléculas estimuladoras do crescimento microbiano).

Por outro lado, quando se utiliza plantas com a mesma finalidade, a técnica recebe o nome de fitorremediação.

Portanto, realizando uma análise mais generalista dos processos de biorremediação/fitorremediação, podemos dizer que os organismos biorremediadores atuam transformando, degradando ou indisponibilizando substâncias tóxicas no meio ambiente. E, além disso, a atuação desses organismos pode ser significativamente elevada pelo uso combinado de suplementação de substâncias indutoras, como ácidos orgânicos e aminoácidos.

Lucas Anjos de Souza, biólogo, pós-doutor e professor do Instituto Federal Goiano - Crédito Arquivo pessoal
Lucas Anjos de Souza, biólogo, pós-doutor e professor do Instituto Federal Goiano – Crédito Arquivo pessoal

O que fazer

A prática de aplicação de substâncias indutoras na promoção da biorremediação/fitorremediação ainda é incipiente por conta de sua novidade, e muitos dos resultados obtidos, apesar de cientificamente motivadores, são restritos à escala laboratorial e casa de vegetação.

A grande vantagem apontada pelos resultados das pesquisas é a possibilidade de aceleração do processo de remediação por promover o crescimento microbiano e, em alguns casos, a aplicação dessas substâncias indutoras deixam alguns poluentes inorgânicos mais solúveis, como é o caso do chumbo.

Dessa forma, os organismos têm mais acesso a esse contaminante e, assim, promovem a descontaminação do solo por meio da fitoextração, nesse caso utilizando plantas.

A aplicação de ácidos orgânicos eou aminoácidos favorecem o crescimento microbiano do solo - CréditoShutterstock
A aplicação de ácidos orgânicos eou aminoácidos favorecem o crescimento microbiano do solo – CréditoShutterstock

Essa matéria completa você encontra na edição de julho 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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