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Hidroponia eleva ºBrix do tomate cereja

 

Eduardo Ferreira Rodrigues

Engenheiro agrônomo e doutor em Produção Vegetal

edumagro@yahoo.com.br

 

Crédito Wulf Schmidt
Crédito Wulf Schmidt

A produção hidropônica no Brasil ainda se concentra nas hortaliças folhosas, com destaque para os diversos tipos de alface (crespa e americana), em torno de 85%. No entanto, deve-se considerar que o cultivo de hortaliças de frutos como, por exemplo, tomate, pimentão, pepino, dentre outros, é ainda uma incógnita, pois pouco se sabe das produções hidropônicas nas distintas regiões do País.

Comenta-se que a produção verdadeiramente hidropônica, ou seja, aquela que é sustentada pela técnica NFT (um filme laminar de solução nutritiva que irriga o sistema radicular das plantas que retorna para o reservatório) está bem disseminada em todas as regiões do País, porém, ainda carecemos de estudos mais detalhados em termos estatísticos.

Aqui, por exemplo, posso ressaltar a produção de tomate cereja em sistema hidropônico NFT, localizada no município de Humberto de Campos, no Maranhão, que com certeza não participa de nenhum levantamento estatístico sobre a produção de tomate cereja em hidroponia verdadeira.

Mas, podemos destacar a grande influência que o Encontro Brasileiro de Hidroponia tem exercido sobre a tentativa de organizar este setor. Com um papel mais dinâmico de informar e atualizar o sistema de produção nas diversas regiões do nosso País, este Encontro possibilita uma melhor integração do setor e permite a interação dos produtores com as novidades tecnológicas.

Afinal de contas, o processo produtivo já está bem dominado e as melhorias deste processo, como a variedade, o manejo hidropônico (manutenção de condutividade elétrica – CE e de pH), as práticas de convivência com pragas e doenças, e a embalagem mais adequada serão sempre discutidas para a própria melhoria do processo.

Sucesso

A produção de tomate cereja em sistema NFT tem alcançado grande sucesso, como destacado anteriormente,mas ainda precisamos de mais experiências exitosas para o conhecimento desse setor. Para o caso específico da experiência com tomate cereja hidropônico, podemos listar alguns itens:maior rendimento por área, melhor qualidade de produto, redução do ciclo da cultura, menor incidência de pragas e doenças, maior eficiência do uso de água e de fertilizantes, eliminação da mão deobra nas atividades de capina e preparo do solo, regularidade de oferta ao longo do ano e possibilidade de aproveitamento de pequenas áreas próximas aos centros consumidores (MARTINEZ, 2006; SANCHEZ, 2007).

Como citado por estes autores, pudemos verificar que o grande destaque é a economia de água (70% em relação ao plantio convencional) que este sistema possibilitou, e ainda que a técnica do NFT permite fáceis ajustes, como elevação do pH e da CE.

O maior sucesso realmente observado foi quando o produto foi comercializado nas feiras e restaurantes. Cita-se aqui o caso de uma churrascaria que já prontamente fechou um contrato de compra de tomate cereja de 100kg por semana. Aqui vale sempre ressaltar que um bom planejamento da produção é ponto de destaque para que o fornecimento não seja interrompido pela falta do produto.

O sabor do tomate é um dos pontos mais favorecidos pela hidroponia -Crédito Wulf Schmidt
O sabor do tomate é um dos pontos mais favorecidos pela hidroponia -Crédito Wulf Schmidt

Diferencial

O grande diferencial do produto hidropônico para o caso do tomate cereja foi o destacado sabor relatado pelos consumidores. Em todas as entrevistas realizadas com os degustadores, o sabor adocicado e levemente ácido do tomate cereja foi sempre ressaltado.

Além disso, a aparência e a textura do fruto sempre foram comentadas como de especial qualidade. Nesse caso, a textura e a firmeza do fruto foram especificadas como um atributo importante, porque realmente o produto hidropônico consegue ter uma melhor pós-colheita.

Tal fato se deve aos frutos hidropônicos terem uma boa nutrição, possuírem marcha de crescimento que permite que os tecidos do fruto sejam bem formados e assim sua “vida de prateleira“ é mais prolongada, sem haver alterações significativas do sabor do fruto.

ºBrix

Quanto ao ºBrix, é importante ressaltar que os tomates cerejas realmente possuem um destacado valor, girando em torno de 6 a 9 ºBrix. Porém, existe uma corrente de pesquisadores que apoia o fato de que uma planta bem manejada nutricionalmente pode exibir suas potencialidades organolépticas.

Assim, para o caso do sistema hidropônico NFT, espera-se realmente que os frutos oriundos destes sistemas sejam bem abastecidos, e assim o ºBrix será atingido facilmente.

Quanto à bromatologia, aferiu-se o ºBrix de dois genótipos, sendo que o híbrido Chipano atingiu 6,82ºBrix e o híbrido Sorbetto 8,65ºBrix. Estes valores são condizentes com as informações contidas nas embalagens de venda das sementes e do material ilustrativo obtido da empresa.

Manejo

Os frutos foram sempre manejados considerando os cachos, nos quais eram contados 12 frutos e fazia-se a colheita com os “cabinhos“ (pedicelo). É importante ressaltar que a maturação dos frutos ocorre de baixo pra cima e após a planta atingir 1,80 m é feita uma poda de crescimento, reduzindo a dominância apical e forçando a planta a estabelecer uma nova relação fonte/dreno para abastecer os drenos de ramificações laterais.

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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