São milhares os apreciadores de açaí espalhados pelo Brasil, América do Norte, Europa e Ásia. A produção brasileira de extrativismo e de cultivo dessa fruta exótica está concentrada na região Amazônica, tendo à frente da produção o Pará, mas o Amazonas, Maranhão, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima também colhem a fruta. A cadeia produtiva é formada, em sua maioria, por pequenos agricultores ribeirinhos.
Atentos ao mercado promissor do fruto, vários “˜points de açaí’ são abertos diariamente em todo o Brasil, especialmente na era da “˜geração saúde’, que busca alimentos mais saudáveis e ricos em energia, como essa fruta.
Na Amazônia, a polpa roxa do açaí é mais consumida com farinha de mandioca, peixe assado ou camarão. Em outras regiões, costuma ser servida gelada em tigelas, misturada a outros ingredientes, como banana, granola e xarope de guaraná. Do seu caldo também são feitos sorvete, creme e geleia, entre outras receitas.
O fruto pequeno e redondo é colhido em palmeiras, conhecidas como açaizeiros, que podem chegar a 30 metros de altura. A espécie é nativa de regiões que alagam diariamente, por causa das marés ou da proximidade de rios e igarapés. Com o aumento do consumo, suas raízes passaram a ser manejadas, na década de 1990, e hoje a planta é cultivada em áreas não alagadas.
Só no território paraense, a cultura do açaí empega, direta e indiretamente, cerca de 250 mil pessoas, segundo o gerente de Fruticultura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará (Sedap), Geraldo Tavares. A fruta ocupa áreas onde também há buritis e a andirobas.
Importância econômica
Em 2015, só o Pará colheu mais de 1 milhão de toneladas de açaí em uma área extrativista e cultivada de 154.486 hectares. A venda dos frutos injetou cerca de R$ 1,8 bilhão na economia em um ano. Geraldo Tavares estima que pelo menos 300 mil toneladas sejam consumidas por ano na região metropolitana de Belém.
Consumo e exportação
Com a ampla divulgação de seus benefícios para a saúde, a procura pelo suco do açaí tem crescido acima da oferta. “A cada ano aumenta 15%, contra 5% do incremento da produção“, comenta João Tomé de Farias Neto, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.
Para atender a demanda, a Sedap criou o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Açaí no Estado do Pará (Pró Açaí). O órgão do governo paraense espera que a área cultivada com a fruta seja ampliada em 50 mil hectares até 2020.
Não é só a polpa de açaí que garante renda aos ribeirinhos no baixo Rio Tocantins. O palmito, que fica na parte mais alta do açaizeiro, é retirado ao fim da safra e vendido às empresas locais. Também é possível extrair o óleo do açaí, e os caroços podem ser utilizados para a produção de fitoterápicos, ração animal e adubo orgânico.
Além do mercado interno, a fruta também é consumida em outros países. Em 2015, o Pará exportou mais de seis mil toneladas do mix de açaí (mistura da fruta com banana e guaraná) para os Estados Unidos e Japão, o equivalente a US$ 22,6 milhões.
Os mercados norte-americano e japonês são o destino de 90% das exportações de açaí. Os outros 10% são comprados pela Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Angola, Austrália, Canadá, Chile, China, Cingapura, Emirados Árabes, França, Israel, Nova Zelândia, Peru, Porto Rico, Portugal e Taiwan.