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Irrigação com tubos gotejadores subterrâneos em café

 

Aconteceu, nos últimos anos, uma demanda muito grande por gotejadores subterrâneos em lavouras de soja, algodão, feijão e café

Implantação do gotejo enterrado e lavoura após um ano da implantação do sistema - Fotos MasterGotas
Implantação do gotejo enterrado e lavoura após um ano da implantação do sistema – Fotos MasterGotas

O gotejo enterrado é uma irrigação invisível, que traz vantagens imensuráveis, muitas delas ainda desconhecidas pelo produtor. A irrigação por gotejamento é a entrega de água de maneira satisfatoriamente uniforme na lavoura, mas compreende uma série de outros benefícios que não são tão utilizados, como aplicação de adubos e de agroquímicos via água.

 Implantação do gotejo enterrado e lavoura após um ano da implantação do sistema - Fotos MasterGotas
Implantação do gotejo enterrado e lavoura após um ano da implantação do sistema – Fotos MasterGotas

No pivô e na aspersão, explica Guilherme Ferreira Souza, engenheiro agrícola, mestre em Irrigação e Drenagem, existem dois detalhes que são limitantes para o desenvolvimento do produto. “A aspersão tem um nível de uniformidade bem menor do que o gotejamento, com 80% de uniformidade, enquanto o gotejamento pode chegar a 98%. Considerando que o produtor está aproveitando o sistema para aplicar outros produtos solúveis, os quais possuem maior necessidade de investimento, a precisão dele tem que ser alta para viabilizar o projeto“, pontua.

Ainda segundo o profissional, a vantagem do sistema de gotejo subterrâneo é que, além da aplicação de água, ele agrega operações. “Essa é uma tendência para os produtores mais tecnificados, e em muitas propriedades já é uma realidade, especialmente devido à escassez e regulamentação do uso da água. Além do recurso hídrico,com a utilização do gotejo subterrâneo haverá uma economia muito grande de mão de obra, de mecanização e proteção ao meio ambiente, porque reduz consideravelmente a passagem de tratores na área (veículos de queima de combustível fóssil) e, por consequência, o custo de produção“, enumera Guilherme Ferreira.

Guilherme Ferreira Souza, mestre em Irrigação e Drenagem - Crédito Rivulis
Guilherme Ferreira Souza, mestre em Irrigação e Drenagem – Crédito Rivulis

É viável?

Entre as vantagens do gotejo subterrâneoestá que toda a água, nutriente e defensivo serão colocados diretamente na raiz da planta. “O principal macronutriente que usamos em nossas lavouras hoje é o nitrogênio, por meio da ureia, que tem custo mais acessível que outras fontes nitrogenadas, entretanto, é volátil. Ou seja,quando se programa uma dose de nitrogênio,o que chega à planta, na realidade, é menor, porque parte se perde no caminho. Aplicando via gotejo, o nitrogênio não se perde, porque colocamos a ureia na solução fluídica, que vai para o solo. Só nesse quesito a economia que o produtor faz é de 20%“, calcula o engenheiro agrícola.

 

Cuidados

São vários os cuidados e observações para garantir o bom funcionamento do sistema, e qualquer erropode custar caro para o produtor, podendo até inutilizar todo o sistema de irrigação dele.

1ºcuidado: não plantar o café com o gotejamento já subterrâneo. Geralmente o plantio de café é feito com sulcos e a terra é trabalhada para receber a muda,com isso, o solo fica desestruturado. Com a desestruturação do solo, a tendência da água é descer imediatamente. Assim, a distribuição da água abaixo do solo fica comprometida, já que a distribuição lateral e a elevação da água no solo faz com que a umidade atinja toda extensão da zona radicular.

Quando o solo está estruturado, várias tensões ocorrem em cada partícula de água aplicada. É isso que faz com que a umidade se distribua. Por isso, a indicação é que o gotejo seja enterrado após algum período de reestruturação natural do solo, geralmente com um ano após o plantio.

2º cuidado:Para implantar o tubo gotejadorsubterrâneo, é necessário uma máquina que corta o solo, enterrando a tubulação a uma profundidade de aproximadamente 15cm, dependendo da análise física do solo (quantidade de argila x areia). Trata-se de um equipamento bem simples, similar a um sulcador, e pode muitas vezes ser construído na própria fazenda.

3º cuidado:a distância adequada da mangueira e do pé de café é de 20cm.Enterrar o gotejo, na cafeicultura, é uma necessidade para que ostubos gotejadores não atrapalhem nos tratos culturais, o que é comum na região doCerrado, onde acontece a colheita mecanizada e em seguida o recolhimento mecanizado, além das capinas.

Investimento

O investimento necessário para implantação do gotejo subterrâneo é exatamente o mesmo do gotejo superficial. Entretanto, Guilherme Ferreira lembra que o produtor deve acompanhar de perto o sistema, porque, caso haja algum entupimento, este não será visto facilmente, e o prejuízos podem aparecer somente um ano depois.

“Em média, 50% do preço de um projeto de irrigação são para os tubos gotejadores, e a outra metade são bombas, filtros e PVC.Temos situações em que mais de 20% dos tubos gotejadores são danificados de um ano para outro, o que corresponde a 10% de reposição do projeto de irrigação todo ano. Se o projeto custou R$ 100 mil, a reposição anual é de R$ 10 mil, que deixa de existir se o sistema for enterrado“, compara o engenheiro agrícola.

O gotejo enterrado desenvolve melhor a raiz - Crédito Daniel Vieira
O gotejo enterrado desenvolve melhor a raiz – Crédito Daniel Vieira

Mais produtividade

Quanto ao ganho de produtividade, é mais visível em lavouras que trabalham com alta tecnologia, especialmente na cafeicultura. “Comparando o gotejo enterrado com o superficial, sabemos que a água nesse último só tem um caminho, para baixo. Quando o gotejo está enterrado, a água tem outros caminhos – a ascensão da umidade pela tensão matricial do solo, e temos que pensar em que profundidade e largura queremos colocar essa umidade.Isso é importante porque possibilita colocar os nutrientes nas regiões prioritárias“, explica Guilherme Ferreira.

O sistema radicular de um pé de café pode atingir até dois metros, mas em 40 cm estão 80% dele. Por isso é interessante que a umidade fique nessa profundidade.

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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