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Macacaporanga pode substituir pau-rosa?

 

Cristina AlediFelsemburgh

Professora adjunta da UFOPA

crisalefel@gmail.com

Lauro E. S. Barata

Professor visitante sênior, CAPES ““UFOPA

Katiane Araújo Lourido

Mestranda PG-RNA, UFOPA

Antonio Ozenilto de Sousa

Mestrando em Ciências Florestais da UFRA, Belém

Crédito Cristina AlediFelsemburgh
Crédito Cristina AlediFelsemburgh

Anibaparviflora (Meisn.) Mez, também conhecida como macacaporanga, que tem como sinonímia AnibafragansDuckeé, é uma espécie nativa da Amazônia pertencente à família Lauraceae, com ocorrência nos estados do Acre, Amazonas, Amapá e Pará (Flora do Brasil, 2016).

É uma espécie bastante confundida com o pau-rosa (Anibarosaeodora (Ducke)) por suas características morfológicas de difícil diferenciação. Devido à sua intensa exploração para produção de óleo essencial, o pau-rosa está classificado na categoria “em perigo“ (EN) de extinção, de acordo com a portaria n. 443 de dezembro de 2014 do Ministério do Meio Ambiente.

No extrativismo tradicional, para a obtenção do óleo, emprega-se a derrubada de toda a árvore e, consequentemente, a redução da população natural (May e Barata, 2004). No entanto, estudos mostram que o óleo da A. parviflora pode ser obtido a partir de suas folhas e galhos, apresentando, em média, de 30 a 50% de linalol(Tranchida, 2008; Maia e Andrade, 2009; Souza, 2011), mas o óleo também está presente em outras partes da planta, como flores e frutos (Pereira, 2012).

Espécies do gênero Aniba são bastante requisitadas por serem produtoras de óleos essenciais pela indústria de perfumaria como a A. parviflora e A. canelilla.Da mesma forma que o pau-rosa, a macacaporanga é uma espécie aromática, destacando-sepela produção de óleo essencial, cujo componente principal é o linalol, produto químico que pode ser transformado em um número de derivados de valor agregado para a indústria de fragrâncias (Maia eAndrade, 2009), e que tem ainda valor farmacológico e na produção de fitocosméticos.

Características

O óleo essencial desta planta é caracterizado por um aroma forte e agradável, de coloração amarela e cheiro amadeirado e apimentado (Pereira, 2012). Por apresentar estas características, tem sido vista erroneamente como uma espécie com potencial para ser utilizada em substituição ao pau-rosa. A análise olfativa e química mostra esta enorme diferenciação entre as espécies.

O óleo essencial desta planta pode ser obtido pelo método de hidrodestilação em aparelho Clevenger por um período de três horas após fervura. Para a extração de folhas e galhos o material é cortado e colocado em contato com a água destilada na proporção de 1:10 (m:v) para iniciar a extração (PEREIRA, 2012).

Nesse método, após fervura da água na qual o material vegetal está imerso, há a formação de vapor que arrasta os compostos voláteis do material. O vapor, resultante da mistura entre o óleo e a água, é condensado, ocorrendo seu resfriamento pelo condensador, e por serem imiscíveis, óleo e água (hidrolato) formam duas fases no tubo coletor (SARTOR, 2009).

Há, ainda, o método de extração do arraste a vapor, que é o mais usual.

Experimento

Em trabalho desenvolvido pela aluna de Mestrado do Programa de Recursos Naturais da Amazônia da UFOPA,Irislene Costa Pereira, foram quantificadas 100 g de folhas, caule, mudas e floresproporcionando um rendimento de 0,58 ml (0,87%), 1,36 ml (0,88%), 0,35 ml (5,76%) e 1,05 ml (9,57%), respectivamente.

O Linalol foi o composto majoritário do óleo essencial das folhas em ambos os períodos, predominando nas flores (50,94%).Apesar das flores e das mudas apresentarem maior rendimento, não seria interessante explorá-las para a extração do óleo, porque assim perderíamos os futuros plantios e também o recurso reprodutivo.

O trabalho mostrou ainda uma redução de 6,5% no teor de linalol no período chuvoso. Apesar dessapequena redução no rendimento do óleo no período chuvoso, nosso trabalho de fenologia desenvolvido em uma área de plantio na Fazenda experimental Curauá, pertencente à empresa Pematec (Peças e Materiais Tecnológicos para Indústria Automobilística), localizada no Km 26 da Rodovia Curuá-Una em Santarém (PA), mostrou que a maior produção de folhas maduras, bem como de folhas novas, ocorre exatamente no período chuvoso.

Notou-se, assim, que as podas para extração do óleo essencial devem ser realizadas durante o período chuvoso pela maior quantidade de folhas que podem estar sendo retiradas, pelo melhor brotamento e, consequentemente, pela recuperação mais rápida da planta como um todo.

Mais trabalhos

Em outros trabalhos desenvolvidos por nossa equipe na Universidade Federal do Oeste do Pará, observamos que, para a produção de mudas de macacaporanga, o crescimento inicial é favorecido pela utilização de um substrato contendo 40% de solo inerte e 60% de composto orgânico, adicionando ainda 25 g de NPK (4-14-8) em cada vaso, aliado ainda à utilização de um sombreamento de 50%, no qual a espécie apresenta maior número de folhas e teores de clorofila, tendo como consequência maiores taxas fotossintéticas, acarretando ainda na maior produção de massa seca e aumento no diâmetro e altura das plantas.

Já em condições naturais, a espécie apresenta melhores chances de regeneração sob a cobertura da mata, tolerando, inclusive, intensidades luminosas bastante reduzidas, em decorrência de um dossel fechado.

Além do sombreamento, observamos também que a espécie é tolerante ao alagamento, desenvolvendo estruturas morfológicas que permitem seu crescimento e desenvolvimento, dado importante para a região, considerando que durante o período chuvoso algumas áreas ficam sujeitas ao alagamento por até sete meses a cada ano.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro/outubro 2016  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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