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Híbridos de beterraba são mais resistentes

 

Felipe Oliveira Magro

Doutor em Agronomia e engenheiro agrônomo na Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Turismo na Prefeitura de Jundiaí (SP)

felipe_magro@yahoo.com.br

Antônio Ismael Inácio Cardoso

Engenheiro agrônomo eprofessor adjunto da FCA/UNESP

 Crédito Bejo
Crédito Bejo

Embora a beterraba seja adaptável ao cultivo nas mais diversas condições ambientais brasileiras, a produtividade desta cultura é 40 a 50% menor quando cultivada no período de verão, quando ocorre maior precipitação (chuvas), umidade e temperatura elevada, o que favorece a ocorrência de doenças.

Atualmente,estão sendo introduzidas novas cultivares híbridas que apresentam boa adaptação a regiões serranas de altitude. Elas também demonstram maior resistência a doenças fúngicas foliares e maior precocidade em relação às cultivares tradicionais. Além disso, produzem beterrabas com coloração uniforme, sem anéis concêntricos mais claros, como ocorre em outros materiais.

Os fungos

Os prejuízos causados pelos fungos dependerão de quais espécies estão instaladas na lavoura. Alguns desses prejuízos e sintomas causados pelo fungo são:

– Tombamento de plântulas (Rhizoctoniasolani, Pythium spp.,Fusarium spp., Phytophthoraspp): estes fungos afetam as sementes no início da germinação e plantas muito jovens, provocando a morte com consequente redução no número de plantas por hectare (menos população de plantas) e, portanto, menor produtividade.

Mancha e necrose das folhas: pode, em alguns casos, levar à morte das plantas (Cercosporabeticola e Phomabetae). A cercosporiose é a principal doença foliar na beterraba, podendo causar perdas significativas,principalmente em épocas de elevada temperatura e muitas chuvas ou excesso de irrigação.

Murcha de plantas e podridão das raízes (Sclerotiumrolfsii): O fungo é um importante fitopatógeno habitante de solo, sendo responsável por podridão de raízes e do colo, murcha e tombamento de plântulas. Apresenta extensa gama de hospedeiros, cerca de 500 espécies botânicas, incluindo dicotiledôneas e monocotiledôneas, distribuindo-se em todas as regiões agrícolas, com predominância nas zonas tropical e subtropical, onde prevalecem condições de alta umidade e temperatura elevada.

Sintomas de cercóspora - Crédito Antonio Ismael Inácio Cardoso - Crédito Bejo
Sintomas de cercóspora – Crédito Antonio Ismael Inácio Cardoso – Crédito Bejo

Condições para o ataque

Entre as condições para o ataque dos fungos estão: alta umidade do solo, alta umidade relativa do ar (maior que 90%), altas densidades de plantio, cultivos sucessivos com a mesma espécie, temperaturas elevadas, solos compactados, mal drenados e com baixo teor de matéria orgânica.

Geralmente o ataque é mais severo no verão, pois é quando as condições estão mais favoráveis ao desenvolvimento dos fungos.

Híbridos x convencionais

Com a utilização dos híbridos, tornou-se possível a produção de beterraba com resistência/tolerância a algumas doenças, com destaque para a cercosporiose, principal doença da cultura, causada pelo fungo Cercosporabeticola.

A eficiência desses híbridos se resume à habilidade das plantas em produzir boa colheita mesmo quando infectadas por um patógeno, quando comparadas com outra variedade, com mesma capacidade produtiva, mas que nas mesmas condições de ataque de doença é mais afetada.

Deve-se ressaltar que a resistência/tolerância observada em alguns híbridos não é total. Se as condições ambientais forem favoráveis ao fungo, mesmo os melhores híbridos apresentarão sintomas e perdas de produção, porém, menores do que nos materiais mais suscetíveis.

 

A utilização de híbridos proporciona melhor produtividade e ausência de anéis brancos - Crédito Ana Maria Diniz
A utilização de híbridos proporciona melhor produtividade e ausência de anéis brancos – Crédito Ana Maria Diniz

Vantagens dos híbridos

A maioria das sementes utilizadas no Brasil é importada. Quando a semeadura é feita manualmente, estima-se um gasto de 10 a 13 kg de sementes por hectare. Já quando se utiliza semeadeira de precisão o gasto com sementes pode ser reduzido a cerca de 7-8 kg por hectare.

Ressalta-se que muitas vezes o produtor acaba perdendo a semeadura, principalmente nas épocas de chuvas intensas, necessitando realizar nova operação. Esta semeadura perdida normalmente é contabilizada na estimativa da área com a cultura no Brasil.

Na semeadura de precisão são utilizadas de 450 a 500 mil sementes por hectare. Cerca de 30 dias após a semeadura deve-se realizar o raleio (desbaste de plantas em excesso), visando deixar uma população de 300 a 350 mil plantas por hectare.

Ao contrário do que ocorre com outras hortaliças tuberosas, que são intolerantes ao transplante, a beterraba se adapta à propagação por mudas. Porém, com a semeadura direta há redução no ciclo e no custo de produção.

A partir de uma “semente“ de beterraba podem nascer de duas a três plantas. Porém, existem no mercado sementes denominadas monogérmicas, que originam apenas uma planta por semente.

De maneira geral, a utilização de híbridos proporciona melhor produtividade, coloração interna intensa (ausência de anéis descoloridos), maior tolerância a variações climáticas, melhor flexibilidade de colheita, pois demora mais para passar do ponto de colheita, raízes mais arredondadas e uniformes, levando a uma melhor classificação no lavador, com menor quantidade de refugos. Claro que estas vantagens dependem do híbrido e das condições de cultivo e clima.

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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