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E como produzir o repolho crespo?

 

Luiz Fernando Favarato

Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador em Fitotecnia/Manejo Olerícolas

lffavarato@gmail.com

 

As opções em repolho crespo atendem os mais diversos nichos de mercado - Crédito Bejo Sementes
As opções em repolho crespo atendem os mais diversos nichos de mercado – Crédito Bejo Sementes

Taxonomicamente, existem duas espécies de repolho – o repolho liso, denominado de Brassicaoleracea L. var.capitata L., de maior expressão comercial no Brasil, e o repolho crespo Brassicaoleracea L. var. sabauda Martens.

O mercado consumidor, no caso do repolho crespo, é restrito a restaurantes e estabelecimentos que trabalham com a denominada culinária gourmet. Isto se deve ao fato de o repolho crespo ser tratado como exótico, dadas as características morfológicas de suas folhas. Tais características propiciam um aspecto sofisticado aos pratos preparados com este ingrediente.

 

Por onde começar

O cultivo do repolho crespo não apresenta nenhum segredo. O manejo adotado para sua produção é o mesmo utilizado para o repolho liso. Desta forma, inicia-se com o planejamento do produtor rural, tomando a decisão de qual mercado e época pretende-se comercializar o produto.

O próximo passo é providenciar as mudas que irão para o campo, sendo que nesta fase o produtor pode optar por fazer suas mudas ou buscar junto ao comércio local uma empresa idônea para aquisição delas.

As mudas podem ser produzidas em canteiros ou recipientes, com gasto em torno de 100 g de sementes para hectare da cultura. A semeadura em recipientes é a mais recomendada, por ser um método prático e assegurar maior uniformidade e melhor seleção das mudas.

Podem ser utilizadas bandejas de poliestireno (isopor) ou polipropileno (plástico), com substratos comerciais à base de vermiculita fertilizada, sendo recomendado para produtores que possuam estrutura coberta com plástico (estufa) e irrigação.O sistema permite um melhor aproveitamento do espaço e facilita o transporte das mudas até o local do transplantio.

As irrigações das mudas na sementeira devem ser realizadas duas vezes ao dia durante os primeiros 15 dias após a semeadura, e uma vez ao dia após este período e até o transplantio.

Aos 10 dias, após a germinação, recomenda-se aplicar 5 g/10 litros de água de molibdato de sódio e aos 10 e 20 dias, aplicar 20 g/10 litros de água de bórax. Deve-se fazer o controle de pulgões, traça ou broca-da-couve e manter a sementeira no limpo, eliminando-se manualmente as plantas daninhas.

O repolho crespo é comercializado em restaurantes de culinária gourmet - Crédito Ana Maria Diniz
O repolho crespo é comercializado em restaurantes de culinária gourmet – Crédito Ana Maria Diniz

As mudas

As mudas estarão aptas ao transplante no campo quando apresentarem de quatro a seis folhas definitivas, ou 10 a 15 cm de altura, no prazo de 25 a 30 dias após a semeadura.

 Enquanto as mudas estão sendo formadas, o produtor parte para a escolha da área, realizando a amostragem de solo para determinação das adubações e correção do solo, devendo optar por áreas bem ensolaradas, com boa disponibilidade de água e que não tenham sido cultivadas antes com outras brássicas, como couve, couve-flor e o próprio repolho.

O solo ideal deve ter textura média, ser solto, profundo e rico em matéria orgânica.

Preparo do solo

O preparo do solo pode ser feito realizando-se uma aração profunda (20 a 30 cm), aproveitando a ocasião para incorporação do calcário, caso seja recomendado, duas gradagens cruzadas para eliminar os torrões e uniformizar o terreno.

Após a gradagem, preparam-se as covas com 20 cm de profundidade, ou sulcos com 10 cm de profundidade, atentando-se para que as linhas de covas e os sulcos fiquem perpendiculares ao sentido da declividade do terreno.

O repolho crespo possuí folhas crespas e crocantes - Crédito Ana Maria Diniz
O repolho crespo possuí folhas crespas e crocantes – Crédito Ana Maria Diniz

Detalhes que fazem a diferença

Entre os muitos fatores que influenciam a produtividade e a qualidade do repolho está a densidade populacional, que interage com o ambiente de cultivo, os tratos culturais e as cultivares.

Na instalação da cultura, o espaçamento recomendado varia de 70 a 80 cm entre linhas e de 30 a 50 cm entre plantas, em fileiras simples. Contudo, quando se objetiva a colheita de repolhos menores é recomendado utilizar fileiras duplas, com 80 cm entre fileiras duplas, 30 cm entre as duas fileiras da dupla e 30 cm entre plantas, com disposição em triângulo, pois espaçamentos mais largos ocasionam a produção de repolhos maiores.

A cultura do repolho adapta-se à faixa de pH do solo entre 5,5 a 6,8, devendo a calagem elevar a saturação por bases a 70% e o pH a 6,5. O repolho necessita de altas doses de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), sendo a adubação recomendada conforme o resultado da análise de solo. Recomenda-se o uso de adubação orgânica com a aplicação de 20 a 50 t/ha de esterco de curral ou 10 a 20 t/ha de cama de aviário, aplicados diretamente nas covas de plantio.

Devido à suscetibilidade da cultura à deficiência de boro, recomenda-se pulverizar as folhas três vezes durante o ciclo, utilizando 10 g de ácido bórico em 10 litros de água, acrescentando-se espalhante adesivo.Além disso, aos 15 dias após o transplante das mudas pulveriza-se as plantas com 5 g de molibdato de sódio (ou de amônio) por 10 litros de água (acrescentar espalhante adesivo).

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Hortifrúti, edição de outubro 2016. Adquira a sua para leitura completa.

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