Leonardo Lucio Amorim Mussury
Professor da Unigran ““ Centro Universitário da Grande Dourados
De forma geral, o produtor tem obtido bons retornos na cultura da soja e do milho se compararmos os preços nos últimos quatro anos. Em alguns momentos, tal situação foi provocada por quebra da safra americana, e em outros pela alta volatilidade que o câmbio vem causando à formação de preços, o que se deve basicamente a um tripé de forcas que atuam nessa volatilidade.
A primeira forca se deve à instabilidade polÃtica de nossa economia, que promove uma inquietação no mercado financeiro e deixa o investidor sem rumo, que por sua vez toma proteção no dólar, induzindo a frequentes altas e, por conseguinte, nas culturas de mercado exportador.
A segunda se refere às quebras de safra provocadas tanto no milho quanto na soja que ocorreram e voltarão a ocorrer no Brasil, Argentina, Paraguai e nos Estados Unidos, países que têm forte influência na composição dos preços internacionais dessas commodities.
Cabe lembrar que tanto a soja quanto o milho no presente ano agrícola terão quebras na produtividade ocasionada por seca e excesso de chuvas em determinados momentos.
A terceira forca está no ajuste de estoques dessas commodities, que ao menor sinal de redução de oferta acaba por influenciar o mercado futuro e desloca os preços para cima, principalmente num período de demanda aquecida.
Preços
Se imaginarmos que temos uma saca de soja batendo no porto de Paranaguá próximo de R$ 100,00, e uma saca de milho sendo comercializada a R$ 50,00, eu diria que nunca na história desse País tivemos preços tão remuneradores como os de hoje. Isso somado a um custo de produção abaixo daquele que promete ser o da próxima safra (2016/17), além de serem formados num primeiro semestre, antecipando, e muito, a realidade de preços remuneradores.
Esses preços ocorrem geralmente no segundo semestre, em que o mercado interno tradicionalmente remunera melhor e possibilita ao produtor realizar o planejamento da próxima safra com muito mais antecedência.
Essa antecedência tem se retratado na troca de insumos x produto, em que, dadas as altas taxas de juros no mercado para captar recursos para o custeio da próxima safra e a diminuição de crédito provocada pela menor oferta, temos que a remuneração compensatória cria uma tranquilidade para utilização desse mecanismo de troca, procedimento que se acentuou nos últimos meses.
O drible certo
A regra geral é tentar ser o mais racional possível no ato de aquisição dos insumos e na operacionalização de sua estrutura, além de aproveitar os momentos favoráveis na aquisição destes e buscar o máximo de produtividade e a melhor comercialização possível.
Sabemos que inúmeras empresas conhecem a realidade do mercado, que as vendas vêm caindo pelo momento econômico vivido, que a concorrência busca seu espaço e as oportunidades de negócio a preços atrativos deverão ocorrer.
É comum em rodas surgir o seguinte comentário: “fulano é um baita produtor, mas na hora de vender o seu produto é uma lástima“. De modo geral, isso não é regra, mas existem inúmeras formas de buscar esse aperfeiçoamento com os instrumentos que o próprio mercado oferece. Isso o mercado futuro nos possibilita, como também o sistema de barter, que é a troca de insumos por produto e outros mecanismos como a trava de prêmios e do dólar em Chicago, e tantas outras formas que uma boa corretora poderia orientar.
Custo x retorno
Os valores das commodities dependem de cada região, o que acaba sendo definido pelo sistema logÃstico e, por conseguinte, seu preço. Sabemos que a safra 2016/17 esteve perto de 20% comercializada em função dos bons preços travados para entrega em fevereiro e marco de 2017.
O que se espera, no caso da soja, é que uma produção da ordem de 50 a 60 sacas no Centro-Oeste possibilite, pelos preços vendidos perto de R$ 72,00 a R$ 74,00/saca de 60 kg, na relação de troca, um ganho de uma saca de soja, se comparada à safra passada.
Se imaginarmos um produtor que planta 2.500 hectares, ele terá uma economia no sistema barter de 2.500 ha x 1 saca de soja a R$ 72,00 = R$ 180.000,00, o que no Brasil de hoje não pode ser desprezado.
Quanto ao custo, oscila na faixa de R$ 1.800,00 a R$ 2.000,00, dependendo do tipo de insumo e do câmbio na data da efetivação de sua compra ao dólar da época. Sementes e insumos tiveram forte impacto na composição dos custos, dadaa desvalorização de nossa moeda ao longo do período de aquisição dos mesmos.
No caso do milho, nunca tivemos preços tão remuneradores como os de hoje. Produtores travaram suas vendas no Mato Grosso do Sul a R$ 35,00 num primeiro momento, e até mesmo a R$ 40,00 para aqueles que colheram de forma antecipada, como maio e junho.