Estudo da Codevasf com Funed deverá culminar com registro e certificação do produto como substância exclusiva do ecossistema norte-mineiro
O mel de melato de aroeira, uma substância encontrada exclusivamente no ecossistema Mata Seca, no norte e noroeste de Minas Gerais, será um dos assuntos de destaque do 13º Seminário de Apicultura do Norte de Minas, evento que a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do ParnaÃba (Codevasf), a Emater/MG, o Sebrae/MG e o Senar/MG realizarão nesta quinta (06), no auditório da Sociedade Rural de Montes Claros, situado no Parque de Exposições João Alencar Athayde.
Esse tipo de mel não é obtido a partir do néctar das flores. A produção se dá de forma diferenciada: devido à escassez de flores durante a seca, as abelhas utilizam o néctar da aroeira e o melato, um líquido doce resultante do processamento da seiva da planta por insetos (pulgões e cochonilhas), os quais adicionam enzimas específicas e modificam os açúcares do mel. Este, ao contrário do mel convencional, possui uma coloração escura, é menos adocicado e não cristaliza.
Em parceria com a Codevasf, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) realizou uma pesquisa a fim de estudar os aspectos biológicos, ambientais e a associação entre as abelhas da espécie Apis mellifera e os homópteros (pulgões) para elucidar o ciclo de produção desse mel. Todo esse estudo visa à obtenção do registro da Indicação Geográfica junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), de forma a atestar que o mel de melato de aroeira é uma substância exclusiva daquela região de Mata Seca.
As ações incluÃram visitas a 57 municípios da Mata Seca mineira para identificação dos apicultores, coleta de amostras do mel e solo, estudos botânicos e físico-químicos do mel e análise do solo da região. “A pesquisa já evoluiu, e estamos praticamente concluindo a análise dos dados pra montar o processo de certificação da denominação de origem do mel. Primeiro, temos que publicar todos os trabalhos que foram feitos em revistas científicas e daà montar o processo para dar entrada junto ao INPI. A minha expectativa é que até janeiro já esteja no INPI“, explica a diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Funed, Esther Bastos.
Mercado
Por apresentar uma coloração escura, o mel de aroeira não possuÃa uma boa aceitação entre os consumidores brasileiros, apesar de ser bastante apreciado na Europa. Entretanto, de acordo com Alex Demier, chefe da Unidade de Desenvolvimento Territorial da Codevasf em Minas Gerais, a partir da divulgação das pesquisas com o mel de melato, o cenário mudou e a substância está sendo cada vez mais reconhecida e valorizada.
“O mel de aroeira é produzido apenas durante 45 dias por ano, entre os meses de junho e julho, que marcam o auge da seca aqui na região. Então, ele tem sido uma oportunidade de renda justamente nesse período em que os agricultores familiares não estão produzindo nada. Por ser um mel escuro, antes ele não tinha valor comercial, e hoje, muitos até preferem esse tipo de mel. Com a certificação pelo INPI, teremos ainda mais agregação de valor ao produto“, explica Demier.
A pesquisadora da Funed, Esther Bastos, lembra outro diferencial do mel de aroeira: “Ele é potencialmente medicinal, pois tem uma atividade antimicrobiana muito grande. Com isso, os produtores podem se lançar em novos mercados, principalmente na Europa“.
Na avaliação do presidente da Cooperação dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi), Luciano Fernandes, a obtenção do registro da Indicação Geográfica trará, ainda, outros benefícios. “Primeiro, é a valorização da mata e a preservação da aroeira, pelo fato desse mel ser típico da região. Teremos também a valorização do apicultor, que vai poder aumentar a produção e fracionar o produto, além do turismo e de toda a cadeia produtiva do mel“, acrescenta. A cooperativa possui sede no município de Bocaiuva e abrange, atualmente, 167 membros oriundos de todo o Norte de Minas. De acordo com Fernandes, em média, a produção de mel de melato na região é de cerca de 100 toneladas ao ano.
Apicultura em debate
Durante o 13º Seminário de Apicultura do Norte de Minas, cujo público esperado é de mais de 400 participantes, serão discutidas as potencialidades da apicultura no semiárido norte-mineiro, a organização da cadeia produtiva e a diversidade dos méis produzidos.
Com início previsto para as 8h e encerramento às 18h, consta da programação do encontro a palestra Sistema de Produção de Apicultor com 600 Colmeias, que será proferida pelo produtor Nardely Ramos de Carvalho, da Associação Regional de Apicultores e Exportadores do Vale do Aço. Experiência da Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de SimplÃcio Mendes (PI) será o tema abordado pelo apicultor Paulo José da Silva.
No período da tarde, com o tema Experiências de Indicações Geográficas no Estado de Minas Gerais, falarão o consultor Nivaldo Gonçalves das Neves, da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas, MaÃra Freixinho, do INPI, e Esther Bastos, da Funed.
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