Alcido Elenor Wander
Pesquisador e chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento na Embrapa Arroz e Feijão
Entre 2014/15 e 2015/16 a produção nacional de feijões aumentou de 3,1 para 3,2 milhões de toneladas (+87 mil toneladas). Este aumento se deu, principalmente, na 1ª safra e, em menor escala, na 2ª safra.
As quedas na produção ocorreram, principalmente, nas regiões sul (-72 mil toneladas; causas: excesso de chuvas (efeito El Niño)) e Centro-Oeste (-107 mil toneladas; causas: falta de chuvas (efeito El Niño)). A queda de produção nestas regiões foi compensada pelo aumento da produção nas regiões sudeste (+54 mil toneladas), nordeste (+207 mil toneladas) e norte (+5 mil toneladas).
Tabela 1. Produção de feijões (toneladas) por safra em 2014/15 e 2015/16 no Brasil e nas cinco regiões brasileiras
Fonte: Elaboração a partir do IBGE (LSPA, maio/2016)
A produtividade média foi de 903 kg/ha na 1ª safra e 1.148 kg/ha na 2ª safra. Na 3ª safra 2016 espera-se colher em torno de 2.500 kg/ha. Os principais Estados produtores são Paraná (22% da produção nacional), Minas Gerais (17%), Bahia (10%), Mato Grosso (10%), Goiás (7%), Ceará (6%) e São Paulo (6%).
Demanda xoferta
A demanda interna brasileira por feijões se mantém estável, em torno de 3,3 milhões de toneladas. Como a produção nacional no ano 2014/15 foi de 200 mil toneladas abaixo disso e a de 2015/16 de 120 mil toneladas abaixo, temos um déficit acumulado em dois anos de mais de 300 mil toneladas.
Nem mesmo as importações de 277 mil toneladas em 2015 e 120 mil toneladas de janeiro a maio de 2016, oriundos da Argentina, China e BolÃvia, conseguiram fazer com que os mercados de acalmassem.
Preços
De maneira geral, os preços alcançaram patamares nunca antes vistos. Em vários municípios de diferentes Estados os produtores já recebem preços acima de R$ 400,00 pela saca de 60 kg.
No mercado de São Paulo, os preços pagos ao produtor apresentaram ligeira queda de fevereiro para março de 2016. Nota-se, no entanto, que esta queda de preços não foi repassada ao consumidor (varejo), que continuou com os preços subindo até maio.
Figura 1. Preços do feijão de grão comercial tipo carioca recebidos pelos agricultores, de atacado e varejo, em São Paulo, nos últimos 12 meses
Fonte: Compilação feita pela Embrapa Arroz e Feijão a partir de dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA)
Oscilações
Existem grandes variações nos preços praticados entre regiões. Os maiores preços são observados nas regiões que produzem o feijão tipo comercial carioca, especialmente onde houve quebras de safra decorrentes dos efeitos climáticos do fenômeno El Niño.
Nos Estados da região sul choveu muito além do esperado. Já na região centro-oeste o volume de chuvas foi muito aquém da média. Assim, na região sul houve perdas pelo excesso de chuvas e no centro-oeste, pela falta dela.
Um fato interessante é que os aumentos de preços ao produtor são repassados ao atacado e varejo (consumidor final) quase que instantaneamente. Já as quedas de preço ao produtor demoram de dois a três meses para chegar ao consumidor.