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As dificuldades de controlar a broca-do-café

 

Felipe Santinato

Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando na UNESP Jaboticabal, e diretor da Santinato & Santinato Cafés Ltda

fpsantinato@hotmail.com

Crédito Cristiano Soares de Oliveira
Crédito Cristiano Soares de Oliveira

Para não se deparar com prejuízos, primeiramente o produtor deve saber quando a broca-do-café começa a “rodear“ sua lavoura. E isso não acontece por conta de data específica, calendário, etc. Não devemos nos apegar a datas fixas, e sim aprender a avaliar segundo quem realmente determina isto – a natureza. Quem vai determinar o início da revoada da broca-do-café é a fenologia do cafeeiro.

Quanto tempo leva para os frutos do café se tornarem chumbão (fenologia- período em que se iniciam as revoadas das brocas)? A cultivar, a temperatura, a pluviosidade e o sombreamento (espaçamento, etc.).

Outro ponto importante: de qual florada estamos falando? Na realidade, cada ano traz grandes diferenças quanto ao número de floradas e a data de suas ocorrências. Não importa se os frutos chumbão presentes, por exemplo, em dezembro, são da primeira, da segunda ou da terceira florada, ou ainda se a segunda florada foi maior que a primeira, e assim por diante.

Se ocorreu uma florada, pequena que seja, dependendo da fenologia (influenciada pelas condições climáticas e outros), vai haver revoada de broca-do-café. Se ficar esperando o calendário, dias depois de algo que aconteceu, o produtor não irá perceber que a broca-do-café já está atuando, e o pior, ela atua de várias formas, como vou abordar em seguida.

Entenda a praga

A broca é oriunda dos frutos da safra anterior, dos pés que não foram 100% colhidos, e do solo, que não foi recolhido e não foi decomposto. Fazer a colheita bem feita, com repasse mecanizado ou manual, e recolhimento, pode reduzir a pressão da broca-do-café. No entanto, a pressão dos vizinhos, caso ele não tenha o mesmo manejo, pode influenciar na sua lavoura.

A broca inicia suas perfurações iniciais apenas com orifícios externos nos frutos. Isso porque é atraída por substâncias voláteis dos frutos chumbões, que ainda estão muito aquosos, conferindo ambiente desfavorável para sua oviposição. Diante disto, ela permanece furando outros frutos, até que o tempo vai passando, os frutos vão se solidificando (novamente o que determina esse tempo é a fenologia da planta), perdendo umidade, quanto então ela inicia perfurações mais profundas, alcançando as sementes e entrando no seu interior.

Dessa forma, podemos classificar os métodos de controle da broca-de-broca como:

ΠQuando existem galerias apenas externas;

 Quando existem galerias até o interior das sementes.

Essa informação valiosa norteará sobre a estratégia de controle a ser adotada. Se há o predomínio de danos do tipo 1, podemos controlar a broca com sucesso usando produtos apenas de contato, pois ela se encontra externamente nos frutos, voando ou andando sobre eles, e no máximo na beira da galeria.

Se há o predomínio de danos do tipo 2, aí teremos problemas muito maiores, pois os inseticidas de contato já não terão efeito satisfatório (como um produto de contato funciona em um inseto se a aplicação não entrou em contato com ele, já que ele está dentro do fruto escondido?).

Isso é muito importante, e é por isso que o produtor deve ter à mão sempre mais que uma opção de controle da broca. Na minha lavoura sempre haverá situações do tipo 1 e do tipo 2. Se os controles são diferentes, por que comprei apenas um produto para aplicar em área total?

Essa percepção faz com que não nos orientemos de acordo com os dias após florada principal. Fazendo isso, teremos parte da nossa lavoura já com danos do tipo 2, visto que a revoada condicionada pela primeira florada, por menor que seja, já estará dentro da semente, devorando-a.

Felipe Santinato, engenheiro agrônomoe diretor da Santinato & Santinato Cafés Ltda, à direita, e seu pai, engenheiro agrônomo do MAPAProcafé,
Felipe Santinato, engenheiro agrônomoe diretor da Santinato & Santinato Cafés Ltda, à direita, e seu pai, engenheiro agrônomo do MAPAProcafé,

Condições para a praga

Em regiões mais quentes e lavouras mais altas, a exposição solar mais acentuada no terço superior das plantas faz com que os frutos tenham um desenvolvimento mais acelerado, por isso alcançam o estágio chumbão mais cedo. Dessa forma, apesar da broca gostar mais de ambiente sombreado (terço inferior), há grande presença de frutos brocados no TS, fato desconsiderado nas avaliações quando feitas apenas no terço médio.

O ideal é fazer a avaliação nos três terços das plantas (33% de frutos colhidos em cada um deles). A avaliação deve ser rápida, fácil, sem complexidades, para que o seu monitor de pragas, ou o produtor mesmo, faça toda a lavoura, em uma precisão maior e maior número de vezes por safra.

O ideal é coletar no mínimo 150 frutos de cada ponto,fazer um ponto a cada hectare (seria muito bom, principalmente com agricultura de precisão), avaliar somente frutos brocados, e dentro desse parâmetro os danos externos (1), danos internos à semente (2), e frutos brocados com brocas vivas internamente (não importa o número de brocas e sim a presença delas).

Avaliações mais elaboradas são feitas nas pesquisas. Para ficar prático na sua fazenda, seja ela de qual tamanho for, apenas esses parâmetros são suficientes.

O mais importante nas avaliações é que os dados saiam do papel e entrem no computador, para posteriormente se tornarem um relatório que auxiliará na gerência quanto ao momento de iniciar o controle, e qual produto será utilizado.

Fazer a avaliação por fazer, e esta permanecer no papel, é dinheiro jogado fora. Quando temos o advento de sistemas de agricultura de precisão podemos elaborar mapas de incidência mensais, norteando onde a broca está evoluindo mais rápido e o local onde se deve proceder ao controle.

Essa matéria completa você encontra na edição de agosto 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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