Adriano de Almeida Frazão
MSc. em Fitotecnia
Berildo de Melo
Doutor e professor de Fruticultura da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
O pulgão (Aphisspiraecola) se destaca entre as pragas da acerola, na estação seca. Ataca geralmente a extremidade tenra dos ramos – a sua preferida – após um surto de crescimento.
Os pulgões podem causar sérios prejuízos à planta. Ao sugarem a parte final dos ramos, provocam seu murchamento e morte, o que força a planta a gerar brotos laterais. É comum o pulgão atacar flores e frutos em formação, prejudicando a produtividade geral da cultura.
Bicudo (AnthomonusflavusBoheman)
Este inseto faz a sua oviposição no ovário das flores e nos frutos em desenvolvimento, que serve como alimento a eles (Marty e Pennock, 1965). Quase sempre os frutos atacados pelo bicudo se deformam. Marty e Pennock sugerem três medidas básicas:
- Pulverizar com paration na época do florescimento, repetindo dez dias após.
- Recolher e enterrar todos os frutos caÃdos no chão.
- Eliminar as outras espécies do gênero Malpighia existentes próximas ao pomar.
Nematoides
De todas as pragas que atacam a aceroleira, o nematoide é a de maior importância econômica. A aceroleira é muito sensÃvel ao ataque dessa praga. Estes parasitas atacam as raízes, induzindo-as à formação de galhas (Marty e Pennock, 1965). As plantas ficam enfraquecidas e se desenvolvem menos na parte aérea e nas raízes, que encurtam e engrossam.
A infecção das raízes Choudhury e Choudhury (1992) atrapalha na absorção da água e nutrientes do solo, e isso se reflete no crescimento da copa da planta.
A acerola é realmente suscetÃvel aos nematoides, segundo Ferraz e outros, porém, é resistente a Pratylenchusbrachyurus e a Meloidogyne graminicola, Radpholussimilis, Rolytenchusreniformis e Tylenchulussemipenetrans. Pomares no município de Mossoró (RN) apresentaram baixo desempenho em virtude da quebra do ritmo do crescimento e produção das plantas, em consequência do ataque do Meloidogyne arenariae Meloidogyne incognita, já mencionados.
Choudhury e Coudhury, 1992, recomendam aos fruticultores as seguintes medidas para diminuir a população desses nematoides.
Ãœ Obter mudas sadias, produzidas em solos não infectados por fitonematoides.
ÃœUtilizar leguminosas como Crotalariaspectabilis e Crotalariapaulineapara posterior incorporação no solo.
Outras pragas
Poderá ocorrer o ataque de cochonilhas e cigarrinhas não identificadas, mas de controle simples, com pulverizações para o seu combate.Simão (1971) informa que em algumas épocas do ano a mosca-das-frutasCeratitiscapitata causa prejuízos aos frutos da acerola. Simão recomenda o uso de paration ou óleo mineral para o controle das cochonilhas, aplicação de enxofre para os ácaros, e de produtos à base de fenthion como isca ou pulverização contra a mosca-das-frutas.
Doenças
O desmatamento para a implantação da aceroleira implicou na quebra do equilíbrio biológico e, como consequência, no surgimento de enfermidades até então não relatadas para a cultura da acerola em outros países produtores.
Marino Neto (1986) e Marty e Pennock (1965) relatam a ocorrência da cercóspora (leaf spot) ou mancha-das-folhas como sendo o maior problema da cultura da acerola no HavaÃ.
O fungo Cercosporabunchosiae aparentemente só ataca as folhas da acerola em alta precipitação e alta umidade relativa do ar. Essa doença pode causar sérios danos e se caracteriza pela presença de pontuações necróticas medindo 1 a 5mm de diâmetro, arredondados ou irregulares, que amarelecem e caem. Segundo Melendez (1963), nesse caso pode dar-se a desfolhação total da planta.
Marino Neto (1986) informa que os clones ou variedades de frutas mais doces são dotados de grande resistência à cercosporiose e as ácidas apresentam diferentes graus de tolerância. Para esse autor, os produtos químicos à base de cobre na sua formulação controlam essa doença.
Antracnose e verrugose
Há duas doenças que poderão eventualmente atacar os pomares de aceroleira. A verrugose e a antracnose.
A antracnose constitui-se de uma enfermidade da acerola no Brasil, podendo afetar tanto mudas quanto plantas adultas. Os sintomas da antracnose são manchas esbranquiçadas, com estreito marrom circundando a área necrosada. Nos frutos infectam e causam manchas pequenas, enegrecidas, as quais podem coalescer, aumentando a área necrosada.
Os frutos atacados não se prestam para a exportação, se tornando prejuízos aos produtores.
No Brasil não existem defensivos agrícolas para a acerola, mas pesquisas em desenvolvimento pela Embrapa/CNPAT mostram que o fungo pode ser controlado por pulverizações preventivas com oxicloreto de cobre e pulverizações curativas com benomil ou tiofanato metÃlico + chlorotalonil.