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Genética e manejo alteram teor de cafeína em plantas de erva-mate

Produ‹o de Erva Mate no munic’pio de Iva’ no interior do Paran‡. / Iva’, 03/09/2011./ Foto: Rodolfo BUHRER / La Imagem.
Produ‹o de Erva Mate no munic’pio de Iva’ no interior do Paran‡. / Iva’, 03/09/2011./ Foto: Rodolfo BUHRER / La Imagem.

Tradicionalmente associada ao consumo de chimarrão e chás, a erva-mate pode ganhar mais utilidades nos mercados de alimentos, cosméticos e detergentes. Pesquisadores da Embrapa estão trabalhando no desenvolvimento de plantas com teores conhecidos de cafeína e outros componentes de interesse, como teobromina e compostos fenólicos (antioxidantes).

“Plantas com índices de cafeína acima de 2,0% já são consideradas com alto teor da substância, e em nossas pesquisas encontramos plantas que apresentam naturalmente índices de até 3,0%”, revela a pesquisadora Cristiane Helm, da Embrapa Florestas (PR).

O estudo também descobriu que a genética da planta é responsável por 60% desse tipo de característica. “Trabalhamos, agora, para identificar as condições ambientais que completam este potencial”, explica Ivar Wendling, pesquisador da Embrapa Florestas.

Segundo ele, com algumas ações de manejo e cultivo diferenciado é possível obter plantas com mais de 5% de cafeína. Além da cafeína, do grupo das metilxantinas, encontradas em diversas plantas e que são uma das responsáveis pelo sabor amargo e pelo efeito psicoativo, também tem destaque na erva-mate a teobromina. Além disso, compostos fenólicos, como os flavonoides, também compõem a pesquisa.

A pesquisa já encontrou mais de 200 componentes na erva-mate, mostrando o potencial da planta.Essas descobertas podem revolucionar o sistema de produção da erva-mate e a forma de consumo, pois abrem caminho para uma variada gama de novos produtos. Existe potencial para desenvolvimento em diferentes frentes: da cafeína, com bebidas e alimentos energéticos ou descafeinados; da teobromina, com produtos como relaxantes musculares, diuréticos e vasodilatadores; e com compostos fenólicos, os flavonoides, que são antioxidantes e podem trazer benefícios para a saúde, além de aprimorar a composição nutricional e sensorial dos alimentos, bem como ajudar em sua conservação.

Para breve

Outra linha promissora que começa a ser pesquisada é a da saponina, utilizada em produtos de limpeza e em rações para animais. Em todas essas áreas, o uso da erva-mate como matéria-prima poderá fazer com que esses produtos tenham um apelo mais natural, que tem sido muito procurado pelos consumidores.

Hoje, por exemplo, alguns produtos passam por processos químicos para serem descafeinados. “A pesquisa cumpre o papel de disponibilizar novos materiais genéticos e descobrir novos usos para a erva-mate em “˜escala de bancada’. Mas, para chegar até o produto, precisamos firmar parcerias com o setor industrial para estudos em escala-piloto e, posteriormente, avaliar a produção em escala industrial”, explica Miguel Haliski, do Setor de Prospecção e Avaliação Tecnológica da Embrapa Florestas.

A intenção é obter uma matéria-prima que apresente naturalmente o teor desejado da substância almejada, com base nas cultivares da Embrapa já em desenvolvimento avançado. Cristiane Helm completa que o interesse internacional por compostos bioativos com propriedades terapêuticas aumenta a cada dia, e há consumo crescente na América do Norte e Europa. “Em breve, será possível cultivar a erva-mate pensando nesses mercados. Mas, para isso é necessário que em paralelo tenhamos o desenvolvimento de produtos diferenciados com a erva-mate”, analisa.

Com a possibilidade de cultivares diferenciadas em seus compostos, a perspectiva é criar nichos de mercado para produtos com apelo mais saudável. Para Cristiane, a erva-mate pode seguir o mesmo caminho do café, que hoje é encontrado com diferentes teores de cafeína ou descafeinado.

Produção de erva mate

Cultura nativa do Brasil, Argentina e Paraguai, a erva-mate é matéria-prima para chás e chimarrão, em especial no Sul do País. É plantada por cerca de 180 mil agricultores familiares no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, mas ainda em sistema de cultivo tradicional, com nenhum ou pouco grau de melhoramento genético.

Também existe extrativismo em áreas de ocorrência natural. Independentemente do sistema de produção, a colheita geralmente é enviada a uma empresa especializada, chamada ervateira, para beneficiamento do produto.

 Com o desenvolvimento dessas cultivares, mesmo o tradicional mercado de chimarrão pode ser beneficiado. Hoje, muitas pessoas não tomam a bebida no final da tarde por problemas de estômago ou por ela ser energética. “Pode ser lançado um chimarrão naturalmente descafeinado, que poderá ser ingerido por essas pessoas”, explica a pesquisadora.

De acordo com a Anvisa, para que um produto seja considerado descafeinado, o valor máximo permitido de cafeína deve ser de 0,1% (g/100g) e, caso seja um descafeinado solúvel, o valor máximo poderá chegar a 0,3% (g/100g). “Algumas plantas com as quais trabalhamos apresentam teores de 0,03%”, demonstra.

A pesquisa propõe uma identificação de árvores-matrizes com boa produtividade e características de interesse, como por exemplo, o teor de cafeína. A partir disso, é feita a clonagem destas árvores pela técnica de miniestaquia e a produção em viveiro ou canteiro. “Esta é outra inovação que queremos propor”, salienta Ivar Wendling. “O plantio em condições controladas vai ajudar o produtor a atender nichos de mercado e assegurar maior qualidade ao produto”, explica.

Essa matéria completa você encontra na edição de julho/agosto 2016  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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