As formigas cortadeiras são as principais pragas dos reflorestamentos brasileiros, pois atacam intensamente e constantemente as plantas em qualquer fase de seu desenvolvimento, cortando suas folhas, flores, brotos e ramos finos, que são carregados para o interior de seus ninhos sob o solo, o que torna difícil o seu controle. Elas representam mais de 75% dos custos e do tempo gasto no controle de pragas florestais.
Experimentos demonstram que árvores de Eucalyptussaligna com 100% de desfolhamento deixaram de produzir 40,4% da madeira que deveriam produzir durante o ano seguinte à desfolha e que, ainda, árvores com uma redução de 50% de folhas deixaram de produzir 13,2% da madeira em relação à quelas não desfolhadas.
Árvores de Pinuscaribaea atacadas reduzem 12% no crescimento em altura e 17,4% em diâmetro, além de apresentar mortalidade média de 11,7%. Árvores de Eucalyptusgrandis, desfolhadas aos seis meses de idade, têm 99,3% de probabilidade de morrer, enquanto o crescimento em altura e diâmetro é reduzido em 31,7% e 25,1%, respectivamente, provocando uma redução de 61,6% na produção de madeira em relação às árvores não desfolhadas.
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Cuidados importantes
Segundo Suzane Viviane Pina da Silva, graduanda em Engenharia Florestal na UNESP – campus de Botucatu (SP) e presidente da Empresa Júnior de Consultoria Florestal – Conflor Jr, antes de iniciar o controle das formigas cortadeiras é necessário fazer o levantamento de todos os formigueiros na área em que será feito o plantio, e só depois começar o manejo.
“O controle é feito, normalmente, com iscas formicidas, podendo ser utilizados também outros métodos, como termonebulizadores. A isca tem como base o óleo essencial de laranja e inseticidas, e não matará as formigas imediatamente. As formigas levam as iscas para o interior do formigueiro, onde lambem a isca e vão passando de uma formiga para a outra (as formigas lambem umas às outras)“, destaca a especialista.
Recomendações
O formicida sempre deve ser aplicado ao lado do caminho das formigas, pois se o produto for colocado no caminho, elas desviarão e não o levarão para dentro do formigueiro.
Suzane Viviane informa que as formigas também seguem o ácido fórmico que é liberado pelas outras formigas (a formiga de trás segue o cheiro do ácido liberado pela formiga da frente) e assim não se deve atrapalhar o caminho delas.
“O formicida também sempre deverá ser aplicado antes das chuvas, pois se a isca molhar, o controle não será efetivo. A isca também não deve ter contato com a pele, e por isso não se pode aplicar com a mão, pois a formiga vai sentir um cheiro na isca, que não é natural, e como consequência não carregará o produto. Há algumas máquinas costais que possuem um gatilho para aplicar as iscas“, alerta.
Outra alternativa apontada por Suzane Viviane é o uso de porta-isca, que apesar de ser mais caro, é muito bom, porque resiste às chuvas, fazendo com que a isca permaneça por mais tempo no campo e tornando o controle mais eficiente.
Erros fatais
Os principais erros ao aplicar o formicida são:
ð Pegar a isca com a mão;
ð Não aplicar a quantidade adequada de isca, pois, quando se aplica menos, não haverá o controle e as formigas começarão a jogar as iscas para fora do formigueiro e com isso, não matará a rainha (o formigueiro só morre quando a rainha morre);
ð Não fazer o levantamento correto da área (deve-se mapear todos os formigueiros da área para ter o controle completo).
Alerta geral
Os danos causados por formigas cortadeiras são maiores em árvores de um a três anos de idade, sendo que um desfolhamento total retarda o crescimento da árvore, enquanto que dois ou três consecutivos, normalmente acarretam a sua morte.
Estudos mostram que a perda provocada por cinco formigueiros de Atta sexdens em plantios de Pinus spp. é de 14% no volume de madeira. Densidades maiores que 30 formigueiros/ha de Atta laevigata em plantios de Pinus caribaea com menos de 10 anos de idade podem reduzir mais de 50% da produção de madeira/ha. Estudos sobre eucalipto mostram que 0,87% é a perda anual no volume de madeira para cada 2,76 m2de sauveiro/ha.