Leandro Hahn
Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas na Estação Experimental de Caçador (SC)
MaickHemsing
Graduando em Agronomia – Universidade Federal de Santa Catarina
A pesquisa com Produção Integrada (PI) de Tomate no Brasil iniciou-se em 2004 na Estação Experimental da Epagri de Caçador, com o objetivo de conhecer e estabelecer detalhadamente cada uma das etapas do sistema de produção. Deste trabalho surgiu o Sistema de Produção Integrada de Tomate de Mesa, denominado Sispit, cujas normas de produção devem ser publicadas ainda neste ano.
Caçador é, atualmente,considerada a segunda região brasileira com maior produção de tomate tutorado.
Sistema de produção
O Sispit permite que os produtores tenham uma safra com maior qualidade, com incremento de produtividade, reduzindo os impactos ambientais e obtendo menores custos de produção.
Destacam-se como importantes resultados obtidos pela pesquisa do Sispit, um sistema de previsão e avisos de pragas e doenças para a aplicação de defensivos e um conjunto de informações sobre adubação e nutrição do tomate, permitindo à planta expressar todo o seu potencial produtivo.
Com relação à adubação, todo o trabalho se inicia pela adequada escolha do local e coleta de solo para análise quÃmica, ao menos seis meses antes do plantio. A partir do laudo de análise define-se a necessidade e qual o tipo de calcário a ser aplicado. Isso é importante porque a escolha do calcário poderá adequar a relação Ca:Mg na CTC de 3 a 5:1, tendo em vista ser o cálcio um elemento importante para a qualidade dos frutos.
Trato cultural
No Sispit, o solo é revolvido apenas na implantação da cultura da aveia. Nesta ocasião, aplica-se o calcário e, se os teores de fósforo na interpretação da análise do solo forem baixos ou muito baixos, já se aplica 50% da adubação fosfatada no plantio da aveia.
Após isso, realiza-se a semeadura da aveia, a qual fornecerá uma maior proteção ao solo e dificultará a emergência das plantas espontâneas, além de fornecer uma adubação verde.
Na época recomendada para o plantio das mudas de tomateiro, se a aveia está na fase de enchimento de grãos, o movimento de pessoas e máquinas é suficiente para acamar a aveia, não sendo necessária sua dessecação.
Abrem-se sulcos onde são aplicados os outros 50% da adubação fosfatada ou todo este elemento quando os teores na análise estão acima da classe média, além de 3 a 5 kg/ha de boro (B).
Nutrição
A aplicação de B é feita de forma preventiva para que não aconteçam distúrbios fisiológicos no fruto, como a “abertura do lóculo“. As doses de P podem variar de 300 a 1.000 kg/ha de P2O5, de acordo com a interpretação da análise de solo.
A fonte de P pode ser super triplo, super simples, adubo formulado ou outra, devendo-se levar em conta a necessidade da aplicação de outros elementos que geralmente estão presentes nestas fontes.
Nas condições da região de Caçador não se verifica resposta à aplicação de P em cobertura, não se recomendando esta prática, mesmo na amontoa, que está em desuso.
No plantio, recomenda-se também aplicar 10 e 5% da recomendação de N e K. O restante dos nutrientes é aplicado via fertirrigação a partir da terceira semana após o plantio das mudas. Alternativamente, pode-se aplicar todo o N e K em cobertura, porém, neste caso a aplicação deve iniciar já na primeira semana após o plantio.
Cada variedade tem sua curva de absorção de nutrientes específica, mas no geral, todas elas seguem um mesmo padrão,em que as quantidades de nutrientes aplicadaé menor no início e no fim do ciclo, tendo seu pico de aplicação durante o estágio reprodutivo.
As recomendações de adubação nitrogenada variam de 400 a 700 kg/ha de N, de acordo com os teores de matéria orgânica do solo, e as recomendações de K de 400 a 1.100 kg/ha para K2O, de acordo com a CTC do solo.
Adubação de cobertura
A adubação de cobertura é realizada via fertirrigação, distribuÃda em 14 aplicações semanais a partir da 3ª semana após o plantio. Para a principal cultivar da região, as doses de N seguem a proporção de: 2, 4, 6, 7, 9, 10, 10, 9, 8, 8, 5, 5, 4, e 3% por semana. Já as doses de K2O são distribuÃdas na proporção de 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 8,5, 9, 10, 10, 9,5, 9, e 7% por semana.