Douglas José Marques
Professor de Olericultura e Melhoramento Vegetal da Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas)
Hudson Carvalho Bianchini
Professor de Fertilidade do Solo da Unifenas
A cultura da cebola (Allium cepa L.) é muito importante mundialmente. Os principais países produtores mundiais são China, Índia, Estados Unidos, Turquia, Japão, Irã, Paquistão, Rússia, Espanha e Brasil. Na América do Sul destacam-se as produções do Brasil, com ofertas equivalentes às suas necessidades internas de consumo, e a Argentina, cujo volume de produção tem gerado expressivos excedentes exportáveis.
Esses dois países respondem pela quase totalidade do abastecimento da cebola em relação ao restante dos países, haja vista que as produções do Uruguai e Paraguai são menores, não influindo no perfil do mercado.
Em função do mercado competitivo e flutuante da cebolicultura, é crucial para a sobrevivência do produtor a tecnificação, para obter produto de qualidade, se adaptar a essas mudanças no mercado e estar atento às alterações nas regiões produtoras de cebola.
No Brasil, a cebola destaca-se ao lado da batata e do tomate como as olerÃcolas economicamente mais importantes, tanto pelo volume produzido como pela renda gerada. As regiões produtoras Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) e Nordeste (Pernambuco e Bahia) lideram a atividade.
Condição do solo
Os solos tropicais se caracterizam pelo elevado grau de intemperismo e pelos baixos teores de fósforo na forma disponível às plantas. Nesses solos o fósforo é o nutriente mais limitante para a produção agrícola, por apresentar baixa mobilidade e por restringir o crescimento das plantas.
Assim, em solos jovens e nos moderadamente intemperizados, como os Vertissolos, Chernossolos e os Neossolos, ainda ocorre fósforo em minerais primários, mas a maior parte deste elemento se encontra na forma orgânica, ou na forma mineral, adsorvida fracamente aos minerais secundários.
Nos solos altamente intemperizados, como os Latossolos, predominam as formas inorgânicas ligadas à fração mineral com alta energia e as formas orgânicas estabilizadas física e quimicamente.
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Manejo do fósforo
Os solos brasileiros, devido ao maior intemperismo a que foram submetidos na sua formação, de maneira geral, apresentam baixa fertilidade natural em função da elevada acidez, baixa saturação por bases, toxicidade de alguns elementos químicos e baixa disponibilidade de nutrientes.
Geralmente o fósforo é considerado o elemento de maior limitação na produção da cebola em países tropicalizados. Os teores de fósforo na solução do solo, além de muito baixos, são insuficientes para suprir a necessidade da cultura. O produtor de cebola deve, então, adotar medidas agrotecnológicas pontuais para ter uma boa eficiência na aplicação de fósforo na cultura.
A primeira medida é a análise do solo, pois características químicas inadequadas no solo, tais como elevada acidez, altos teores de alumino trocável e a deficiência de nutrientes, especialmente de cálcio, magnésio e de fósforo afetam a produção.
Por ser material de baixa solubilidade, de reação lenta, o calcário deve ser aplicado dois a três meses antes do plantio, para que as reações esperadas se processem. A deficiência de fósforo nos solos tropicais é intensa graças à elevada acidez e à presença de grandes proporções de argila, o que aumenta muito a adsorção de fosfatos e a formação de precipitados com ferro e alumÃnio, reduzindo, consequentemente, a disponibilidade do elemento para as plantas.
Sendo assim, para garantir uma boa produção de cebola e uma adubação fosfatada eficiente, é necessário que a aplicação de calcário seja feita antes da adubação fosfatada, para garantir a correção da acidez do solo, aumentar a atividade microbiana e, ainda, aumentar a disponibilidade da maioria dos nutrientes para as plantas, em especial o fósforo.
Na recomendação, devem ser considerados aspectos técnicos e econômicos, como exemplo: pH; análise econômica e o período de aplicação.
Liberação gradual do fósforo
Os fertilizantes fosforados utilizados na agricultura reagem no solo de forma rápida ou lenta, e esta reação depende da fonte de fósforo utilizada. A aplicação de fósforo deve ser total no plantio, em dosagem que varia de 50 a 300 kg ha-1, dependendo da textura e da análise quÃmica do solo.
Caso ocorra deficiência do nutriente, é aconselhável a adubação foliar corretiva para suprir a demanda da cultura.