Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e produtor de morangos
O cultivo semi-hidropônico é uma variável do sistema hidropônico, conhecidona Europa como “fora de solo“. A técnica utiliza um substrato inerte para a sustentação das raízes das plantas.Ao contrário das folhosas (alface, agrião, rúcula…), que não sofrem constantes manipulações no manejo, as culturas olerÃcolas de frutos, como o morango, precisam de um sistema radicular ancorado e, neste caso, o sistema semi-hidropônico tem sido a melhor solução para a cultura.
Implantação da técnica
Existem várias opções tecnológicas para o sistema semi-hidropônico. Na Holanda, onde o ambiente é completamente controlado, foi adaptada uma atividade agrícola a uma estrutura industrial. Neste caso, controlam-se todos os fatores de produção (temperatura, umidade relativa do ar, iluminação, ventilação, aeração de substrato, umidade do substrato, etc.).
No Brasil, utiliza-se estrutura de baixo controle ambiental, casas de vegetação simples e, em determinadas situações, a produção ocorre a campo aberto. Também podem ser utilizadas técnicas hidropônicas adaptadas aos sistemas convencionais, como em regiões onde o solo é totalmente arenoso e sem a ocorrência significativa de chuvas.
O fato é que existe uma gama enorme de opções de técnicas e manejo.O correto, portanto, é adaptar-se a cada situação e região, tendo sempre em vista a viabilidade econômica.
Custo
Os custos iniciais na semi-hidroponia podem superar valores de um milhão de euros por hectare,no caso da Holanda. No Brasil,se o planejamento de implantação for adequado à realidade da região, os custos podem ser próximos aos dos sistemas convencionais.
Devo salientar que os sistemas semi-hidropônicos possuem os custos iniciais mais altos do que os sistemas convencionais.Por este motivo, eles devem ser avaliados em forma de depreciação.
Quando se usa materiais de melhor qualidade, geralmente se tem maior investimento envolvido, porém, também há uma vida útil maior, sendodiluÃdoo seu custo numa depreciação mais longa. Para melhor compreensão, devemos avaliar individualmente todos os itens de produção e suas variáveis, conforme as características de cada região.
Itens de depreciação longa
ÃœEstufas: existem três possibilidades:
- Plantio a campo aberto, sem a utilização de estufas, recomendadopararegiões áridas, onde não ocorrem chuvas significativas para causarem problemas fitossanitários.
- Em locais com baixa precipitação, com suficiente incidência de umidade para causar problemas fitossanitários sem prejudicar os trabalhos de manejo, é viável acoplarno sistema de tutoramento os túneis baixos. Neste caso, os custos são similares aos plantios convencionais.
- Em regiões em que a precipitação reduz significativamente os trabalhos de manejo, é recomendado utilizar estufas ou túneis altos.Os custos variam conforme o tipo de material utilizado, mas de uma forma geral, na avaliação da viabilidade econômica, devem-se considerar as perdas relacionadas à redução dos períodos de trabalhos ocasionados pela precipitação pluviométrica.
Os principais fatores na escolha das estufas são a resistência aos ventos e a troca de calor com o meio ambiente.As temperaturas ideais para a cultura do morangueiro são de 15 a 25°C, não podendo passar de 32°C.
ÃœTutoramento: este é um custo a mais em relação aos sistemas convencionais, mas proporciona conforto ergométrico aos trabalhadores e viabiliza a classificação a campo e a colheita direta na embalagem definitiva. Neste caso, o recomendável é utilizar materiais que possuem o menor custo na região de cultivo, mantendo os aspectos qualitativos, proporcionando a durabilidade necessária pelo tempo de depreciação estipulado. Na avaliação da viabilidade econômica, deve-se considerar a economia gerada pela classificação a campo e colheita direta na embalagem definitiva.
ÃœFertirrigação: a técnica pode ser dividida em três – central de irrigação, linhas principais, linhas secundárias/equipamentos de gotejo.
A central pode variar de um sistema rudimentar composto por caixas de soluções nutritivas e bomba de irrigação, ou sistemas complexos com injetores de adubos, controladores autônomos e software com inteligência artificial.Quanto maior o nível de sofisticação, maior o custo de depreciação, a eficiência na utilização de fertilizantes e menores os custos operacionais. Portanto, o sistema a ser utilizado deve ser adequado ao tamanho do investimento para diluir os custos de depreciação adequadamente.