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Amaranthus palmeri chega às lavouras brasileiras

Ademilson de Oliveira Alecrim

ademilsonfederal@hotmail.com

Dalyse Toledo Castanheira

dalysecastanheira@hotmail.com

Engenheiros agrônomos, doutorandos em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e membros do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD)

Giovani Belutti Voltolini

Técnicoagropecuário, graduando em Agronomia pela UFLA e membro do GHPD

giovanibelutti77@hotmail.com

Pedro Menicucci Netto

Graduando em Agronomia pela UFLA e membro do GHPD

pedromenicucci2010@hotmail.com

 

Créditos Internet
Créditos Internet

As plantas daninhas, se não manejadas corretamente, interferem de forma negativa no desenvolvimento das culturas, pois elas competem por luz, água e nutrientes. Atualmente, uma espécie está causando grande preocupação dos produtores e da comunidade científica ““ a Amaranthus palmeri, conhecida popularmente como caruru gigante. Trata-se de uma planta daninha originária de regiões áridas do Centro-Sul dos Estados Unidos e Norte do México e que está presente em vários países do mundo.

Inicialmente, esta espécie de planta daninha ocorria principalmente em olerícolas, tendo se tornado, nos últimos anos, a principal daninha do algodoeiro nos Estados Unidos, em função de suas características biológicas e da resistência a herbicidas de diferentes sítios de ação. Recentemente, a espécie foi identificada no Brasil, mais especificamente no Mato Grosso do Sul.

Biologia da espécie

As espécies de caruru já identificadas no Brasil têm flores masculinas e femininas na mesma planta. Já na A. palmeri, parte das plantas produzirão apenas flores femininas (planta fêmea) e a outra parte flores masculinas (planta macho), sendo que as sementes são produzidas somente nas plantas de flores femininas. Mas, há um detalhe importante e agravante de reprodução da espécie: flores femininas podem produzir sementes mesmo sem ocorrência de polinização (apomixia facultativa).

Elas possuem metabolismo fotossintético do tipo C4, sendo muito eficiente na utilização de água, gás carbônico e luz para a produção de açúcares. As maiores taxas de fotossíntese ocorrem entre 36 e 46°C, com máximo de 42°C, o que lhe dá vantagens competitivas em regiões de clima quente.

O crescimento é muito rápido (médias de 2 a 3 cm por dia). Dependendo das condições de desenvolvimento, uma única planta pode produzir de 200 mil a 600 mil sementes, mas há casos em que esse número pode ultrapassar um milhão de sementes.

As sementes possuem tamanho extremamente reduzido, em formato de disco ou arredondado, medindo de 1 a 2 mm, o que facilita muito sua dispersão. Aves e mamíferos têm sido relatados como meios de disseminação da espécie, mas, uma vez estabelecido o problema, assumem grande importância nas atividades humanas, destacando-se o transporte de máquinas, insumos, resíduos e colheitas, tanto dentro quanto fora das propriedades.

Danos causados

A combinação da taxa de crescimento rápido, adaptação ao calor e à seca, e volume de raízes grandes, faz da A. palmeri um concorrente agressivo contra as culturas de estação quente, e um incômodo grave na época da colheita. Elas provocam reduções significativas de produção em todas as culturas agronômicas, especialmente quando surgem antes ou com a cultura.

Elas podem sobrepor a maioria das culturas agrícolas, em muitos casos até plantas de milho, e com isso há maior competição por luz solar. Além disso, resíduos de A. palmeri podem suprimir o crescimento das culturas. Em alguns estudos realizados nos Estados Unidos, pesquisadores observaram que a incorporação dessa planta ao solo antes do plantio pode dificultar significativamente o crescimento de mudas de cenoura, cebola, repolho e sorgo, provavelmente devido a algum efeito alelopático que a planta exerce sobre as culturas.

Quando não é feito o controle da população de A. palmeri, perdas no rendimento das culturas podem atingir até 91% em milho, 79% em soja e 77% em algodoeiro, segundo bibliografia norte-americana.

As-espécies-de-caruru-já-identificadas-no-Brasil-têm-flores-masculinas-e-femininas-na-mesma-planta-Créditos-Internet
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Resistência a herbicidas

Existem populações com biótipos de A. palmeri que apresentam resistência simples a herbicidas de cinco mecanismos de ação: inibidores da ALS, inibidores da EPSPs, inibidores da HPPD, inibidores da tubulina e inibidores do fotossistema II.

O manejo dessas populações se torna ainda mais complexo com a ocorrência de resistência múltipla, a qual já foi detectada para dois ou três desses mecanismos (ALS/ EPSPs; ALS/EPSPs/FSII e ALS/FSII/HPPD). Fora dos Estados Unidos, já foram relatados biótipos com resistência a inibidores da ALS em Israel e da EPSPs na Argentina.

Também é importante a hibridação natural, comum nos carurus. Cruzamentos entre espécies do gênero Amaranthus são muito citadas na literatura, sendo possível a transferência da resistência a herbicidas de A. palmeri para outras espécies de caruru, e também o contrário. Amaranthus spinosus (caruru-de-espinho) é o caruru taxonomicamente mais próximo de A. palmeri e com maiores chances de hibridização com essa espécie.

Em razão da crescente detecção e do espaço geográfico ainda restrito, os resultados das medidas de contenção poderão ser mais rápidos e, como eles, o retorno econômico, uma vez que tratamentos para o controle de A. palmeri com resistência múltipla possui custos bem mais elevados. Vale ressaltar que herbicidas à base de glyphosate e inibidores da ALS não serão efetivos no controle dessa espécie.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de agosto 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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